“Série Energia”: O que há em comum no complexo sistema energético do Chile e do Brasil

Quando se fala de transmissão e distribuição, os desafios são similares mesmo com grandes diferenças geográficas

 23/08/2024 - Publicado há 3 meses
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Imagem mostra mapa da América do Sul, com pino e bandeira afixados nos países Brasil e Chile e uma torre de transmissão de energia
Fotomontagem Jornal da USP feita com imagens de Freepik, brgfx/Freepik e Clauber Cleber Caetano-PR/via Wikimedia Commons
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Na Série Energia de hoje vamos explorar a distribuição e transmissão de energia no Chile e no Brasil, comparando as oportunidades, desafios e dimensões desses sistemas. A transição energética é um tema central na atualidade e entender como diferentes países gerenciam suas redes de energia pode fornecer insights valiosos para a construção de um futuro energético mais sustentável e eficiente.

O Brasil, com sua vasta extensão territorial e recursos naturais abundantes, possui um sistema elétrico diversificado e robusto. A matriz energética brasileira é predominantemente composta de fontes renováveis, sendo a hidrelétrica a principal delas, responsável por cerca de 60% da geração de energia elétrica do País. No entanto, essa dependência de hidrelétricas também expõe o Brasil a vulnerabilidades, como secas prolongadas e mudanças climáticas que podem afetar os reservatórios. A transmissão de energia no Brasil é realizada por uma extensa rede de linhas de alta tensão que conectam as regiões Norte, Nordeste, Sudeste, Sul e Centro-Oeste, garantindo a distribuição de energia para áreas remotas e urbanas.

O Chile, por sua vez, apresenta um cenário energético distinto, marcado por sua geografia desafiadora e menor extensão territorial. O país tem investido significativamente em energias renováveis, especialmente solar e eólica, aproveitando suas condições climáticas favoráveis. A matriz energética chilena é mais diversificada em termos de fontes renováveis, com a energia solar representando uma parcela significativa da geração elétrica. A rede de transmissão do Chile, que se estende de norte a sul ao longo de seu longo e estreito território, enfrenta desafios únicos, como a integração de energias renováveis intermitentes e a necessidade de expandir a infraestrutura para atender à crescente demanda energética.

Comparando as oportunidades nos dois países, o Brasil tem um grande potencial para expandir sua capacidade de geração de energia renovável, especialmente em fontes como solar, eólica e biomassa. A diversificação da matriz energética pode reduzir a dependência das hidrelétricas e aumentar a resiliência do sistema energético. O desenvolvimento de novas tecnologias de armazenamento de energia e a modernização da rede de transmissão são fundamentais para melhorar a eficiência e a estabilidade do sistema elétrico brasileiro. Além disso, a interconexão com outros países da América do Sul pode abrir novas possibilidades para o comércio de energia e a colaboração regional.

No Chile, as oportunidades estão concentradas na expansão das energias solar e eólica, aproveitando as condições climáticas favoráveis do deserto de Atacama e das regiões costeiras. A descentralização da geração de energia e a integração de tecnologias inteligentes de rede podem aumentar a eficiência e a resiliência do sistema elétrico chileno. A transmissão de energia de norte a sul, ao longo de uma distância de mais de 4.300 km, é um desafio logístico e técnico significativo, mas também uma oportunidade para implementar soluções inovadoras de gerenciamento de rede. O país também tem a oportunidade de se tornar um líder na produção de hidrogênio verde, utilizando energia renovável para a eletrólise da água, o que poderia posicionar o Chile como um exportador de energia limpa.

Os desafios para ambos os países são significativos. No Brasil, a manutenção e a expansão da infraestrutura de transmissão são cruciais para garantir a distribuição eficiente de energia, especialmente em regiões distantes e menos desenvolvidas. A integração de fontes renováveis intermitentes, como solar e eólica, exige investimentos em tecnologias de armazenamento e na modernização da rede elétrica. No Chile, a integração de uma quantidade crescente de energias renováveis intermitentes apresenta desafios técnicos e econômicos, além da necessidade de expansão da infraestrutura de transmissão para novas regiões de geração. A transmissão de energia ao longo de seu extenso território requer soluções avançadas de engenharia para garantir a eficiência e a confiabilidade do sistema.

A transição energética é um processo complexo e multifacetado, e tanto o Brasil quanto o Chile têm muito a ganhar com a troca de experiências e a colaboração em projetos de energia limpa e sustentável. A diversidade de seus recursos naturais e desafios geográficos oferecem uma oportunidade única para explorar soluções inovadoras e adaptáveis. Ao promover políticas públicas que incentivem investimentos em tecnologias limpas e a pesquisa e desenvolvimento de novas soluções energéticas, ambos os países podem liderar a transformação para um futuro energético mais sustentável e resiliente.

Em conclusão, a comparação entre os sistemas de distribuição e transmissão de energia no Chile e no Brasil revela uma rica tapeçaria de oportunidades e desafios. A troca de conhecimentos e a colaboração entre esses países podem acelerar a transição energética e garantir um fornecimento de energia seguro, sustentável e eficiente para as gerações futuras. Por hoje é só e até o próximo episódio.

 


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