
“Desde o século XVII, os cabo-verdianos partem para os quatro cantos do mundo, espalhando-se pelo mundo. Hoje, temos quase três vezes mais cabo-verdianos fora do país do que dentro, mas esta saída constitui uma grande riqueza para nós, com pessoas que dão uma enorme contribuição para a produção de Cabo Verde no mundo”, explicou o presidente José Maria Neves.
Aproveitando sua visita ao Brasil para participar das comemorações do Bicentenário da Independência, o presidente participou da cerimônia de condecoração do professor do Instituto de Geociências (IGc), Jorge Silva Bettencourt, com a Ordem do Dragoeiro Primeiro Grau, concedida pelo governo africano.
“A USP é uma catedral do saber, é uma das principais universidades do mundo. Então, um professor que veio de Cabo Verde e singra até aqui é uma pessoa que ajuda a afirmar Cabo Verde no mundo. Quando nós temos cabo-verdianos como o professor Bettencourt, que se afirmam dessa forma, é Cabo Verde que cresce, alarga suas fronteiras e contribui para o mundo”, ressaltou o presidente.
A solenidade foi realizada no Salão de Atos da Reitoria e prestigiada por dirigentes da Universidade, representantes do governo de Cabo Verde, diplomatas dos dois países, amigos e familiares do homenageado.
O reitor Carlos Gilberto Carlotti Junior lembrou que “o Brasil é um país formado por imigrantes, por pessoas que optaram por viver aqui, adotando nossos costumes e nossa língua, elemento que une o povo brasileiro. Essa homenagem recebida por um cabo-verdiano que escolheu morar no Brasil e desenvolver sua carreira na USP é motivo de grande felicidade para todos nós. É uma mostra de que as relações entre Brasil e Cabo Verde, países irmãos, continuam se estreitando”.
O reitor também sugeriu que equipes da USP e de Cabo Verde trabalhassem em conjunto para organizar uma exposição no Novo Museu do Ipiranga sobre a relação entre os dois países.
Um cabo-verdiano na USP
“Essa condecoração deve ser extensiva aos meus familiares e amigos, aos meus alunos de graduação e de pós-graduação, aos parceiros pesquisadores e a dezenas de geólogos e engenheiros de minas que, hoje, ocupam posições de liderança em instituições variadas e cuja formação profissional são o meu maior regozijo. É o reconhecimento pela minha contribuição ao engrandecimento da nação, de modo a dar exemplo aos jovens e indicar modos e caminhos ao sucesso futuro das nossas comunidades espalhadas pelo mundo”, afirmou o professor Jorge Silva Bettencourt.

Nascido em Cabo Verde, na ilha de São Vicente, Jorge Silva Bettencourt mudou-se para o Brasil ainda jovem. Formou-se em Geologia pela USP, instituição pela qual também obteve o doutorado e a livre-docência.
Foi docente do curso de Geologia do Instituto de Geociências e Ciências Exatas da Unesp, entre 1973 e 1992, e tornou-se professor titular do Instituto de Geociências da USP em 2000, sendo agraciado com o título de Professor Emérito do instituto, em 2013.
Suas pesquisas abrangem as áreas de exploração mineral e modelos de depósitos minerais, atuando como geólogo de exploração mineral e como consultor. Interesse atual em pesquisa, mais dirigido à metalogenia e à exploração mineral, tem como foco os temas: craton amazônico e Bacia do São Francisco, evolução crustal proterozoica e modelamento metalogenético de depósitos minerais – metais raros e metais não ferrosos – com ênfase em isótopos estáveis e inclusões fluídas.