A Universidade de São Paulo (USP) – que é a maior do País, com 5,5 mil professores e quase cem mil alunos – continua se destacando nos rankings internacionais de avaliação de desempenho. A exemplo do que ocorreu no ano passado, ela voltou a ser classificada neste ano pela Times Higher Education, uma respeitada empresa britânica de consultoria no campo da educação, como a melhor instituição de ensino superior da América Latina (AL).
Dos 13 indicadores agrupados em cinco categorias (ensino, inovação, internacionalização, investimento em pesquisa e citações) na 18.ª edição do World University Rankings, a USP ficou entre as 100 melhores em duas – ensino e pesquisa. No conjunto, ela se manteve no grupo entre 201 e 250 melhores instituições, a mesma posição que alcançou em 2020. Com isso, a USP ficou ao lado da Universidade de Waterloo, do Canadá; da Universidade de Surrey, do Reino Unido; da Universidade de Tel-Aviv, de Israel; e da Universidade da Coreia, da Coreia do Sul.
Ao todo, a Times Higher Education avaliou 1,6 mil universidades de 99 países. Das dez primeiras posições, nove são universidades americanas. As três instituições mais bem colocadas foram, pela ordem, a Universidade de Oxford, o Instituto de Tecnologia da Califórnia e a Universidade Harvard. Das universidades brasileiras, 59 foram classificadas. A segunda mais bem posicionada no World University Rankings foi a Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), que ficou no grupo entre 401-500.
Quando uma universidade obtém uma boa classificação num ranking comparativo de desempenho, ela ingressa num círculo virtuoso. Entre outras vantagens, isso abre a porta para que ela tenha acesso a fontes de financiamento para pesquisa em organismos multilaterais, participe de experiências compartilhadas com instituições de ponta, promova intercâmbios acadêmicos, associe-se a redes de publicações e atraia professores consagrados.
A Universidade tem conseguido se destacar na comunidade acadêmica e científica mundial
Inversamente, quando uma instituição de ensino superior não consegue sair das últimas posições num ranking internacional, ela passa a enfrentar problemas para obter financiamento, não consegue fazer intercâmbio acadêmico, não tem acesso a parcerias no desenvolvimento de pesquisas científico-tecnológicas e não tem trabalhos de seus professores publicados em revistas internacionais com arbitragem. Em outras palavras, universidades sem reputação acadêmica internacional não conseguem captar os recursos necessários para inovar nem atuar nas fronteiras do conhecimento, o que faz com que suas publicações não sejam catalogadas pela Web of Science.
É justamente porque tem se empenhado em manter sua reputação que a USP vem conseguindo ampliar cada vez mais suas atividades e se destacar na comunidade acadêmica e científica mundial. Além da posição de destaque no World University Rankings, nos últimos anos ela ficou na segunda posição da The Higher Education Latin America University, um ranking comparativo dedicado apenas às instituições de ensino superior da América Latina.
Graças aos seus programas de inovação, aos seus projetos de internacionalização e ao aumento dos investimentos em pesquisa e em capital humano, o que tem levado os trabalhos acadêmicos de seu corpo docente a serem cada vez mais citados nas mais conceituadas publicações científicas mundiais, a USP também foi classificada, há cinco meses, em 13.º lugar no ranking das universidades das economias emergentes que avalia instituições de 48 países. Em 2021, ela subiu uma colocação em relação à edição do ano passado. E, no ranking da Quacquarelli Symonds, outra conceituada consultoria internacional, seus cursos de Geografia, Direito, Agricultura, Odontologia, Minas e Estruturas e Engenharia de Petróleo foram classificados entre os 50 melhores do mundo.
A reiteração do sucesso da USP chega em boa hora. Mostra que a plena autonomia universitária, hoje questionada por autoridades do governo federal, é o fator que cria condições para que a academia possa servir aos melhores interesses do País.
(Editorial publicado em Opinião, no jornal O Estado de S. Paulo, em 09/09/21)