Kabengele Munanga é reconhecido por sua luta pela igualdade racial

O professor aposentado da FFLCH é o agraciado da 15ª edição do Prêmio USP de Direitos Humanos

 02/07/2018 - Publicado há 6 anos     Atualizado: 18/12/2018 às 14:10
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[Da esq. p/ dir.] O presidente da Comissão, José Gregori; o reitor Vahan Agopyan; o agraciado Kabengele Munanga; e a professora da Faculdade de Direito e integrante da Comissão, Eunice Aparecida de Jesus Prudente – Foto: Marcos Santos/USP Imagens
Em uma cerimônia repleta de estudantes, dirigentes, pesquisadores, servidores da Universidade e militantes de movimentos negros, a Comissão de Direitos Humanos da USP entregou o Prêmio USP de Direitos Humanos ao professor aposentado da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH), Kabengele Munanga.

O presidente da Comissão e ex-ministro da Justiça, José Gregori, abriu a cerimônia ressaltando a importância dos Direitos Humanos como instrumento de igualdade, de conciliação, de convivência entre as pessoas. “É em momentos como esse que os fundamentos de uma instituição são recordados e as verdadeiras finalidades que justificam a luta e o desenvolvimento de uma instituição são ressaltadas. Hoje, a USP se mostra coerente com o melhor do pensamento daqueles que a fundaram”, afirmou Gregori.

Em seguida, o professor da Escola de Comunicações e Artes (ECA) e membro da Comissão, Ricardo Alexino Ferreira, fez a saudação ao homenageado. Ferreira falou sobre a trajetória de Munanga, sua renomada carreira acadêmica, a militância contra o racismo e o protagonismo no debate nacional em defesa da implantação das cotas e ações afirmativas – principais motivos que levaram à escolha de seu nome para o prêmio.

Em seu discurso, Munanga falou de sua chegada ao Brasil, de sua relação com a Universidade e da luta para implantar as cotas e ações afirmativas na USP. “Eu fui o primeiro negro a ingressar na carreira docente da maior faculdade da USP. Porém, esse fato não foi para mim um motivo de orgulho, mas sim um motivo de questionamento, porque o primeiro negro docente da FFLCH foi um jovem que fugiu do seu país de origem para sobreviver, em vez de ter sido um negro da terra, um negro brasileiro. Costumo dizer que se eu tivesse nascido no Brasil, como cidadão negro, talvez não estivesse sentado neste lugar”, refletiu o homenageado.

A cerimônia de entrega do Prêmio USP de Direitos Humanos foi realizada no dia 29 de junho, na Sala do Conselho Universitário – Foto: Marcos Santos/USP Imagens

O reitor Vahan Agopyan parabenizou o professor e afirmou que “às vezes, os agraciados enobrecem o próprio prêmio, e este é o caso do nosso homenageado de hoje. Pessoas como o senhor são imprescindíveis para a sociedade. Parabéns por sua trajetória, a USP se sente muito honrada em tê-lo como docente”.

Agopyan, que também é um brasileiro naturalizado, lembrou que “nós que escolhemos o Brasil como pátria devemos ajudar a resolver os problemas do nosso País, principalmente aqueles que nos envergonham. Temos que enfrentar essas questões com coragem para que elas sejam superadas e nunca mais repetidas”.

Entre as autoridades que prestigiaram o evento estavam o vice-reitor Antonio Carlos Hernandes; a diretora da FFLCH, Maria Arminda do Nascimento Arruda; o secretário adjunto de Desenvolvimento Social, Paulo Roberto Bonjorno; o reitor da Universidade Zumbi dos Palmares, José Vicente; e o presidente da ONG Educafro, Frei Davi. A apresentação musical do grupo Maria Antonia do Coral USP encerrou a cerimônia.

Prêmio USP de Direitos Humanos

O Prêmio USP de Direitos Humanos foi criado pela Comissão de Direitos Humanos da Universidade em 2000, com o objetivo de identificar e homenagear pessoas e instituições que, por suas atividades exemplares, tenham contribuído significativamente para a difusão, disseminação e divulgação dos direitos humanos no Brasil.

Entre os homenageados que receberam o prêmio em edições passadas estão o médico oncologista e escritor Drauzio Varella, em 2016, e o cientista político Paulo Sergio Pinheiro, em 2014.

A Comissão de Direitos Humanos da USP é presidida pelo ex-ministro de Justiça, José Gregori, e formada pelos professores Sueli Gandolfi Dallari (Faculdade de Saúde Pública), Maria Hermínia Tavares de Almeida e Pedro Bohomoletz de Abreu Dallari (Instituto de Relações Internacionais), Ricardo Alexino Ferreira (Escola de Comunicações e Artes), Eunice Aparecida de Jesus Prudente (Faculdade de Direito), Taís Gasparian (Instituto de Estudos Avançados), Gustavo Gonçalves Ungaro (Ouvidoria Geral do Estado de São Paulo) e Cristiano Buoniconti Camargo (discente).


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