
Nesta semana, o Ambiente é o Meio entrevista Rosana Louro Ferreira Silva, professora do Instituto de Biociências da USP, para falar sobre o projeto desenvolvido por seu grupo de pesquisa em conjunto com a Fundação Florestal e as unidades de conservação ambiental do Estado de São Paulo.
A professora conta como foram procurados pela Coordenação de Educação Ambiental da Fundação Florestal (entidade do governo estadual responsável pelas unidades de conservação) para trabalhar a formação de monitores e gestores dessas áreas protegidas. O projeto integrou ainda o programa Biota/Fapesp, foi desenvolvido em quatro dessas unidades de conservação e seus resultados viraram livro. Educação Ambiental em Unidades de Conservação: Fundamentos e Práticas, lançado recentemente, pode ser acessado gratuitamente.
Sobre seu trabalho, Rosana afirma que foi oportunidade de investigar o potencial das unidades de conservação no que chama de “construção colaborativa” e também do papel que desempenham no uso da “educomunicação para a ciência cidadã”.
A equipe de Rosana e da Fundação Florestal puderam investigar os processos da “pesquisa participativa” que se dão, de acordo com a professora, com o envolvimento de todos os atores, dos pesquisadores até a sociedade. Entre os resultados do projeto, verificaram que “falta profissionalização dos monitores ambientais”, com uma carreira, mas também falta educação da sociedade.
Para atingir a sustentabilidade ambiental, “há muito a ser feito e investigado sobre os processos educativos”, diz a professora, já que “nossa comunidade não está acostumada a participar”. Rosana lembra que as unidades de conservação ambiental possuem características legais, previstas na Constituição Federal, como os conselhos gestores que devem ser constituídos de técnicos e especialistas, mas também de membros da comunidade que “nem sempre foram formados para participar”.
Para a professora, os brasileiros, como sociedade, não são formados para ter educação ambiental, que exige “formar para participar” e “participar não é algo que todo mundo sabe; a gente tem uma dificuldade enorme de ouvir o contraditório, de compreender os outros cenários, de lidar com opiniões diversificadas, de manifestar nossa opinião.”
Nesse sentido, Rosana lembra a importância da articulação entre universidade e comunidade para a produção de conhecimento. “Porque as pessoas precisam perceber que estão participando de uma construção coletiva, de algo que representa o direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado.”
Ambiente é o Meio