Entre os dias 25 e 28 de agosto, as cidades mineiras de São João del-Rei, Prados, Tiradentes e Resende Costa recebem o Festival de Música Brasileira no Bicentenário da Independência, evento composto de uma série de masterclasses e concertos que contarão com a participação de músicos locais e da USP Filarmônica. Promovido numa parceria da orquestra com o Sistema Nacional de Orquestras Sociais (Sinos), com o Núcleo de Pesquisa em Ciências da Performance em Música da USP (NAP-Cipem) e com a Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto (FFCLRP) da USP, o evento terá como fio condutor o contexto dos 200 anos de independência do Brasil, com um repertório que inclui obras dos séculos 18, 19 e 20 de diversos autores. O Sinos é uma parceria entre a Fundação Nacional de Artes (Funarte) e a Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).
As atividades do festival se iniciam nesta quinta-feira, dia 25, com um ensaio, para coro e orquestra, que reunirá todos os músicos participantes do evento no Conservatório José Maria Xavier, em São João del-Rei. O programa, que será apresentado nos dias seguintes em Prados (dia 26), Resende Costa (27), Tiradentes (27) e São João del-Rei (28), é fruto das pesquisas e do trabalho editorial do NAP-Cipem, coordenado pelo maestro Rubens Russomanno Ricciardi, em parceria com o Sinos. A iniciativa, que inclui a edição e disponibilização de partituras através do Repertório Sinos, visa a ampliar o repertório didático a ser apresentado pelas orquestras de projetos sociais no Brasil.
Quase todo o repertório gira em torno de obras dos séculos 18 e 19 e de canções folclóricas do início do século 20, no contexto do bicentenário da Independência do Brasil, de autores anônimos e de dois dos maiores nomes da música mineira do século 18, Manuel Dias de Oliveira e José Joaquim Emerico Lobo de Mesquita. A exceção são os europeus Wolfgang Amadeus Mozart (1756-1791) e Luigi Boccherini (1743-1805), de quem serão apresentadas composições que assinalam sua aproximação com seus contemporâneos brasileiros.
O evento se destaca pela inserção dos músicos locais de São João del-Rei, Prados, Tiradentes e Resende Costa, que não apenas participarão das masterclasses, mas também atuarão nos concertos com a USP Filarmônica, como músicos instrumentistas e cantores.
Fundada em fevereiro de 2011, a USP Filarmônica é formada por estudantes bolsistas da USP. Ligada à FFCLRP, ela mantém agenda artística de concertos sinfônicos e récitas de óperas em Ribeirão Preto e São Carlos, além de apresentações especiais em outras cidades. Rubens Russomanno Ricciardi (diretor de orquestra e maestro principal) e José Gustavo Julião Camargo (maestro assistente) atuam na direção artística desde a sua fundação. Mais informações sobre a orquestra estão disponíveis neste link.
Programa inclui obras anônimas brasileiras do século 18
Confira a seguir a programação completa do Festival de Música Brasileira no Bicentenário da Independência.
25 de agosto, quinta-feira
19 horas. Ensaio com coros e orquestras, no Conservatório José Maria Xavier de São João del-Rei
26 de agosto, sexta-feira
16 horas. Masterclasses na Lira Ceciliana, em Prados
20 horas. Concerto na Igreja Matriz de Nossa Senhora da Conceição, em Prados
27 de agosto, sábado
10 horas. Concerto na Igreja de Nossa Senhora do Rosário, em Resende Costa
11 horas. Masterclasses em Resende Costa
17 horas. Masterclasses na Orquestra e Banda Ramalho, em Tiradentes
19 horas. Concerto na Igreja de São João Evangelista, em Tiradentes
28 de agosto, domingo
10 horas. Concerto na Igreja da Ordem Terceira de São Francisco, em São João del-Rei
Repertório coral sinfônico a ser apresentado pela USP Filarmônica, sob regência do maestro Rubens Russomanno Ricciardi, formado pelas seguintes obras e compositores:
Anônimo brasileiro (primeiro quartel do século 19): Lundum (pesquisa no Brasil entre 1817 e 1820 por Von Martius e edição por Theodor Lachner em Munique, 1825)
Anônimo carioca (segundo quartel do século 19): Lundum – Dança Popular Brasileira (editado no Rio de Janeiro pelos irmãos Laemert, 1835), com arranjo, orquestração e harmonização de Rubens Russomanno Ricciardi
Luigi Rodolfo Boccherini (1743-1805): Fandango (Madri, 1799)
Anônimo carioca (século 19): Moreninha – modinha imperial, com introdução, arranjo e harmonização de Rubens Russomanno Ricciardi
Anônimo baiano (século 18): Recitativo e Ária (Bahia, 2 de julho de 1759)
Anônimo de Prados (primeira metade do século 19): Duas Modinhas Pradenses (1820), com introdução, arranjo, orquestração e harmonização de Rubens Russomanno Ricciardi
Anônimos brasileiros (primeira metade do século 20): três canções populares (Rosa Amarela, O Bastão e Estrela é Lua Nova), com arranjo e harmonização de Heitor Villa-Lobos e orquestração de Olivier Toni
Manuel Dias de Oliveira (1734-1813): Miserere – moteto em ré maior (provavelmente do final do século 18)
Wolfgang Amadeus Mozart (1756-1791): Ave Verum Corpus – moteto em ré maior (1791)
José Joaquim Emerico Lobo de Mesquita (?-1805): Salve Regina (1787) e Tercio (1783)
