A plataforma digital Conexões USP-Periferias traz a relação de pessoas, grupos e unidades da Universidade de São Paulo que estão produzindo conhecimentos sobre as periferias, como informa a educadora e ativista social Eliana Sousa Silva, professora visitante do Instituto de Estudos Avançados (IEA) da USP, idealizadora da plataforma. Há também o sentido acadêmico de “criar um espaço que vai dialogar diretamente com quem está atuando na periferia”, lembra Eliana. A iniciativa integra o projeto Democracia, Artes e Saberes Plurais (Dasp) da Cátedra Olavo Setubal de Arte, Cultura e Ciência da USP, mantida em parceria entre o IEA e o Itaú Cultural. O lançamento oficial da plataforma, que já está no ar, ocorrerá em data ainda a ser definida.
A base de dados multidisciplinar pode ser utilizada por pesquisadores, movimentos organizados, instituições públicas e organizações não governamentais atuantes nas periferias, que poderão recorrer a esses conhecimentos para elucidar questões relativas à desigualdade, à falta de direitos e às violações de direitos. Ao reunir esses dados, a plataforma não busca colaborar diretamente na resolução de problemas práticos da vida das pessoas das periferias e favelas, informa Eliana. Trata-se de um passo anterior: “A Universidade é pública e é um direito das pessoas ter um retorno dos trabalhos em que muitas vezes elas são objeto de estudo”.
Mapeamento de ações
Em termos de ensino, foram identificadas disciplinas de graduação e pós-graduação, monografias de conclusão de curso, dissertações e teses que contemplam discussões ligadas às periferias e favelas. Já no âmbito da pesquisa, o levantamento mapeou grupos de pesquisa e estudos que se dedicam às temáticas da plataforma, bem como a produção científica concretizada na forma de artigos, livros e trabalhos apresentados em eventos acadêmicos. Há ainda atividades de extensão, como editais da USP de estímulo a iniciativas que aproximem Universidade e sociedade, além dos programas e projetos desenvolvidos por docentes e discentes em regiões periféricas ou para as populações que habitam esses territórios. Também foram identificados os docentes com trajetórias de pesquisas relacionadas às questões das periferias e favelas e os coletivos discentes com atuação voltada para a presença e permanência na Universidade de estudantes provenientes das periferias.
Até agora, a plataforma incluiu 3.474 registros, sendo 1.617 teses e dissertações, 622 publicações (livros, capítulos de livro, produção didática ou artística, textos de jornal ou internet, relatórios técnicos), 623 artigos de periódicos acadêmicos, 491 trabalhos de eventos e 121 trabalhos de conclusão de curso de graduação. Foram sistematizadas 336 disciplinas, sendo 189 de graduação e 147 de pós-graduação stricto sensu (mestrado e doutorado). E há 125 docentes especialistas na temática, ligados a todas as unidades de ensino da USP, identificados a partir do próprio levantamento de produções acadêmicas realizado pelo projeto. “Essa lista serviu como ponto de partida para o mapeamento de 35 grupos de pesquisa e estudos”, afirma a coordenadora da plataforma, Érica Peçanha do Nascimento, antropóloga social e pesquisadora de pós-doutorado do IEA vinculada à cátedra.
Houve ainda a identificação de 62 coletivos, sendo que 27 deles forneceram informações por meio de entrevistas, e as ações de extensão somam 101, sendo 18 editais regulares de apoio financeiro a novos projetos docentes e discentes, sete programas permanentes de integração Universidade-comunidade ligados à Pró-Reitoria de Cultura e Extensão Universitária da USP, sete Núcleos de Apoio à Cultura e à Extensão (Nace), 14 cursos pré-vestibulares destinados à população de baixa renda e 55 iniciativas de extensão e cultura desenvolvidas por professores, estudantes e funcionários.
A plataforma Conexões USP-Periferias, da Cátedra Olavo Setubal de Arte, Cultura e Ciência da USP, está disponível gratuitamente neste link.
Com informações extraídas de texto de Mauro Bellesa publicado no site do IEA.