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Curso aborda resistência e produção intelectual de população periférica em São Paulo
Do aldeamento aos conjuntos habitacionais, curso da USP relembra a história dos territórios periféricos da cidade de São Paulo e discute as contribuições das periferias para novas leituras da cidade
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Na zona leste, na sul e na noroeste, curso de difusão destaca o papel das quebradas para a formação da história da cidade - Foto: thgusstavo/Pexels
O Centro MariAntonia da USP realiza, a partir de 15 de setembro, o curso gratuito Histórias dos Territórios Periféricos da Cidade de São Paulo. Ministrado pelo historiador e educador Adriano José de Sousa, a formação é dividida em seis encontros presenciais, sempre às sextas-feiras, das 15 às 18 horas. Com 150 vagas, as inscrições on-line no sistema Apolo da USP são realizadas até 8 de setembro pelo link http://e.usp.br/op- .
O curso pretende apresentar e debater formas de organização e produção intelectual das populações negras, indígenas, movimentos sociais e coletivos periféricos formados por trabalhadores que traçam novos projetos de cidade, ao fortalecerem a identidade de suas comunidades com seus territórios por meio de diferentes formas de pesquisa e difusão da história.
“Tudo gira em torno de valorizar vidas e ideias de cidade e sociedade que dificilmente são levadas em conta por quem detém o poder”, afirma Sousa, que é historiador, educador e mestre em História Social pela Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH) da USP. Ele acredita que há duas grandes dificuldades para que as contribuições da periferia sejam valorizadas e consideradas válidas: o racismo estrutural e os recursos reduzidos para a área da cultura que contemplem atividades de patrimônio, memória e acervos nas periferias. “Muitos coletivos não têm sequer sede, e nem sempre os espaços públicos são acolhedores às suas demandas. Muitos pesquisadores ficam pelo caminho por não conseguirem se formar, apesar do avanço das políticas de cotas e permanência estudantil”, lembra. “Há um grande caminho a percorrer na educação patrimonial, a fim de entendê-la como uma área que faz avançar educação, geração de renda, saúde, dentre outras que são vistas como mais essenciais pela sociedade”.
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Especialista em Historia das Periferias da cidade de São Paulo com foco no estudo do território de São Mateus, Adriano José de Sousa é mestre pela USP e integrante do coletivo CPDOC Guaianás - Foto: Lattes
Atualmente, Sousa é doutorando em História e Fundamentos da Arquitetura e do Urbanismo na Faculdade de Arquitetura e Urbanismo (FAU) da USP, estudando as narrativas históricas dos coletivos culturais periféricos da cidade de São Paulo. É integrante do coletivo de pesquisadores periféricos Centro de Pesquisa e Documentação Histórica (CPDOC) Guaianás, professor da rede estadual de ensino e educador popular no movimento negro Uneafro-Brasil.
Confira a seguir a programação do curso que ele irá ministrar no Centro MariAntonia da USP:
Programação
15 de setembro
São Miguel Paulista e Itaim Paulista: Do Aldeamento às Migrações Nordestinas
22 de setembro
São Mateus e Itaquera: O papel das ferrovias e estradas na ocupação das periferias
29 de setembro
Cidade Tiradentes e Guaianases: Fazendas, Povoados e Conjuntos Habitacionais
6 de outubro
Zona Noroeste de São Paulo: Escritas Urbanas do Jaraguá e de Perus
20 de outubro
Caminhos de M’Boi Mirim e Capão Redondo: Histórias para Além de Santo Amaro
27 de outubro
Quais as contribuições das periferias para novas leituras da cidade e intervenções no urbano?
O curso de difusão é voltado para professores do ensino básico público, agentes culturais, servidores públicos, educadores populares, estudantes de graduação nas mais diversas áreas (bacharelado e licenciatura) e sociedade civil em geral.
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Turismo de quebradas é caminho para valorização das periferias
“É uma oportunidade de conhecer e reconhecer lugares, memórias e as belezas das periferias em seu cotidiano e potência”, diz Milena Manhães Rodrigues, doutoranda pela EACH-USP
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Patrimônio histórico da periferia revela história de resistência em São Paulo
Grupo de estudos da USP resgata memórias e bens culturais da zona leste da capital; produtores locais revelam um passado de lutas e recontam história das origens da cidade
Sousa lembra de iniciativas e exemplos de resistência para a criação de uma memória da periferia na história da cidade de São Paulo: “Trabalhos como o de Deocleciana Ferreira sobre a Fazenda da Juta, de Sheila Alice da Silva (in memoriam) sobre as memórias da população negra de Guaianases. Coletividades formadas por trabalhadores, população negra, LGBTQIA+ e indígenas vêm desenvolvendo trabalhos de formação, preservação e difusão de acervos documentais, patrimônios históricos e entrevistas que colocam as memórias periféricas na agenda cultural e científica das universidades”, diz.
Além do CPDOC Guaianás, que atua no extremo leste da capital paulista, o pesquisador destaca o Centro de Memória Queixadas, que salvaguarda a resistência trabalhadora em Perus, os coletivos Nos Trilhos, do Jaraguá, e Rosas Periféricas, no Parque São Rafael. “Além das contradições dos processos de urbanização em seus territórios, [estes coletivos] também formulam propostas para superar problemas ambientais em seus locais de moradia.”
Serviço
Histórias dos Territórios Periféricos da Cidade de São Paulo
Onde: Centro Maria Antonia da USP
Rua Maria Antonia, 294, Vila Buarque – São Paulo – próximo à estação Higienópolis do Metrô
Quando: De 15 de setembro a 27 de outubro de 2023, sextas-feiras, das 15 às 18 horas
Quanto: Gratuito
Vagas: 150 vagas presenciais com certificado
Inscrições: pelo sistema Apolo http://e.usp.br/op- (caso o número de participantes ultrapasse o número de vagas haverá sorteio)
Saiba mais: http://www.mariantonia.prceu.usp.br/cursos
cursosma@usp.br
*Com informações do Centro MariAntonia da USP
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