USP homenageia personalidades que lutam pelos direitos humanos

O Prêmio USP de Direitos Humanos foi concedido à socióloga Eva Blay e à Faculdade Zumbi dos Palmares

 28/11/2019 - Publicado há 5 anos     Atualizado: 29/11/2019 às 17:23
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[A partir da esquerda] A professora Eva Blay; o reitor da USP, Vahan Agopyan; o reitor da Faculdade Zumbi dos Palmares, José Vicente; o presidente da Comissão de Direitos Humanos da USP, José Gregori – Foto: Cecília Bastos/USP Imagem
Em sua 16ª edição, o Prêmio USP de Direitos Humanos homenageou a professora aposentada da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH), Eva Alterman Blay, e a Faculdade Zumbi dos Palmares, representada pelo seu reitor José Vicente.

“Neste ano, a Comissão de Direitos Humanos decidiu por não fazer uma escolha tradicional e homenagear duas pessoas que enfrentam os problemas que angustiam, que afligem toda a sociedade brasileira. A pauta dos direitos humanos é fundamental e sem ela sobram apenas os espaços para a irracionalidade. Não vejo a possibilidade de o Brasil enfrentar os problemas que devem ser enfrentados se ignorar os direitos humanos”, explicou o presidente da Comissão, José Gregori.

A professora Maria Hermínia Tavares de Almeida fez a saudação à homenageada Eva Blay, e a professora Eunice Aparecida de Jesus Prudente foi a responsável pela saudação à Faculdade Zumbi dos Palmares.

O reitor ressaltou que “estamos homenageando duas personalidades que, além de defenderem os direitos humanos, executam e colocam em prática os seus ideais. A professora Eva Blay é conhecida por sua carreira acadêmica e política, mas em 2016 assumiu a implantação do Escritório USP Mulheres, iniciativa que mudou o comportamento da comunidade uspiana em relação à questão de gênero, reduzindo a violência e criando um ambiente de reflexão”.

“A USP tem autonomia e não depende de imposições ideológicas, mas faz parte da sociedade e é influenciada pelas mudanças de comportamento. A Universidade é, na América Latina, um dos berços da inovação e dos comportamentos democráticos, onde aprendemos e ensinamos a combater a violência de gênero. Não podemos interromper esse inovador processo de aprendizado e ensino, mesmo que à revelia dos que interpretam confusamente o significado de gênero”, afirmou Eva Blay em seu discurso.

Luta pela inclusão

A homenageada na categoria institucional foi a Faculdade Zumbi dos Palmares, criada em 2003 pela organização não governamental Afrobras – Sociedade Afro-Brasileira de Desenvolvimento Sociocultural.

“A Faculdade Zumbi dos Palmares não é apenas uma faculdade, é uma instituição que se preocupa em agregar valor e garantir a inclusão de seus alunos no mercado de trabalho. É uma instituição incrível, que se confunde com o trabalho de seu reitor, José Vicente”, lembrou Agopyan.

A cerimônia de entrega do 16º Prêmio USP de Direitos Humanos foi realizada no dia 27 de novembro, na Sala do Conselho Universitário – Foto: Cecília Bastos/USP Imagem

Localizada na cidade de São Paulo, a instituição não tem fins lucrativos e oferece cursos de Administração, Direito, Gestão de Recursos Humanos, Gestão de Segurança Privada, Logística, Pedagogia, Publicidade e Propaganda, Segurança da Informação e Tecnólogo em Transportes Terrestres, todos noturnos. Reúne cerca de 1.800 estudantes, dos quais quase 90% autodeclarados como afrodescendentes.

O reitor da Faculdade, José Vicente, iniciou seu discurso saudando o líder quilombola Zumbi: “Essa é uma forma de lembrar que só estamos aqui porque antes de nós houve muitos Zumbis que construíram as pontes e abriram os caminhos. Foram os negros brasileiros, em seus quilombos, os primeiros a construírem um caminho de um Estado e de uma nação alternativa, estruturada com base em valores que nós defendemos hoje: a liberdade, a dignidade, a igualdade, a fraternidade”.

“Nesses 15 anos de existência, com muita humildade e alegria, sentimos que estamos atingindo os propósitos que nos levaram a criar a Faculdade Zumbi dos Palmares, estamos fazendo valer o desafio e cumprindo a parte que nos compete enquanto cidadãos brasileiros para construir um caminho alternativo, que valorize e destaque a trajetória do negro no nosso País. A diversidade é nossa, ela nos diferencia, ela nos fortalece, ela nos faz melhores”, afirmou Vicente.

A cerimônia de entrega do prêmio foi realizada no dia 27 de novembro, na Sala do Conselho Universitário, e contou com a presença do titular da cátedra José Bonifácio, Luis Enrique García; do ex-reitor Jacques Marcovitch; da pró-reitora de Cultura e Extensão Universitária, Maria Aparecida de Andrade Moreira Machado; do pró-reitor de Graduação, Edmund Chada Baracat; além de dirigentes, pesquisadores e estudantes.

Prêmio USP de Direitos Humanos

O Prêmio USP de Direitos Humanos foi criado pela Comissão de Direitos Humanos da Universidade em 2000, com o objetivo de identificar e homenagear pessoas e instituições que, por suas atividades exemplares, tenham contribuído significativamente para a difusão, disseminação e divulgação dos direitos humanos no Brasil.

Em 2018, o prêmio foi concedido ao antropólogo e professor da FFLCH, Kabengele Munanga, que desenvolveu pesquisas nas áreas de Antropologia da África e da População Afro-Brasileira. O médico oncologista e escritor Drauzio Varella recebeu a homenagem em 2016, e o cientista político Paulo Sergio Pinheiro, em 2014.

A Comissão de Direitos Humanos da USP é presidida pelo ex-ministro da Justiça, José Gregori, e formada pelos professores Maria Hermínia Tavares de Almeida e Pedro Bohomoletz de Abreu Dallari (Instituto de Relações Internacionais), Ricardo Alexino Ferreira e Vitor Souza Lima Blotta (Escola de Comunicações e Artes), Eunice Aparecida de Jesus Prudente (Faculdade de Direito), Taís Gasparian (Instituto de Estudos Avançados), Paulo Santos de Almeida (Escola de Artes, Ciências e Humanidades), Gustavo Gonçalves Ungaro (Ouvidoria Geral do Estado de São Paulo), Júlio César Botelho (Ministério Público de São Paulo), Egídio Lima Dorea (representante dos funcionários) e Juliana Barbosa de Souza Godoy (representante dos alunos).


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