Entre os dias 25 e 28 de fevereiro, a Biblioteca Brasiliana Guita e José Mindlin (BBM) da USP promoverá seminários a respeito do período modernista brasileiro. O evento O Lado Oposto e os Outros Lados, que acontecerá no Centro de Pesquisa e Formação (CPF) do Sesc, em São Paulo, é parte do projeto 3 vezes 22 (1822-1922-2022), da BBM, que celebra o bicentenário da Independência do Brasil e também os cem anos da Semana de Arte Moderna.
O coordenador do evento, professor Elias Thomé Saliba, docente da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH) da USP, destaca que o foco do evento é um Modernismo esquecido. Segundo ele, a busca por uma identidade nacional levou à criação de uma cultura que “homogeneíza diferenças culturais, aplaina temporalidades estanques e sublima todos os seus conflitos antagônicos”. Em razão disso, diz, a memória de tantos segmentos sociais foi deixada de lado e ocorreu a valorização de algumas obras específicas em detrimento de outras.
O professor Alexandre Macchione Saes, vice-diretor da BBM e membro da comissão organizadora do evento, explica um pouco mais sobre o tema: “Buscamos resgatar esse debate sobre o que é moderno, o que é nacional, e atualizá-lo no cenário atual, principalmente do ano passado para cá, quando esses assuntos estão mais aflorados”. Ele também ressalta que o resgate dessas discussões se dá em um tom crítico e relacionado à contemporaneidade, como é o objetivo do projeto 3 vezes 22.
“A ideia do evento é dar voz ao que não entrou na Semana de Arte Moderna, recuperar a memória dos outros lados que não receberam notoriedade na época”, conta Saes. A programação do ciclo de seminários é baseada nisso, buscando “problematizar temas e personagens que foram deixados de lado, explorando questões gráficas, o humor e destacar os que foram esquecidos ao longo do tempo”.
O nome da celebração é proveniente de um artigo homônimo escrito por Sérgio Buarque de Holanda, em 1926, no qual o historiador critica o tradicionalismo da época e também alguns companheiros modernistas que faziam do movimento algo muito erudito. Como destacam os organizadores, o diferencial do evento é o foco nas obras esquecidas do Modernismo, cujos títulos foram deixados de lado em função da ascensão de outros artistas, que dialogavam mais com os meios de comunicação dos anos 1920.
Estarão presentes na discussão pesquisadores de diferentes instituições, como USP, Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e as Universidades Federais de Minas Gerais (UFMG) e do Rio Grande do Sul (UFRGS). Os temas debatidos vão muito além da produção cultural modernista, incluindo reflexões sobre as mudanças na urbanização brasileira e a criação de marcos simbólicos que provocaram o esquecimento da memória de negros, imigrantes e outros grupos sociais à margem da elite intelectual da época.
Ao longo do evento, em cada dia de atividades haverá duas mesas-redondas sobre temas variados, como literatura, teatro, escultura e até mesmo a ecologia modernista. Para participar, é necessário inscrever-se pelo site do Centro de Pesquisa e Formação (CPF) do Sesc até este domingo, dia 24. Após esse período, caso ainda haja vagas, é possível realizar a inscrição apenas presencialmente, em qualquer unidade do Sesc em São Paulo.
O evento O Lado Oposto e os Outros Lados é uma realização da BBM, em parceria com o CFP do Sesc, o Instituto de Estudos Brasileiros (IEB) da USP e a Pró-Reitoria de Cultura e Extensão Universitária (PRCEU) da USP.
O evento O Lado Oposto e os Outros Lados ocorre entre os dias 25 e 28 de fevereiro, de segunda a quinta-feira, das 14h às 18h, no Centro de Pesquisa e Formação (CPF) do Sesc (Rua Dr. Plínio Barreto, 285, 4º andar, Bela Vista, em São Paulo). As inscrições devem ser feitas no site do CPF do Sesc.