Um clima de festa e de emoção tomou conta dos corredores do prédio da Administração da Escola Politécnica (Poli) no dia 22 de setembro. Um convidado ilustre estava comemorando 50 anos e os convidados lotaram o anfiteatro da escola para celebrar o aniversário do primeiro computador desenvolvido pela Poli, o “Patinho Feio”. Os construtores do equipamento também estavam lá e foram homenageados com um troféu alusivo à data.
Desenvolvido em 1972 pelo Laboratório de Sistemas Digitais do Departamento de Engenharia Elétrica – que, na época, englobava também a computação -, a ideia da construção de um dispositivo eletrônico de processamento de dados surgiu em uma disciplina da pós-graduação como trabalho final do curso.
Na abertura do evento, o professor do Departamento de Engenharia de Telecomunicações e ex-diretor da Poli, José Roberto Castilho Piqueira, destacou que a iniciativa dos alunos naquela época deixou um importante legado à escola e ressaltou a importância do projeto para o desenvolvimento tecnológico brasileiro. O “Patinho Feio” é hoje apontado como o marco inicial do desenvolvimento da indústria digital brasileira.
Piqueira lembrou que o equipamento foi a semente para o computador G-10. Impulsionado pela Marinha de Guerra, que precisava da tecnologia para o programa de nacionalização de eletrônica de bordo, o G-10 se tornou o ponto de partida para o desenvolvimento do primeiro computador comercial no Brasil.
“A história da computação no Brasil passa pela cooperação entre as pessoas e, nisso, nossa escola foi pioneira. O ‘Patinho Feio’ gerou um legado importante para a formação de pessoas e para a pesquisa. No Brasil, se sabe computação porque, ao longo do tempo, as pessoas trabalharam efetivamente nos diversos institutos de pesquisa e universidades. O dinheiro público investido nesse projeto rendeu muitos empregos, muitas indústrias, formou muita gente. Este evento é para homenagear as pessoas que começaram esse processo”, considerou Piqueira.
Para o diretor da Poli, Reinaldo Giudici, “é uma alegria para a escola, que tem uma história rica em realizações, comemorar este evento. O ‘Patinho Feio’ deve servir de inspiração para continuarmos trabalhando no futuro e realizarmos outros projetos, outras iniciativas tão boas quanto foram essas do passado”.
O reitor da USP, Carlos Gilberto Carlotti Junior, sugeriu que o “Patinho Feio” se transforme em um símbolo da Universidade, assim como é a Torre do Relógio, localizada na Cidade Universitária, em São Paulo. O dirigente também falou sobre o “momento de crescimento” que a USP vive hoje. “Até o final do ano, devemos licitar uma cobertura para o prédio da Elétrica. Vamos definir a recuperação do prédio da Civil e construir um novo prédio que deverá ser dedicado à graduação. Da mesma forma, outras unidades e campi receberão esse apoio. O importante é que todos estejamos unidos nessas modificações da Universidade nos próximos anos”, afirmou.
Também participaram do evento o ex-reitor da USP e ex-diretor da Poli, Vahan Agopyan; o chefe do Departamento de Engenharia de Computação e Sistemas Digitais da Poli, Jaime Sichman; o secretário executivo da Secretaria Estadual de Desenvolvimento Econômico, Thiago Rodrigues Liporaci; e o secretário municipal de Infraestrutura Urbana e Obras, Mário Monteiro.
Após a cerimônia, foi promovido um talk show com os idealizadores do “Patinho Feio”.
Assista, a seguir, à íntegra da cerimônia.