Na quarta entrevista da série sobre os Objetivos Estratégico da USP, a pró-reitora de Inclusão e Pertencimento, Ana Lúcia Duarte Lanna, explica o desafio de discutir os objetivos estratégicos de sua área, priorizando temas como diversidade, inclusão, permanência e saúde mental na Universidade.
Os 12 objetivos estratégicos da USP, apresentados no Conselho Universitário do dia 20 de agosto, abrangem as atividades-fim da Universidade – graduação, pós-graduação, pesquisa e inovação, cultura e extensão universitária e inclusão e pertencimento – e a gestão administrativa. Além dos objetivos gerais, também foram definidos os dez objetivos estratégicos para cada uma dessas áreas.
Até o final deste ano, as pró-reitorias e a Coordenadoria de Administração Geral (Codage) deverão apresentar as metas definidas, o plano de ação para atingir essas metas e quais serão os indicadores utilizados para mensurar o desenvolvimento desses objetivos, que deverão ser implementados até o final de 2025.
A construção dos objetivos estratégicos, tanto gerais quanto específicos, faz parte do Projeto Missão, Visão, Valores, Objetivos e Metas (MVV) para Pró-Reitorias e Gestão.
Jornal da USP – Como foi o processo de levantamento dos objetivos estratégicos da Pró-Reitoria de Inclusão e Pertencimento (PRIP)?
Ana Lanna – O workshop do Projeto MVV dedicado à PRIP foi realizado no final de junho, no campus de São Carlos, e reuniu pessoas envolvidas com a gestão universitária e os temas relacionados à PRIP. A partir das discussões realizadas nesse encontro, a equipe que coordena o projeto elaborou os objetivos para a nossa área, que foram trabalhados e finalizados pela equipe da pró-reitoria.
Jornal da USP – Quais são as competências da PRIP?
Ana Lanna – A Pró-Reitoria de Inclusão e Pertencimento foi criada em 2022, atendendo à crescente demanda da sociedade para a construção de uma Universidade mais inclusiva, que valorize os direitos humanos, que promova a diversidade no meio da universalidade. Dessa forma, nosso propósito não se restringe a estabelecer ações afirmativas ou de assistência social, mas atuamos no âmbito da gestão universitária, construindo políticas institucionais para enfrentar as questões que nos são colocadas pela sociedade.
As principais questões de competência da PRIP estão agrupadas em cinco diretorias: Vida no campus; Saúde mental e bem-estar social; Mulheres, relações étnico-raciais e diversidades; Formação e vida profissional; e Direitos humanos e políticas de reparação, memória e justiça.
Jornal da USP – E quem são os stakeholders, ou seja, as partes interessadas da Pró-Reitoria de Inclusão e Pertencimento?
Ana Lanna – Considerando que as nossas questões não são desafios apenas da Universidade, mas permeiam diferentes dimensões do mundo contemporâneo, podemos considerar que todos os segmentos da sociedade são stakeholders da PRIP.
Jornal da USP – Quais são as principais considerações sobre os dez objetivos estratégicos definidos para a Pró-Reitoria de Inclusão e Pertencimento?
Ana Lanna – Os dez objetivos estratégicos definidos para a PRIP são centrais e dialogam com os princípios que levaram à criação da pró-reitoria, orientando todas as nossas ações. Uma ressalva que fazemos é que, embora o Projeto MVV considere como principais os dois primeiros objetivos – um relacionado às ações de promoção da diversidade e outro relacionado à permanência estudantil – integrando os objetivos estratégicos da Universidade, para nós, eles são centrais, mas não são os únicos, não são exclusivos.
Na nossa concepção, questões como saúde mental, direitos humanos e sentimento de pertencimento estão muito imbricadas com a diversidade e a permanência estudantil.
Pró Reitoria de Inclusão e Pertencimento
Objetivos Estratégicos
Jornal da USP – Que ações a Pró-Reitoria de Inclusão e Pertencimento já vem desenvolvendo para alcançar esses objetivos?
Ana Lanna – Nesses dois anos de trabalho, concentramos nossos esforços em duas frentes. De um lado, atuamos para criar uma estrutura administrativa para a pró-reitoria, dialogando com a comunidade universitária, incentivando a criação de comissões de inclusão e pertencimento nas unidades e integrando diversas iniciativas pré-existentes, como a antiga Superintendência de Assistência Social e o Escritório USP Mulheres.
Na outra frente, considerando a urgência das demandas apresentadas, desenvolvemos ações de enfrentamento das nossas principais questões. Só para mencionar algumas dessas iniciativas, no campo da inclusão social, reformulamos o Programa de Apoio à Permanência e Formação Estudantil (PAPFE); para aumentar a diversidade, definimos os parâmetros para a atuação da Comissão de Heteroidentificação e lançamos editais, em parceria com outras pró-reitorias, projetados para aumentar a participação de grupos específicos, como mulheres, negros ou estudantes de escolas públicas; para os desafios relacionados à saúde mental, criamos o Programa Ecos – Escuta, Cuidado e Orientação em Saúde Mental, que oferece acolhimento e orientação à comunidade universitária.
Também temos atuado para resgatar a trajetória dos nossos estudantes mortos durante a Ditadura Militar, concedendo diplomas honoríficos de graduação. O projeto Diplomação da Resistência já realizou cerimônias de diplomação no Instituto de Geociências, na Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas e na Faculdade de Medicina.
É importante reforçar que todos os projetos são avaliados e ajustados, com o objetivo de atender melhor aos nossos objetivos. Para traçar um perfil da nossa comunidade, em 2022, fizemos uma pesquisa inédita de percepção e experiências em ambientes acadêmicos. Agora, estamos trabalhando em uma segunda edição da pesquisa, para atualização dos dados.