Monitoramento independente da Volta Grande do Xingu inicia ação nas redes sociais

Projeto de indígenas e ribeirinhos que conta com apoio da USP está divulgando no Instagram informações sobre as origens e os resultados da pesquisa

 Publicado: 13/02/2025 às 16:48
Imagem de satélite mostra as barragens e o canal que desviam a água da Volta Grande do Xingu para as turbinas de Belo Monte
Operação da usina de Belo Monte reduz em até 80% a vazão da água na Volta Grande do Xingu – Foto: Coordenação-Geral de Observação da Terra/INPE/Flickr/CC BY-SA 2.0

Coletivo formado por pesquisadores indígenas, ribeirinhos e acadêmicos, o Monitoramento Ambiental Territorial Independente (Mati) lançou um perfil no Instagram para divulgar seu trabalho no Rio Xingu. O Mati coleta dados sobre a vazão das águas na Volta Grande do Xingu, região fortemente afetada pela operação da usina hidrelétrica de Belo Monte, no Pará. O monitoramento começou em 2013 por iniciativa da Associação Yudja Muratu da Volta Grande do Xingu (AYMIX), uma organização que representa o povo Yudja/Juruna na região, e conta com o apoio da USP, da Fapesp, do Instituto Socioambiental e de outras instituições.

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O objetivo do Mati consiste na coleta de dados para comprovar as mudanças no fluxo do Rio Xingu causadas por Belo Monte e seus efeitos sobre a vida aquática e nas florestas. No novo perfil na rede social, o coletivo de pesquisadores pretende apresentar ao público as origens do projeto e sua luta para que o monitoramento ambiental seja reconhecido pelos órgãos responsáveis pelo licenciamento das obras na região, como o Ibama.

O perfil do Mati também vai falar sobre a proposta dos pesquisadores para a implementação do Hidrograma das Piracemas. Construído a partir de saberes tradicionais e acadêmicos, o Hidrograma das Piracemas é uma alternativa para adequar os volumes de água liberados pela usina de Belo Monte ao ciclo de reprodução dos peixes, especialmente em áreas de piracema, para onde os peixes migram na época de reprodução.

Atualmente, Belo Monte opera com o desvio de 70% a 80% das águas do Rio Xingu para as turbinas. Em uma entrevista recente à revista Pesquisa Fapesp, André Sawakuchi, professor do Instituto de Geociências (IGc) da USP e um dos coordenadores da pesquisa, explicou que o projeto da hidrelétrica já previa a redução da vazão da Volta Grande do Xingu, mas os impactos se mostraram mais graves do que o estimado.

Nesse sentido, uma data que ganhou importância foi o dia 8 de fevereiro de 2023. Nessa data, os pesquisadores do Mati se depararam com milhões de ovas de peixes mortas nos barrancos secos da margem do Rio Xingu. O local, conhecido como piracema do Odilo, era um berçário de peixes. Com a brutal redução na vazão após o barramento do rio, tornou-se um túmulo a céu aberto.

O cenário de seca e mortandade de peixes e outras espécies aquáticas tem afetado negativamente o ecossistema de florestas alagadas, a pesca tradicional e a navegação no Rio Xingu, produzindo impactos à segurança alimentar, à saúde e à subsistência das comunidades indígenas e tradicionais da região.

Com informações do Instituto Socioambiental


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