Na quinta entrevista da série sobre os objetivos estratégicos da USP, o pró-reitor de Pós-Graduação, Rodrigo Calado, falou sobre os objetivos estratégicos específicos da sua pró-reitoria, que priorizam uma atuação mais voltada para questões de interesse da sociedade e para a formação de qualidade de mestres e doutores.
Os 12 objetivos estratégicos da USP, apresentados no Conselho Universitário do dia 20 de agosto, abrangem as atividades-fim da Universidade – graduação, pós-graduação, pesquisa e inovação, cultura e extensão universitária e inclusão e pertencimento – e a gestão administrativa. Além dos objetivos gerais, também foram definidos os dez objetivos estratégicos para cada uma dessas áreas.
Até o final deste ano, as pró-reitorias e a Coordenadoria de Administração Geral (Codage) deverão apresentar as metas definidas, o plano de ação para atingir essas metas e quais serão os indicadores utilizados para mensurar o desenvolvimento desses objetivos, que deverão ser implementados até o final de 2025.
A construção dos objetivos estratégicos, tanto gerais quanto específicos, faz parte do Projeto Missão, Visão, Valores, Objetivos e Metas para Pró-Reitorias e Gestão.
Jornal da USP – Como foi o processo de levantamento dos objetivos estratégicos da Pró-Reitoria de Pós-Graduação (PRPG)?
Rodrigo Calado – O processo foi coordenado pelo Gabinete do Reitor e pela Codage, que trabalharam diretamente com as pessoas que atuam no âmbito da pós-graduação, dentro e fora da Universidade, para entender quais são as expectativas de discentes, docentes, entidades de fomento, entidades profissionais e acadêmicas. A partir daí, foi elaborada uma lista com potenciais demandas para a nossa pós-graduação.
Esse material foi amplamente discutido em um workshop realizado no campus de Pirassununga, que reuniu dirigentes, diretores, presidentes das Comissões de Pós-Graduação e pesquisadores para avaliar cada uma dessas demandas, entender como se relacionavam às nossas competências, definir as prioridades e os nossos objetivos estratégicos.
No final desse processo, conseguimos concatenar as demandas e expectativas que a sociedade tem em relação à pós-graduação, articulando-as com nossos esforços e competências para que os objetivos possam ser atingidos da melhor forma possível.
Jornal da USP – Quais são as competências da PRPG?
Calado – O projeto MVV fez uma lista de competências que seriam atribuídas à Pró-Reitoria de Pós-Graduação. Desse levantamento, podemos elencar como principais a implantação de políticas de formação de recursos humanos como mestres e doutores; a facilitação de parcerias com diversos setores da sociedade; a integração interdisciplinar da nossa pós-graduação; a captação de recursos para financiamento de projetos; o intercâmbio nacional e internacional da pós-graduação; e o incentivo ao cumprimento de padrões éticos em pesquisa e práticas acadêmicas.
Jornal da USP – E quem são os stakeholders, ou seja, as partes interessadas da Pró-Reitoria de Pós-Graduação?
Calado – Podemos dizer que, na pós-graduação, temos três grandes grupos de stakeholders. O primeiro grupo é de estudantes e potenciais estudantes de mestrado ou doutorado, que são as pessoas interessadas em ingressar em um curso de pós-graduação. Esse grupo é primordial porque são eles os diretamente impactados pelas nossas iniciativas.
Outro grupo são as agências de fomento – em especial a Capes e a Fapesp –, porque impactam diretamente todo o processo de pós-graduação tanto nacional quanto estadualmente. Por fim, temos também aqueles que, potencialmente, empregam nossos mestres e doutores, ou seja, instituições de ensino superior, institutos de pesquisa, o setor público, que tem carência e necessidade de profissionais qualificados para impulsionar o desenvolvimento tecnológico, e setores da iniciativa privada que atuam na área de pesquisa e inovação.
Pró-Reitoria de Pós-Graduação
Objetivos Estratégicos
Jornal da USP – Quais são as principais considerações sobre os dez objetivos estratégicos definidos para a Pró-Reitoria de Pós-Graduação?
Calado – Dos dez objetivos estratégicos definidos para a PRPG, dois são principais e integram os objetivos de toda a Universidade: fortalecer o engajamento da pós-graduação em questões de interesse da sociedade; e ampliar o engajamento da pós-graduação nacional e internacionalmente para o aprimoramento da formação de mestres e doutores. De uma certa forma, eles podem ser considerados uma síntese de todos os nossos objetivos.
O primeiro objetivo estratégico é engajar a nossa pós-graduação a questões de interesse da sociedade, em especial, por meio dos 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da ONU. A pós-graduação da USP precisa se manter sempre próxima da sociedade e entender quais são seus anseios. O motor principal de qualquer cientista é a curiosidade, é entender como o mundo funciona, e é papel da Pró-Reitoria direcionar essa curiosidade para que ela possa se transformar em conhecimento e contribuir para melhorar a vida das pessoas.
Dentro desse processo, definimos os ODS como os parâmetros para orientar os programas de pós-graduação, respeitando as características de cada Unidade.
Já o segundo objetivo estratégico determina uma integração maior dos nossos programas com outras universidades, brasileiras e estrangeiras, a fim de melhorar a qualidade da formação de nossos estudantes e, consequentemente, da ciência que eles produzem.
Jornal da USP – Que ações a Pró-Reitoria de Pós-Graduação já vem desenvolvendo para alcançar esses objetivos?
Calado – Agora estamos na fase de estabelecer metas, indicadores e um plano de ação que deverá ser apresentado no Conselho Universitário até o final do ano. Entretanto, podemos dizer que muitas das nossas iniciativas já levam em conta a necessidade de ampliarmos a interação com a sociedade. Por exemplo, estamos implantando uma grande mudança no modelo de pós-graduação – em especial, dos programas notas 6 e 7 da Capes – para que possamos aperfeiçoar a qualidade da formação de mestres e doutores, com habilidades e competências ampliadas e que atendam às expectativas das universidades, empresas e do setor público.
O segundo ponto é que estamos trabalhando para intensificar a colaboração tanto nacional quanto internacional, fechando acordos de dupla titulação e acordos de intercâmbio de estudantes e docentes, unindo esforços com universidades brasileiras com características complementares às nossas e também parcerias com o setor produtivo, dando uma perspectiva de atuação diferente a nossos estudantes.
