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O podcast Ambiente é o Meio desta semana conversa com Rodrigo Leão de Moura, biólogo e professor do Instituto de Biologia da Universidade Federal do Rio de Janeiro. O tema é a complexidade e relevância da costa amazônica, região pouco conhecida pela ciência brasileira.
A costa amazônica, como explica Moura, é uma vasta área de plataforma continental, relativamente rasa e muito extensa, que recebe a maior descarga fluvial do planeta. De acordo com o biólogo, “20% da água doce de rios que chega no oceano, em todo o mundo, chega através daquela região”. Da mesma forma que entra muita água doce, entram também outros nutrientes carregados pela drenagem da bacia amazônica, explica. Esses nutrientes, adianta o pesquisador, enriquecem a produção feita pelo plâncton, o que torna a área muito produtiva e com muita oferta de comida.
No entanto, apesar de ser uma das regiões mais piscosas do Brasil, a costa amazônica ainda é pouco conhecida, o que dificulta a adoção de “medidas concretas para gestão sustentável dos recursos pesqueiros”, informa Moura.
Como nas últimas décadas houve um fortalecimento da capacidade científica brasileira na região, é possível saber que, hoje, “existem dezenas de milhares de pessoas que dependem da cadeia produtiva da pesca”. Mas, a produção não é conhecida, diz o biólogo, porque “o Brasil, há mais de uma década, não faz estatísticas pesqueiras”.
Mas a atividade pesqueira não é a única que coloca a região em risco. Recentemente, atividades como a mineração de calcário e extração de petróleo também ameaçam a costa amazônica. Segundo o professor, é “uma região que, não bastasse a falta de gestão e a crescente pressão por vários setores, também está sob risco de se tornar alvo da exploração de petróleo, sem que se saiba se isso é possível de ser feito dentro dos critérios ambientais desejados”.
Moura salienta que, mesmo com pouco conhecimento, já é possível definir políticas públicas para a região. “O conhecimento que nós temos hoje sobre a região da Foz do Amazonas já é suficiente para o estabelecimento de algumas medidas. É preciso ampliar, por exemplo, a rede de áreas de proteção de uma maneira custo-efetiva.” Acrescenta também ser possível identificar áreas importantes que “deveriam ter partes, frações destinadas à proteção integral ou mesmo ao uso sustentável dos recursos naturais, na forma de Unidade de Conservação”.