“A internacionalização faz parte da USP desde a sua criação; entretanto, o que tem acontecido agora é um processo mais amplo e sistematizado”, afirmou o presidente da Agência USP de Cooperação Acadêmica Nacional e Internacional (Aucani), Sergio Proença, na abertura da reunião temática do Conselho Universitário, que aconteceu nesta quarta-feira, dia 21 de agosto, e discutiu o contexto da internacionalização na Universidade.
Além dos membros do Conselho Universitário, também participaram da reunião representantes de Comissões de Relações Internacionais de várias unidades.
Proença ressaltou que a principal missão da Aucani é a consolidação de um ambiente acadêmico internacional na USP e, para isso, a agência atua em três principais frentes: a qualificação de acordos e parcerias estratégicas; a ampliação da reputação internacional da USP; e a internacionalização em casa, com iniciativas como o USP Academy, que oferece cursos de extensão em inglês, francês e espanhol, em formato híbrido.
Outras iniciativas de destaque foram os diversos cursos de idiomas oferecidos para a comunidade universitária e as atividades do Centro Intercultural Internacional – uma parceria com consulados de diversos países, que são convidados a manter um espaço para divulgar sua cultura e realizar atividades para a comunidade universitária.
Proença também chamou a atenção para a criação dos Centros Multidisciplinares, dos Centros de Inovação, dos Centros de Pesquisa e Inovação Especiais (Cepix) e dos Centros de Pesquisa e Institutos Internacionais, criados nos últimos anos pela Universidade e que representam grandes oportunidades de cooperação em pesquisa no âmbito da USP.
“Temos como perspectivas futuras a consolidação de um ambiente internacional em todos os campi da Universidade e que essa internacionalização repercuta na modernização curricular e na qualidade do ensino e da pesquisa”, encerrou o presidente da Aucani.
O reitor Carlos Gilberto Carlotti Junior ressaltou sua “preocupação com a América Latina e o desejo de intensificar as ações na região, aumentando a mobilidade e oferecendo cursos em conjunto com as principais universidades latino-americanas, como a Universidade de Buenos Aires (UBA), a Universidade Nacional Autônoma do México (Unam) e a Universidade do Chile”.
Carlotti reforçou a necessidade de promover mais atividades regulares, nos cursos de graduação e pós-graduação, que aumentem a interação com pesquisadores estrangeiros, como por exemplo, convidar professores de universidades parceiras para participar das aulas.
O reitor também defendeu a possibilidade de a USP intensificar as relações com os países africanos, especialmente Angola e Moçambique, que são parceiros naturais das universidades brasileiras.
Contexto da internacionalização na USP
Além da Aucani, as pró-reitorias também foram convidadas para falar sobre as iniciativas de internacionalização em suas áreas.
O pró-reitor de Pós-Graduação, Rodrigo Calado, ressaltou que a internacionalização é uma característica dos programas de pós-graduação da USP e tem um papel fundamental ao proporcionar aos pós-graduandos o contato com ambientes de pesquisa fora do Brasil, enriquecendo tanto sua formação profissional quanto seu projeto de pesquisa e estabelecendo uma rede de contatos profissionais e científicos, e atraindo estudantes estrangeiros.
Calado detalhou as principais iniciativas voltadas para a internacionalização na pós-graduação, especialmente o Programa Print-USP, da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), e reforçou a necessidade de aumentar o número de disciplinas regularmente oferecidas em línguas estrangeiras, que ele considera fundamental para a formação dos nossos estudantes.
Já o pró-reitor de Graduação, Aluisio Segurado, destacou que a formação de profissionais e cidadãos preparados para enfrentar os desafios da sociedade contemporânea requer uma experiência multicultural, uma vez que esses desafios são globais e não locais. Segurado também falou da mobilidade discente, principal ferramenta de internacionalização da graduação, que tem crescido nos últimos anos, e dos programas de duplo diploma.
Outro destaque de sua apresentação foi sobre o Programa de Estudantes-Convênio de Graduação (PEC-G), do Ministério de Relações Exteriores, que oferece a estudantes estrangeiros vagas gratuitas para graduação completa no Brasil. Na USP, entre 2016 e 2024, tivemos 150 estudantes estrangeiros cursando a graduação em 25 unidades da Universidade.
Em seguida, foi a vez de o pró-reitor de Pesquisa e Inovação, Paulo Nussenzveig, apresentar suas principais iniciativas voltadas para a internacionalização. Um dos destaques é a criação do Escritório de Apoio e Financiamentos Internacionais de Pesquisa (Grants Office), que oferecerá suporte aos pesquisadores que pretendam submeter propostas para financiamento internacional. O pró-reitor também falou do Escritório de Integridade e Proteção da Pesquisa (Oris), que apoiará a inserção da Universidade na sociedade e a interação com outras instituições, nacionais e estrangeiras.
A pró-reitora Marli Quadros Leite destacou, entre as ações da Pró-Reitoria de Cultura e Extensão Universitária voltadas para a internacionalização da Universidade, o curso English@USP, composto por aulas síncronas e assíncronas, oferecido em parceria com a Aucani para toda a comunidade USP. O curso já teve mais de 7 mil matriculados nas quatro modalidades: reading, listening, writing e speaking. Marli também apresentou o Viva USP, um curso on-line que oferece aulas de português para estrangeiros.
Finalizando as atividades do período da manhã, a Pró-Reitora de Inclusão e Pertencimento, Ana Lucia Duarte Lanna, falou sobre as principais iniciativas da pró-reitoria voltadas para a internacionalização. Nesses dois anos de existência, a pró-reitoria tem se esforçado para fortalecer a parceria com universidades que desenvolvam projetos semelhantes de inclusão e diversidade, em quatro continentes, para conhecer o efeito das ações afirmativas em diferentes contextos.
Ana Lanna também mencionou dois editais de mobilidade, realizados em parceria com a Aucani – um exclusivo para mulheres pós-graduandas e outro voltado para estudantes de graduação oriundos de escolas públicas –, com o objetivo de aumentar a diversidade e a inclusão nas ações de mobilidade, oferecendo as mesmas oportunidades a todos alunos.
Rankings
Abrindo a segunda metade da reunião, a coordenadora do Escritório de Gestão de Indicadores de Desempenho Acadêmico (Egida), Fátima Nunes, falou sobre os rankings universitários que, apesar de controversos, exercem grande influência em políticas e na reputação das universidades do mundo todo.
A USP participa de 20 rankings internacionais e três nacionais. Segundo a coordenadora, os rankings podem ser divididos em quatro tipos: comerciais, de interesse regional, acadêmicos e de interesses específicos. Eles adotam diversos critérios e indicadores, de acordo com a característica de cada um. Por isso, o principal objetivo do Egida é acompanhar os indicadores que se relacionam diretamente com a missão da Universidade.
A internacionalização é um aspecto avaliado em todas as classificações, seja por meio de indicadores diretamente ligados ao tema – quantidade de professores estrangeiros, estudantes estrangeiros, rede internacional de pesquisa -, seja por indicadores influenciados por ele – reputação acadêmica, citações por docente.
Fátima também apontou possíveis ações que poderiam melhorar a avaliação dos indicadores de internacionalização dos rankings, como o incentivo à realização de pesquisas e publicações em colaboração com parceiros estrangeiros, o fortalecimento dos canais internacionais de comunicação científica, com páginas e newsletters em outros idiomas e uma versão do Jornal da USP em inglês.
Boas práticas
Encerrando a reunião, algumas unidades da USP apresentaram ações inovadoras desenvolvidas no âmbito da internacionalização. Ana Maria de Oliveira Nusdeo, da Faculdade de Direito (FD), falou sobre o programa Parceria Internacional Triangular de Ensino Superior (Pites), que permite aos alunos de graduação em Direito obter um diploma de licence en droit, expedido pelas universidades francesas parceiras, com validade europeia.
Na Escola de Artes, Ciências e Humanidades (EACH), Thiago Allis destacou iniciativas como um edital de mobilidade com vagas exclusivas para alunos de inclusão e pertencimento, e o V Seminário de Internacionalização da Escola, que será realizado em outubro e terá como tema a parceria com países africanos. Márcio Lobo Netto, da Escola Politécnica (Poli), explicou como funcionam os programas de duplo diploma de Graduação, em que os alunos iniciam seu curso na Poli, estudam alguns anos na instituição estrangeira parceira e retornam à Poli para a conclusão.
A professora da Faculdade de Medicina (FM) Valeria Aoki falou sobre a política de mobilidade para alunos de graduação da Medicina, tanto para selecionar alunos estrangeiros interessados em conhecer a USP quanto para estudantes da FM interessados em visitar universidades parceiras estrangeiras. José Belasque Junior fez a última apresentação do dia, enfatizando as parcerias da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq) com instituições de pesquisa internacionais, e a realização de um Summer School, que já está na oitava edição e tem uma alta procura de estudantes chineses e sul-africanos.
“Minha expectativa é que todos, ao voltarem para suas unidades, possam fazer uma lista de possíveis ações apresentadas aqui e que poderiam ser reproduzidas, divulgando as oportunidades que oferecemos na USP”, concluiu o reitor no encerramento do encontro.
Assista, a seguir, à íntegra da reunião: