No século 7 antes de Cristo, o poeta e soldado Arquíloco de Paros estava para se casar com sua amada Neobule. Porém, o pai dela, Licambes, contrário ao relacionamento entre os dois, impediu o casamento. Irritado, Arquíloco passou a compor poemas denunciando os vícios de Licambes. “A raiva armou Arquíloco com os iambos que lhe são próprios”, disse mais tarde o poeta latino Horácio, um dos grande cultivadores desse gênero poético.
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Essa é a origem da chamada poesia iâmbica, tema do mais novo vídeo da série Estudos Clássicos em Dia, produzida pela Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH) da USP. Nele, o professor Alexandre Pinheiro Hasegawa, do Departamento de Letras Clássicas e Vernáculas da FFLCH, fala sobre esse tipo de poesia, suas características e principais representantes. “A matéria propriamente dita do gênero iâmbico é o vício”, diz Hasegawa no vídeo. “Como o poeta está irado, sua linguagem vem carregada desse páthos (paixão, sentimento) e é baixíssima. O poeta invectiva seus adversários com xingamentos, denunciando seus vícios sexuais, sua feiura, que é uma representação física do vício moral, e daí vem a descrição dos atos sexuais de maneira nua e crua, em seus aspectos fisiológicos, com a finalidade de produzir também, mas não só, o riso.”
O recurso cômico, usado para rebaixar os adversários, é um elemento importante do gênero iâmbico, segundo Hasegawa. Sempre com o objetivo de ridicularizar, o poeta se utiliza da figura de animais, que são comparados às pessoas visadas no poema. “Daí a comparação dessa poesia com a fábula, que também usa animais para tirar ensinamentos morais.”
Assista neste link ao vídeo Poesia Iâmbica, com o professor Alexandre Hasegawa. Clique aqui.