Dirigentes da Universidade participaram na manhã de ontem, dia 29 de março, do lançamento do livro Era uma vez o moderno, no Teatro do Sesi. Publicado pela Editora Sesi-SP, o livro foi organizado pelos pesquisadores Luiz Armando Bagolin e Fabrício Reiner, e traz uma análise acadêmica sobre o Modernismo a partir do percurso da exposição homônima, em cartaz no Centro Cultural Fiesp até 29 de maio.
Além de explicitar as escolhas feitas pela curadoria para a seleção de obras que compõem a exposição Era uma vez o moderno, o livro traz informações e aprofunda reflexões sobre o Modernismo, especialmente a partir do acervo Mário de Andrade do Instituto de Estudos Brasileiros (IEB) da USP.
Considerada a maior mostra sobre o Modernismo brasileiro já realizada, a exposição reúne mais de 380 obras e documentos inéditos sobre a intimidade dos artistas e pensadores modernistas como, Mário de Andrade, Oswald de Andrade, Tarsila do Amaral, Anita Malfatti e Manuel Bandeira. A iniciativa é resultado de uma parceria entre o IEB e o Serviço Social da Indústria (Sesi-SP).
“Era uma vez o moderno é a primeira grande exposição do IEB desde que mudamos para a nova sede, no complexo da Brasiliana, e é uma pequena parcela de tudo o que o IEB tem para mostrar. Nós somos responsáveis pela guarda e preservação de um acervo riquíssimo e temos a obrigação de torná-lo acessível, mostrando como a arte pode interferir no espaço público, na dinâmica social e construir conhecimento”, explicou a diretora do IEB, Diana Gonçalves Vidal.
Desde sua abertura, em dezembro, a exposição já foi visitada por mais de 28 mil pessoas, o que mostra o interesse crescente da população pela retomada das atividades culturais após dois anos de pandemia.
A gerente executiva da Cultura do Sesi-SP, Débora Viana, ressaltou que “o Sesi é uma instituição que trabalha fortemente pela cultura, pelo desenvolvimento e pela educação. Estamos muito satisfeitos por ter a oportunidade de receber no Centro Cultural Fiesp uma exposição com um acervo tão rico. Esperamos que essa parceria continue e se fortaleça. É sempre importante unir forças para que possamos promover a valorização da cultura nacional”.
O apoio da Fiesp e do Sesi para a restauração e preparação da exposição foi fundamental para que diários, cartas, manuscritos, fotos e obras dos artistas e intelectuais que desenvolveram a arte moderna no Brasil pudessem ser apreciados não só por pesquisadores da Universidade, mas por toda a população. A parceria deu tão certo que uma segunda exposição está sendo preparada para estrear em junho, na sede do IEB, com obras de artistas contemporâneos.
“Esse encontro reforça a parceria da USP com o Sesi, que permitiu trazermos um pouco da Universidade para a Avenida Paulista. Por outro lado, essa exposição também mostra para a própria comunidade uspiana a riqueza cultural proporcionada pela Universidade e o privilégio que é poder usufruir desse conhecimento e dessa vivência cultural”, afirmou o reitor Carlos Gilberto Carlotti Junior.
Era uma vez o moderno
Idealizada para comemorar o centenário da Semana de Arte Moderna de 1922, a exposição Era uma vez o moderno revela os bastidores do movimento modernista, as dúvidas, as frustrações e as brigas entre os próprios artistas.
“O ponto forte da exposição é seu aspecto relacional, que procura contextualizar as obras de arte, estabelecendo uma relação entre a obra e a documentação primária correlata – cartas, jornais, revistas –, expondo os múltiplos pontos de vista dos artistas envolvidos na história da construção de uma estética modernista no Brasil”, explica Luiz Armando Bagolin, um dos curadores da mostra.
A exposição compreende o período que vai de 1910 a 1944, quando o mundo viveu a expectativa de construir as bases para uma paz duradoura. Na abertura, uma homenagem a Emma Voss, uma artista alemã que imigrou para o Brasil em 1910 e foi a primeira artista a ter uma exposição individual em São Paulo. Outros destaques da mostra são os diários de Anita Malfatti, as anotações de Mário de Andrade para escrever Macunaíma e obras famosas como O Mamoeiro, de Tarsila do Amaral, e O Homem Amarelo, de Anita Malfatti.
Encerrando a exposição, uma carta de quatro páginas escrita por Mário de Andrade, em 1944, mas nunca enviada para Manuel Bandeira, mostra a preocupação do artista com os rumos do Modernismo e a conjuntura política imposta pelo Estado Novo de Getúlio Vargas.
“É possível, por meio dessa exposição, entender de que maneira o Modernismo contribuiu para nos trazer uma dimensão mais humana da ciência e da cultura”, explicou a vice-diretora do IEB, Flavia Camargo Toni, que proferiu uma palestra sobre Mário de Andrade, considerado o intelectual do Modernismo brasileiro.
A curadoria da mostra é do professor e pesquisador do IEB Luiz Armando Bagolin e do historiador Fabrício Reiner.
Era uma vez o moderno está no Centro Cultural Fiesp (Av. Paulista, 1.313) de quarta a sexta, das 12h às 20h, e sábado e domingo, das 11h às 20h. A mostra é gratuita e fica em cartaz até 29 de maio de 2022. Quem preferir programar a visita deve acessar o site www.sesisp.org.br/eventos.