Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz reinaugura edifício histórico após restauro

Obra iniciada em 2022 recuperou fatores históricos do icônico prédio inaugurado em 1907. Em Piracicaba, reitor da USP anunciou a reforma de outras três edificações no campus

 Publicado: 05/07/2024
Edifício histórico da Esalq passou por minucioso processo de restauro e modernização, iniciado em 2022. Gestão pretende dar continuidade às reformas nos demais edifícios do campus – Foto: Denise Guimarães/Esalq

Após cerca de 900 dias, terminou o trabalho de restauro do Edifício Central da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq) da USP, em Piracicaba. A entrega da obra foi feita simbolicamente na tarde da última sexta-feira, 5 de julho, quando a Esalq recebeu a visita do reitor da USP, Carlos Gilberto Carlotti Junior.

O Edifício Central integra o conjunto arquitetônico do campus Luiz de Queiroz, da USP em Piracicaba, tombado pelo Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e Turístico do Estado de São Paulo (Condephaat) em 2006, enquadrado na categoria de bem cultural, histórico, arquitetônico e ambiental como Patrimônio Público Estadual.

As obras da atual intervenção começaram no início de 2022, após a chegada de um ofício do Condephaat com orientações sobre a preservação dos fatores históricos e construtivos do prédio, considerando toda a área da fachada, assim como todos os ornamentos, gradis de ferro, gateiras, portas e outros elementos. No total, a restauração do Edifício Central envolveu cerca de uma centena de trabalhadores da construção civil, do básico ao acabamento.

O reitor manifestou sua satisfação com o resultado do trabalho de restauro: “O prédio ficou muito bonito, fiquei impressionado com a qualidade do restauro do prédio. Eu sei o quanto é difícil fazer obra pública de qualidade, mas aqui estamos diante de um trabalho muito bem feito”. Para o dirigente, a recuperação dos espaços que carregam parte da histórica da Universidade permite projetar o futuro da USP. “É sempre bom estarmos em prédios históricos porque nos mostram o nosso passado. Então, quando nós olhamos para trás, vemos uma universidade extremamente cuidadosa com a sua criação, com a sua estabilização, com a sua responsabilidade financeira, com o seu financiamento. Então, isso que nós aprendemos no passado, nós temos que utilizar para planejar o nosso futuro”, complementou o reitor.

A diretora da Esalq, Thais Vieira, destaca a importância do Edifício Central no imaginário das pessoas e o significado de preservá-lo e adaptá-lo às atuais demandas. “O que eu posso dizer como diretora, como professora e como ex-aluna da Esalq, é que o Edifício Central é o ícone, é a primeira imagem que vem à mente da maioria das pessoas que estudaram aqui, que passaram pela nossa escola, ou que vêm até a Esalq para se exercitar. É um dos símbolos máximos da escola, estampado em materiais de divulgação, em camisetas feitas pelos centros acadêmicos, por grupos de extensão, associações de alunos, reprodução como réplica, reprodução em quadros, entre outros. Por isso é tão importante que ele esteja não somente preservado, mas adaptado para atender às demandas de acessibilidade e segurança, que cada vez mais tornam-se necessárias.”

Reforma

As intervenções no edifício contemplaram tanto a fachada como os ambientes internos, que foram modernizados e adaptados para maior acessibilidade – Foto: Gerhard Waller/Esalq

Na parte interna do edifício, houve ampliação nas áreas de banheiros e copas e, para melhor atender às demandas do público, foram trocados os pisos das áreas molhadas por um piso porcelanato, e instaladas novas bancadas de mármores, cabines de bacias sanitárias e banheiros para pessoas com deficiência. As áreas que possuem piso de madeira, que somam cerca de 3.600m², foram lixadas, calafetadas e tiveram aplicação de sinteco. Também foram instalados 2.280m² de forro de gesso com um novo sistema de 45 máquinas de ar condicionado embutido, sistema de incêndio com oito quadros de hidrantes e a remodelação da iluminação e da infraestrutura elétrica por canaletas para evitar o máximo de intervenções futuras. Ainda internamente, o edifício conta agora com nova recepção e as Salas da Congregação e do Centenário foram remodeladas, com novo tratamento acústico, restauro e troca do mobiliário, além da instalação de novo sistema de áudio e vídeo. Os corredores, escadarias e as cadeiras do Salão Nobre também foram revitalizados.

A área externa do Edifício Central, conhecida por sua imponente fachada e extensos jardins que circundam o prédio, também foi cuidada durante esses mais de dois anos. O telhado foi reformado e a fachada recebeu atenção especial, uma vez que foi lavada, recebeu novos condutores de água e o barrado inferior, que soma cerca de 3.700 m², foi refeito.

A diretora da Esalq, Thais Maria Ferreira de Souza Vieira, e o reitor Carlos Gilberto Carlotti Junior reinauguraram o edifício central histórico, que é símbolo da Escola, e anunciaram trabalhos de recuperação em outros prédios do campus – Foto: Gerhard Waller/Esalq

O trabalho no barrado e a necessidade de preservação das características do projeto original exigiram da equipe de obras um exercício de pesquisa. Para refazer as partes que estavam deterioradas devido ao tempo, como o barrado e áreas em que a pintura se perdera, foi utilizado o método de investigação pictórica. As prospecções pictóricas caracterizam as camadas de acabamentos que se sobrepõem aos elementos da edificação ao longo dos anos e dos vários períodos de ocupação. Assim, as cores e os acabamentos identificados e demonstrados são registrados e catalogados por comparação, tendo como referência a tonalidade mais próxima existente em algum dos vários catálogos de cores à disposição no mercado. No caso do barrado, foram elencadas algumas áreas de atenção onde foram executadas diversas aberturas de faixas estratigráficas (ponto de prospecção pictórica) em cada elemento arquitetônico de interesse, tais como esquadrias, ornamentos e panos lisos da fachada. Os pontos das prospecções foram numerados, descritos e analisados separadamente no laboratório do Núcleo de Tecnologia da Preservação e da Restauração (NTPR) da Escola Politécnica da Universidade Federal da Bahia (UFBA), em Salvador. Nessa análise do barrado, os materiais encontrados para recompor todo o perímetro danificado foram cal, mica, areia e argila. Assim, a partir de vários testes com quantidades e coloração, chegou-se a uma composição harmônica.

Um novo paisagismo foi instalado no entorno do prédio. A moldura natural da edificação símbolo da Esalq conta agora com espécies como Lavandula dentata, Agelonia archangel dark rose, Impatiens clockword e agapanto. Foram plantadas ainda duas mudas de cycas no cento do canteiro e mais de 2.000 m² de grama batatais.

A atual gestão da Esalq trabalha ainda para que outros pavilhões passem pelo processo de restauro e adaptação. “Nessa gestão, a prioridade é preservar e restaurar os demais prédios que compõem o conjunto arquitetônico do campus. A modernização e a restauração, passam para que todos os prédios tenham o auto de vistoria do Corpo de Bombeiros (AVCB), garantindo acessibilidade e segurança. Por isso a Esalq está trabalhando agora com os projetos para a recuperação, para a restauração e adaptação de outras edificações, porque são todos prédios muito importantes e que, no seu conjunto, formam a harmonia do campus”, complementa a diretora da Esalq.

Durante sua fala, o reitor anunciou a liberação de investimentos para reforma do pavilhão da Engenharia, do pavilhão da Horticultura e do Museu Luiz de Queiroz. Na cerimônia de descerramento da placa que marca o restauro do Edifício Central, estiveram presentes o vice-diretor da Esalq, Marcos Milan, o prefeito do campus, Luciano Mendes, além de funcionários que trabalham na USP em Piracicaba.

Ontem e hoje

Luiz de Queiroz, retratado no busto, foi o idealizador da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz – Foto: Gerhard Waller/Esalq

Projetado em estilo neoclássico pelo arquiteto inglês Alfred Brandford Hutchings, o Edifício Central se mantém como símbolo maior da escola até os dias de hoje. Suas obras tiveram início em 1905 e sua inauguração ocorreu no dia 14 de maio de 1907. O prédio possui quatro pavimentos e soma mais de 4.800 m² de área construída, contando 182 janelas, vitrôs e portas de acesso. Entre 1941 e 1945 o Edifício Central passou por uma ampliação, com a construção do terceiro andar, onde hoje está localizado o gabinete da diretoria. Após uma ampliação na década de 1940, a edificação ainda passou por remodelações e reformas gerais, entregues em 1986 e 2004.

Além dos gabinetes da Diretoria da Esalq e da Prefeitura do campus, o Edifício Central abriga setores administrativos da escola, onde trabalham cerca de 70 servidores
públicos.

Texto de Caio Albuquerque, da Assessoria de Comunicação da Esalq


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