O prêmio é uma das ações adotadas pela Pró-Reitoria de Pesquisa com o objetivo de mudar as diretrizes da pesquisa na Universidade e incentivar a qualidade dos artigos publicados
A Pró-Reitoria de Pesquisa lançou, no mês de julho, o edital do Prêmio PRP para Docentes da USP que tenham publicado artigos nas revistas científicas Science, Nature, Cell ou PNAS, durante o ano de 2016. Os pesquisadores podem requerer o prêmio em duas categorias: a de autor principal e a de autor colaborador.
Na categoria voltada para os pesquisadores principais, o valor do prêmio é de R$ 15 mil. Em artigos com até 12 autores, qualquer pesquisador da lista de contribuintes pode fazer a solicitação. Para trabalhos com 13 ou mais autores, apenas os autores principais (cujos nomes são os primeiros da lista) ou os coordenadores do grupo (últimos nomes da lista) podem fazer a solicitação. Na categoria de pesquisadores colaboradores, ou seja, aqueles que não sejam autores principais ou coordenadores de grupo em artigos com mais de 12 autores, o edital prevê o pagamento de um prêmio no valor de R$ 3 mil.
Os recursos podem ser utilizados, por exemplo, na aquisição de insumos e equipamentos para pesquisa, em despesas para participação de congressos, etc., a critério do pesquisador contemplado e de acordo com as normas da Universidade. Desde a publicação do edital, 11 pesquisadores já foram admitidos para receber o prêmio.
Para solicitar o prêmio, o pesquisador deve enviar à Pró-Reitoria de Pesquisa o processo físico contendo um comprovante do aceite da publicação do artigo. Só será concedido um prêmio por artigo e as solicitações serão atendidas até o limite dos recursos destinados ao prêmio, considerando-se a data de entrada do processo.
Revistas científicas
“Nossa Universidade é uma das poucas no país que se qualificaria como uma instituição de pesquisa e uma de suas principais atribuições é a produção e a difusão de novos conhecimentos. O principal objetivo da Pró-Reitoria de Pesquisa ao criar esse prêmio é sinalizar aos pesquisadores que precisamos aumentar a publicação nesses periódicos”, afirmou o pró-reitor de Pesquisa, José Eduardo Krieger.
O pró-reitor também explicou que as dimensões da USP, que desenvolve estudos em todas as áreas do conhecimento, tornam difícil encontrar uma única medida para qualificar tudo. As quatro publicações escolhidas para esse primeiro edital – a Science, a Nature, a Cell e a PNAS – são muito conhecidas e conceituadas no meio científico e representam o tipo de revista em que a USP precisa aumentar a divulgação de sua produção.
No entanto, Krieger admite que, nesse primeiro edital, a área das Ciências Humanas terá mais dificuldade para ser reconhecida. “Todos os indicadores têm suas limitações e cada área tem suas particularidades: por isso, estamos estudando outras formas de aferição. Sabemos, por exemplo, que entre as pessoas mais citadas da Universidade – em diferentes bases de dados, como Google Scholar, Scopus e Web of Science –, quase metade são das Ciências Humanas. Hoje, temos ferramentas que permitem auferir o número de citações por artigo e é possível que, para um próximo edital, possamos encontrar uma maneira de premiar os artigos levando também em consideração o número de citações”, afirmou o dirigente.
Pesquisa de qualidade
A criação de um prêmio para incentivar a publicação de artigos em revistas científicas renomadas integra um conjunto de ações adotadas pela Pró-Reitoria para mudar as diretrizes da pesquisa na Universidade. Para o pró-reitor, “até esse momento, o pesquisador brasileiro era estimulado pela quantidade: a quantidade de mestres e doutores que ele orienta, a quantidade de projetos de iniciação científica, a quantidade de artigos publicados. Atualmente, estamos passando por uma transição entre quantidade e qualidade e é fundamental começarmos a adotar indicadores de qualidade e de relevância para a nossa pesquisa, para os critérios de seleção nos editais e na progressão da carreira, por exemplo”.
“Na USP, essa mudança de cultura teve início na gestão passada da PRP, quando foram criados Núcleos de Apoio à Pesquisa (NAPs) que representaram uma grande mudança no sentido de incentivar a pesquisa interdisciplinar. Agora, além de continuarmos o que já foi implantado, estamos preparados para enfrentar novos desafios, criando soluções para a melhoria da infraestrutura de pesquisa, encontrando novas maneiras para fomentar os agrupamentos e novas linhas de pesquisa, etc. O nosso grande desafio agora é aumentar a relevância da nossa pesquisa”, afirma o pró-reitor.
Krieger também chama a atenção para a necessidade de aumentar proporcionalmente o número de alunos de pós-doutorado por docente. “Um docente da USP orienta, em média, um mestrando ou doutorando por ano. Por outro lado, a nossa média de pós-doutorandos por docente fica em torno de 0,3 – em outras universidades semelhantes à USP esse número chega a ser de 3 pós-doutorandos por docente”, explica.
Essa relação é importante porque o aluno de pós-doutorado, além de estar muito mais familiarizado com o método científico, não está tão atrelado a regras e cronogramas dos programas de pós-graduação e é muito mais independente e apto a desenvolver projetos de pesquisa mais elaborados e inovadores.
De acordo com o pró-reitor, “é por isso que estamos criando condições para incentivar o aumento do número de alunos de pós-doutorados, como a resolução nº 7.151, de 8 de dezembro de 2015, que regulamenta a participação desses alunos em atividades de capacitação didática para os cursos de graduação, com a devida supervisão de um docente; e a criação de prêmios de incentivo aos alunos de pós-doutorado que submetam pedidos de bolsas na Fapesp e aos docentes que orientem dois ou mais pós-doutorandos bolsistas – projeto ainda em fase de estudo”.
(Foto: Marcos Santos)