O serviço do Disque Trote registrou, em 2016, aumento no número de contatos recebidos em relação ao ano passado, passando de 187 para 405. O número de denúncias, no entanto, diminuiu, passando de 16, em 2015, para 4, neste ano. Do total de atendimentos realizados, 348 (86%) foram para pedir informações sobre a Universidade, 45 (11%) enganos, sete (2%) pessoas desligaram sem se identificar e um trote. De acordo com as estatísticas do serviço, nos últimos dez anos, 2016 foi o ano que registrou o menor número de denúncias.
Os assuntos das denúncias versaram sobre consumo de bebidas alcoólicas em festas externas aos campi e coação para participação em atividades consideradas abusivas, como raspar o cabelo, sujar roupas e pintar o corpo. Os 348 pedidos de informações foram, principalmente, referentes aos horários e documentos necessários para matrícula; endereços das Unidades de Ensino e Pesquisa; e informações sobre a Semana de Recepção aos Calouros.
O coordenador do Grupo de Trabalho Pró-Calouro da Pró-Reitoria de Graduação e professor da Faculdade de Odontologia, Oswaldo Crivello Junior, que supervisiona o atendimento do serviço, revela que, mesmo não sendo o objetivo do Disque Trote, os monitores das Salas Pró-Aluno, que são alunos de graduação, auxiliam os calouros em suas dúvidas.
Para ele, as solicitações feitas demonstram que os calouros utilizaram o serviço como um meio para obter informações sobre a Universidade e como orientação sobre seus direitos. “O calouro tem de saber que ele não é obrigado a participar de nenhuma atividade. Os alunos acreditaram e utilizaram o serviço para obter orientação e se prevenir caso ocorresse algo errado”, afirma. “O fato de a USP ter este tipo de auxílio mostra aos alunos que a Instituição está atenta aos acontecimentos da Semana de Recepção aos Calouros, dando suporte e respaldo contra o trote violento”, destaca.
Desde 2000
Neste ano, o serviço teve início no dia 2 de fevereiro, mesma data da matrícula não presencial dos ingressantes em primeira chamada no vestibular da Fuvest, e funcionou até 3 de março, de segunda a sexta-feira, das 9h às 21h.
Além do atendimento telefônico pelo número 0800-012-10-90, as denúncias também puderam ser feitas pelo e-mail disquetrote@usp.br e por um chat, disponível no site do Manual do Calouro.
As denúncias recebidas são encaminhadas ao professor responsável pela Semana de Recepção aos Calouros da Unidade envolvida, que deve tomar as medidas necessárias. Após essa etapa, os monitores do Disque Trote devem ser informados dos encaminhamentos dados para responderem ao denunciante.
O Disque Trote foi criado em 2000, com o propósito de receber denúncias de trotes abusivos ocorridos nos campi da USP. Em 27 de abril de 1999, o então reitor da Universidade, Jacques Marcovitch, assinou uma portaria proibindo o trote na USP e instituindo que toda e qualquer manifestação de recepção a novos alunos, em todas as Unidades e em todos os campi, deveria estar integrada à Semana de Recepção aos Calouros.
Semana de Recepção
Em 2016, foi realizada a 18ª edição da Semana de Recepção aos Calouros em todos os campi da USP, entre os dias 15 e 19 de fevereiro, na qual as aulas regulares foram substituídas por palestras, oficinas, bate-papos com egressos, campanhas educativas e ações sociais.
Com o tema “Agora você vai vivenciar, explorar, aprender, entender, descobrir e construir muito mais”, a campanha deste ano ressaltou a mistura de velhos e novos conhecimentos. A ideia foi mostrar ao calouro que, embora o conhecimento seja um dos aspectos mais reconhecidos da Universidade, a USP oferece muitos outros elementos que podem enriquecer seu aprendizado.
Institucionalizada na USP em 1998, a Semana de Recepção aos Calouros é organizada pelas Comissões de Graduação das Unidades, por seus Centros Acadêmicos e Atléticas, com o objetivo de promover a integração entre os novos alunos e os veteranos, e para transmitir os valores cultivados pela Universidade: humanismo, excelência, universalismo e solidariedade.
Com serviços como os do Disque Trote e da Semana de Recepção institucionalizados, Crivello enxerga uma mudança de cultura dentro da USP. “Cada vez mais, há participação e preocupação dos professores e diretores das Unidades de Ensino e Pesquisa em recepcionar e integrar os novos alunos, e isso é muito importante não só para os calouros, mas para a Universidade”.
(Foto: Cecília Bastos / USP Imagens)