Mesa de som da Rádio USP de São Paulo – Foto: Marcos Santos/USP Imagens
.
No próximo dia 11 de outubro, quarta-feira, a Rádio USP comemora 40 anos de existência. Para celebrar a data, a emissora promove, no dia 11, das 9h às 19h, o show Rádio USP 40 Anos, com a participação de nomes consagrados do cancioneiro brasileiro, como Demônios da Garoa, Toninho Carrasqueira e Língua de Trapo (confira no cartaz abaixo a programação completa do evento). O espetáculo – que será transmitido ao vivo pela rádio – ocorrerá em frente à emissora, na Rua do Matão, na Cidade Universitária, em São Paulo.
“Rádio é uma coisa apaixonante. Porque é dinâmico e um grande companheiro. Pensá-lo como companheiro e ser cada vez mais companheiro do nosso ouvinte significa não esquecer de nosso papel como rádio pública.’’ A afirmação é do jornalista Marcello Rollemberg, editor de Cultura do Jornal da USP e responsável pela programação da rádio.
Com uma história rica, a Rádio USP se consolidou como referência no jornalismo brasileiro. Segundo Rollemberg, alguns fatores explicam esse fato. ”Não somos uma rádio de mercado e não estamos vinculados ao mainstream, o que nos dá liberdade editorial”, analisa. A valorização da música brasileira e a busca pelo jornalismo de qualidade são outros fatores apontados pelo jornalista para explicar o sucesso da rádio.
Sobre a produção jornalística, Rollemberg destacou a aposta nos colunistas como um diferencial da Rádio USP. ”A Rádio USP ensina. Esse tipo de programação traz credibilidade. É nossa resposta para a sociedade”, comenta. ”Trazemos o nome USP, que carrega uma simbologia pesada e inspira uma excelência. É isso que trazemos para a rádio”, continuou.
Pensando no futuro da emissora, Rollemberg lembra iniciativas que possam aprimorar sua programação. A aposta em programas diferentes é uma das alternativas. ”Em 2016, o Cinema Brasileiro, Mas com Sotaque deu muito certo”, citou. O programa, apresentado pelo jornalista norte-americano Jacob Moe, trazia entrevistas e trilhas sonoras do cinema brasileiro. ”É isso o que buscamos, algo diferente e atraente”, finalizou.
Rádio educativa e a propagação cultural
”Estar no dia a dia da Rádio USP é especial para mim. Estou aqui desde 2002, estudo o tema em meu mestrado e acho fundamental a discussão sobre a função de uma rádio educativa”, diz Mário Sant, radialista da Rádio USP e um dos organizadores da festa de celebração dos 40 anos, no próximo dia 11.
O primeiro ponto destacado por Sant foi a busca pela identidade da rádio. ”Com a programação que tem sido implementada nesta última gestão, estamos constituindo as bases do nosso projeto”, comentou.
Nesse contexto de iniciativas que têm dado uma nova cara à Rádio USP, o radialista cita o programa que apresenta diariamente, ao meio-dia, o Via Sampa. ”Junto com a Heloísa Granito e toda a equipe, elaboramos algo que hoje é um ponto relevante na agenda cultural. Há espaço para nomes renomados da música brasileira que não encontram o devido espaço na grande mídia. Isso é fundamental para a difusão da música e da diversidade nacional”, defende.
O evento do próximo dia 11 também é citado pelo radialista. ”É uma data emblemática e é uma oportunidade de celebrar, ainda mais em um momento de tantas crises”, disse.
”Além de mantermos o modelo que se consolida, é necessário pensar em fazer com que evolua, levar adiante.” Para Mário Sant, essa deve ser a filosofia a nortear os rumos da Rádio USP. Uma das medidas citadas por ele é o incentivo à interação com o público. ”Somos ouvidos, mas temos pouca noção desse feedback, que é importante para pensar em mudanças, erros e acertos”, frisa. Outra ideia, segundo Sant, é estreitar a relação com outras universidades públicas. ”A base da rádio educativa é a experimentação. Esse intercâmbio seria positivo e enriqueceria os projetos.”
Explorar outras vozes na Universidade
A Rádio USP inseriu em sua programação a participação de colunistas, professores da Universidade que, em programas semanais de cinco minutos, analisam temas ligados às suas especialidades. Para Mário Sant, a figura do professor traz credibilidade, mas explorar outras vozes é fundamental para o desenvolvimento da Rádio USP. ”Os estagiários, por exemplo, enriquecem a produção”, comenta. ”Mas é importante ampliar esse canal, pois há uma polifonia na Universidade e poderíamos aproveitar isso para extrair coisas interessantes de outras vozes’’, continuou.
Outra ideia apresentada pelo radialista é a elaboração de núcleos criativos, responsáveis pela produção de conteúdos que diferenciem a programação da Rádio. A abordagem desses conteúdos, contudo, para Sant, deve incentivar o diálogo com a sociedade. ”Os núcleos criativos darão uma força motriz à rádio, mas também cumprirão um importante papel, já que identificar os anseios da população e saber o que irradiar para representá-la é um caminho fundamental.”
No dia 11 de outubro, programação especial da Rádio USP começa às 9 horas e vai até as 19 horas – Foto: Cecília Bastos / USP Imagens
.
.