![Joannes Blaeu (1663) - Foto: Jorge Maruta/USP Imagens](https://jornal.usp.br/wp-content/uploads/elementor/thumbs/Joannes-Blaeu-1663_-Foto-Jorge-Maruta-nvogno0yb1yguaigjr1jeyuf0em42olxfwvo4z0qbc.jpg)
![Lucia Loeb, "Abismo" (2012) - Foto: Marcos Santos/USP Imagens](https://jornal.usp.br/wp-content/uploads/elementor/thumbs/Lucia-Loeb-Abismo-2012_-Foto-Marcos-Santos-_U0Y1846-copiar-nvoft814y8a4syqgblajnneyd4o4rlqwl87ikc5rug.jpg)
![Augusto Campos e Julio Plaza "Poemóbiles" (1974) - Foto: Jorge Maruta/USP Imagens](https://jornal.usp.br/wp-content/uploads/elementor/thumbs/Augusto-Campos-e-Julio-Plaza_-Poemobiles_-1974_-Foto-Jorge-Maruta-2-nvogn2enxv4vf9dv1zp4bmatcjko5n83oxvi3lwsag.jpg)
Para o escritor argentino Jorge Luís Borges, o paraíso seria uma enorme biblioteca. Já para o pensador e tribuno romano Cícero, uma casa sem livros era como um corpo sem almas. E o escritor inglês Holbroock Jackson, autor do clássico sobre o amor aos livros The anatomy of bibliomania, escreveu um alentado ensaio explicando como um livro pode mexer com os nossos cinco sentidos. Afinal, um livro é muito mais do que um feixe de papel encadernado com palavras encadeadas – não. Ele vai muito além disso, atravessa fronteiras e permite uma série de interpretações. É só o leitor querer. Quem quiser pôr à prova essa afirmação precisa, então, visitar a exposição Tarefas Infinitas, em cartaz em dois endereços distintos: a Biblioteca Brasiliana Guita e José Mindlin (BBM) da USP, na Cidade Universitária, e o Centro de Pesquisa e Formação do Sesc. São mostras-irmãs, nascidas de uma mesma ideia: a exposição original que aconteceu em 2012 na emblemática Fundação Calouste Gulbenkian, um dos mais importantes centros artísticos de Lisboa. “A exposição é um ensaio sobre o livro e o que ele pode nos apresentar”, escreveu o curador português da mostra, o professor e crítico de arte Paulo Pires do Vale. “Mais do que uma exposição de livros, é uma reflexão sobre a nossa relação com eles.”
Ouça no link acima entrevista de Rosely Nakagawa, uma das curadoras da mostra Tarefas Infinitas, transmitida pelo programa Via Sampa, da Rádio USP (93,7 MHz)
E essa reflexão à qual se refere nasce justamente na simbiose entre o livro e a expressão artística, sobre os limites permanentemente provocados e reconfigurados da arte e do livro, remetendo a um diálogo infinito, tanto quanto as tarefas que inspiram e dão nome à mostra. “A ideia é misturar o contemporâneo com o antigo, com o clássico, para criar essa provocação e uma reflexão sobre o livro, algo que é muito utilizado na arte contemporânea”, afirma a cocuradora da mostra Rosely Nakagawa em entrevista dada ao programa Via Sampa, da Rádio USP . “O próprio sentido do livro já nos leva a refletir.”
Galeria de imagens da exposição no SESC
![Mostra "Tarefas Infinitas", no Sesc - Foto: Marcos Santos/USP Imagens](https://jornal.usp.br/wp-content/uploads/elementor/thumbs/Mostra-Tarefas-Infinitas-no-SESC_-Foto-Marcos-Santos-_U0Y2059-nvoftjb1dqka8bo5fybc8agdlakhc13jnxegh7oay0.jpg)
![Mostra "Tarefas Infinitas", no Sesc - Foto: Marcos Santos/USP Imagens](https://jornal.usp.br/wp-content/uploads/elementor/thumbs/Mostra-Tarefas-Infinitas-no-SESC_-Foto-Marcos-Santos-_U0Y1951-copiar-nvoftcq61wb9z1xpidgy8u45flgwu5dfb0u249y25k.jpg)
![Mostra "Tarefas Infinitas", no Sesc - Foto: Marcos Santos/USP Imagens](https://jornal.usp.br/wp-content/uploads/elementor/thumbs/Mostra-Tarefas-Infinitas-no-SESC_-Foto-Marcos-Santos-_U0Y1963-nvoftghit8gf9hs8wf3git5zt4ydoxscnjg01dshgo.jpg)
![Antonio Pedro Marinetti, Marshall McLuhan e Quentin Fiore - Foto: Marcos Santos/USP Imagens](https://jornal.usp.br/wp-content/uploads/elementor/thumbs/Antonio-Pedro_-Marinettti_-Marshall-Mcluhan-Quentin-Fiore_-Foto-Marcos-Santos-_U0Y1943-copiar-nvofsd0au6ydpvdlay14m34muycypnfmi41lvrf0q0.jpg)
![Fabio Morais e Marilá Dardot, "A Queda" (2010) - Foto: Marcos Santos/USP Imagens](https://jornal.usp.br/wp-content/uploads/elementor/thumbs/Fabio-Morais-e-Marilá-Dardot_-A-Queda-2010_-Foto-Marcos-Santos-_U0Y2051-copiar-nvofshphsd4tbx6rji29gjxxtvpss4ya6rb1a581uw.jpg)
![Autor desconhecido, "Santa Ana Ensina filha" - Foto: Marcos Santos/USP Imagens](https://jornal.usp.br/wp-content/uploads/elementor/thumbs/Autor-desconhecido_-Santa-Ana-ensina-filha_-Foto-Marcos-Santos-U0Y1859-copiar-nvofsevz7v0yd3auzyudr2nk1q3p51n36dckubc8dk.jpg)
![Hamishi Fulton, "Canto de Pássaro", e Bruno Munari, "Livro Ilegível" - Foto: Marcos Santos/USP Imagens](https://jornal.usp.br/wp-content/uploads/elementor/thumbs/Hamishi-Fulton_-Canto-de-Pássaro_-Bruno-Munari_-Livro-Ilegivel_-Foto-Marcos-Santos-_U0Y1985-copiar-nvofsjl6617dz5418iviljgv0ngj7j5qv0m08p59ig.jpg)
![Honoré de Balzac (1891) - Foto: Marcos Santos/USP Imagens](https://jornal.usp.br/wp-content/uploads/elementor/thumbs/Handré-de-Balzac-1891_-Foto-Marcos-Santos-_U0Y2011-nvofsoad47dtl6x7h2wng0a5zktda0oejnvfn2yanc.jpg)
![Ivan Padovani, "Causa e Efeito" (2017) - Foto: Marcos Santos/USP Imagens](https://jornal.usp.br/wp-content/uploads/elementor/thumbs/Ivan-Padovani_-Causa-e-Efeito-2017_-Foto-Marcos-Santos-_U0Y1980-copiar-nvofsq61hvge8euh63pwkzt36ck3pevv7x6elmviaw.jpg)
![Jérome Vallet - Foto: Marcos Santos/USP Imagens](https://jornal.usp.br/wp-content/uploads/elementor/thumbs/Jérome-Vallet_-Foto-Marcos-Santos-_U0Y1840-copiar-nvofsszk2dk978qdpmxsah3gyi67ci728b4v1grbs8.jpg)
![Jérome Vallet - Foto: Marcos Santos/USP Imagens](https://jornal.usp.br/wp-content/uploads/elementor/thumbs/Jérome-Vallet_-Foto-Marcos-Santos_U0Y1841-copiar-nvofsuv8g1mtugnnenr1fgme59wxrweiwkfu00ojfs.jpg)
![Jorge Martins e Luiza Neto Jorge, "O Ciclópio Acto" (1972) - Foto: Marcos Santos/USP Imagens](https://jornal.usp.br/wp-content/uploads/elementor/thumbs/Jorge-Martins-_-Luiza-Neto-Jorge_-O-Ciclópico-Acto-1972_-Foto-Marcos-Santos-_U0Y1927-copiar-nvofsxor0jqotajjy6yx4xwrxfj1ezppwyeafukcx4.jpg)
![José Escada, "Os 5 Signos" (1966) - Foto: Marcos Santos/USP Imagens](https://jornal.usp.br/wp-content/uploads/elementor/thumbs/José-escada_-Os-5-signos-1966_-Foto-Marcos-Santos-_U0Y1938-copiar-nvofszkfe7t9gigtn7s69xfp479rudx6l7p9eehkko.jpg)
![Lourdes Castro, "Sombra" (1971) - Foto: Marcos Santos/USP Imagens](https://jornal.usp.br/wp-content/uploads/elementor/thumbs/Lourdes-Castro_-Sombra-1971_-Foto-Marcos-Santos-_U0Y1998-copiar-nvoft65aq229ps79ksmk9drx9wdcc9nay49nrc7td4.jpg)
![Lucia Loeb, "Abismo" (2012) - Foto: Marcos Santos/USP Imagens](https://jornal.usp.br/wp-content/uploads/elementor/thumbs/Lucia-Loeb-Abismo-2012_-Foto-Marcos-Santos-_U0Y1846-copiar-nvoft80z3q4ud04j9tftedaugo42rnurmdkmpw510o.jpg)
![Michael Snow, "Capa a Capa" (1975) - Foto: Marcos Santos/USP Imagens](https://jornal.usp.br/wp-content/uploads/elementor/thumbs/Michael-Snow-capa-a-capa_-Foto-Marcos-Santos-1975-_U0Y1872-copiar-nvoftauho88pbu0ftcnp3ul88tq6er5ymrj35q0ui0.jpg)
![Tapiés, "Atrás do Espelho" (1969) - Foto: Marcos Santos/USP Imagens](https://jornal.usp.br/wp-content/uploads/elementor/thumbs/Tapiés_-Atras-do-espelho-1969_U0Y1971-nvofttn9gwyfs194rks8hpug4j5iop8ldcksr98z1k.jpg)
![Lewis Carrol, "A Caça ao Smark" - Foto: Marcos Santos/USP Imagens](https://jornal.usp.br/wp-content/uploads/elementor/thumbs/Lewis-Carrol_-A-Caça-ao-Smark_-Foto-Marcos-Santos-_U0Y1891-copiar-nvoft49mcdzp2k9zvrtb4e9034mlwvfu9uyossalpk.jpg)
![Lawrence Weiner (2007) - Foto: Marcos Santos/USP Imagens](https://jornal.usp.br/wp-content/uploads/elementor/thumbs/Lawrence-Weiner-2007_-Foto-Marcos-Santos-_U0Y1867-copiar-nvoft1g3rvvu3qe3c8lfewymaz0i9s4n9h08cyes88.jpg)
![Nicolas Giarud, "Época de Fogo" (2018) - Foto: Marcos Santos/USP Imagens](https://jornal.usp.br/wp-content/uploads/elementor/thumbs/Nicolas-Giarud_-Época-de-fogo-2018_-Foto-Marcos-Santos-U0Y2031-nvoftl6premuvjlf4z4ld9zas2b7rfb0c6pffrlilk.jpg)
![Raymond Queneau, "cent mille milliards de poèmes" (1973) - Foto: Marcos Santos/USP Imagens](https://jornal.usp.br/wp-content/uploads/elementor/thumbs/Raymond-Queneau_-Cem-milhões-de-poemas-1973_-Foto-Marcos-Santos-_U0Y1906-nvoftn2e52pfiriotzxui9i7yu1y6tih0g0eebiq94.jpg)
![Richard Long, "Labirinto" (1991) - Foto: Marcos Santos/USP Imagens](https://jornal.usp.br/wp-content/uploads/elementor/thumbs/Richard-Long_-Labirinto_-1991_-Foto-Marcos-Santos-_U0Y1899-nvoftoy2iqs05zfyj0r3n9155lsom7pxopbdcvfxwo.jpg)
![Rodney Graham, "Introdução a Lenz" (2014) - Foto: Marcos Santos/USP Imagens](https://jornal.usp.br/wp-content/uploads/elementor/thumbs/Rodney-Graham-Introdução-a-Lenz-2014_-Foto-Marcos-Santos-_U0Y1919-nvoftrrl38vv4tbv2jyzcqbixres9b14p39tspbre0.jpg)
![William Morris - Foto: Marcos Santos/USP Imagens](https://jornal.usp.br/wp-content/uploads/elementor/thumbs/William-Morris_-Foto-Marcos-Santos-_U0Y1881-nvoftwgs1f2aqv51b404774twormbsjsdqj9734siw.jpg)
Esse “sentido” do livro pode ser melhor avaliado, claro, na própria mostra, seja na Biblioteca Mindlin ou no Sesc. Nesses dois espaços encontram-se não apenas obras históricas e raras, mas também livros-objetos que remetem justamente a esse intrincado relacionamento entre o livro e a arte, ou o livro-arte, ou o livro como artefato lúdico. É o caso, por exemplo, dos “poemóbiles” criados pelo poeta concreto Augusto de Campos e pelo artista plástico e ex-professor da Escola de Comunicações e Artes (ECA) da USP Julio Plaza. Os poemóbiles, expostos na Cidade Universitária, são um bom exemplo não só da fronteira fluida entre livro e arte mas também de como essa fronteira pode ser cruzada em direção a uma “transgressão” que amplifica os sentidos do livro.
Essa transgressão artística também pode ser medida em outras obras, como o volume cent mille milliards de poèmes, do poeta surrealista francês Raymond Queneau. O livro, exposto no Sesc, traz os poemas em páginas retalhadas, como se cada recorte poético, cada estrofe, tivesse vida própria, independente do livro que o contém. Mais do que um livro para se ler, é uma obra para se sentir. Aí reside toda a diferença – e a própria alma da exposição.
A mostra traz desde vídeo-instalações a obras curiosas – como o livro-banco que José Mindlin mandou fazer para sua mulher Guita, quando ainda namoravam na Faculdade de Direito da USP e ela reclamava que as carteiras da sala de aula não deixavam que ela, baixinha, encostasse os pés no chão – e peças raras, como a Arte da grammatica da lingoa mais usada na costa do Brasil, escrita pelo padre José de Anchieta e publicada em 1595, ou a petição de 1774 de Bartolomeu de Gusmão (conhecido como “o padre voador”) sobre o instrumento que inventou “para andar no ar” – um balão.
Galeria de imagens da exposição na Biblioteca Brasiliana Guita e José Mindlin
![Mostra "Tarefas Infinitas", na Biblioteca Brasiliana - Foto: Jorge Maruta/USP Imagens](https://jornal.usp.br/wp-content/uploads/elementor/thumbs/01.-Mostra-Tarefas-Infinitas_-Foto-Jorge-Maruta-nvogmt0470mpr75lj3s4dek3i8ay0qancsprge9z6w.jpg)
![Mostra "Tarefas Infinitas", na Biblioteca Brasiliana - Foto: Jorge Maruta/USP Imagens](https://jornal.usp.br/wp-content/uploads/elementor/thumbs/04.-Mostra-Tarefas-Infinitas_-Foto-Jorge-Maruta-nvogmuvskopaef2v84ldie30p01og4i4120qey76ug.jpg)
![Mostra "Tarefas Infinitas", na Biblioteca Brasiliana - Foto: Jorge Maruta/USP Imagens](https://jornal.usp.br/wp-content/uploads/elementor/thumbs/06.-Mostra-Tarefas-Infinitas_-Foto-Jorge-Maruta-nvogmwrgycrv1n04x5emndlxvrsevipkpbbpdi4ei0.jpg)
![Augusto Campos e Julio Plaza, "Poemóbiles" (1974) - Foto: Jorge Maruta/USP Imagens](https://jornal.usp.br/wp-content/uploads/elementor/thumbs/Augusto-Campos-e-Julio-Plaza_-Poemobiles_-1974_-Foto-Jorge-Maruta-1-nvogmzkziuvq0gw1gomicuwbnxeiim0rppa5tc07zc.jpg)
![Augusto Campos e Julio Plaza "Poemóbiles" (1974) - Foto: Jorge Maruta/USP Imagens](https://jornal.usp.br/wp-content/uploads/elementor/thumbs/Augusto-Campos-e-Julio-Plaza_-Poemobiles_-1974_-Foto-Jorge-Maruta-2-nvogn2ei3czkzary07ue2c6pg30m5pbyq38m95w1go.jpg)
![Augusto Campos e Julio Plaza, "Poemobiles" (1974) - Foto: Jorge Maruta/USP Imagens](https://jornal.usp.br/wp-content/uploads/elementor/thumbs/Augusto-Campos-e-Julio-Plaza_-Poemobiles_-1974_-Foto-Jorge-Maruta-3-nvogn4a6h125mip7p8nn7bpmmurcl3jfecjl7pt948.jpg)
![Constituição para o Império do Brasil, exemplar original - Foto: Jorge Maruta/USP Imagens](https://jornal.usp.br/wp-content/uploads/elementor/thumbs/Constituição-para-o-Império-do-Brasil_-Exemplar-Original_-Foto-Jorge-Maruta-nvogn73p1j60lcl48rviwt00f0dg86umeqi1njp2lk.jpg)
![Frei Francisco da Cunha (1743) - Foto: Jorge Maruta/USP Imagens](https://jornal.usp.br/wp-content/uploads/elementor/thumbs/Frei-Francisco-da-Cunha-1743_-Foto-Jorge-Maruta-nvogn8zdf78l8kidxsos1sixls46nl232zt0m3ma94.jpg)
![A exposição "Tarefas Infinitas" - Foto: Jorge Maruta/USP Imagens](https://jornal.usp.br/wp-content/uploads/elementor/thumbs/Frei-Francisco-da-Cunha_-Foto-Jorge-Maruta-nvognbsvzpcg7eeahbwnr9tbdxqaaoda3drh1xi3qg.jpg)
![Gilberto Freyre, "Sobrados e Mucambos" - Foto: Jorge Maruta/USP Imagens](https://jornal.usp.br/wp-content/uploads/elementor/thumbs/Gilberto-Freyre_-Sobrados-e-Mucambos_-Foto-Jorge-Maruta-nvogndokddf0umbk6cpww9c8kph0q2kqrn2g0hfbe0.jpg)
![Graciliano Ramos, "Vidas Secas" - Foto: Jorge Maruta/USP Imagens](https://jornal.usp.br/wp-content/uploads/elementor/thumbs/Graciliano-Ramos_-Vidas-Secas_-Foto-Jorge-Maruta-nvogngi2xvivtg7gpvxslqmmcv34d5vxs10wgbb4vc.jpg)
![Guimarães Rosa, "Grande Sertão: Veredas" - Foto: Jorge Maruta/USP Imagens](https://jornal.usp.br/wp-content/uploads/elementor/thumbs/Guimarães-Rosa-Grandes-Sertão-Veredas_-Foto-Jorge-Maruta-nvognjblidmqsa3d9f5ob7x050p80974sezcw56yco.jpg)
![Heinz Peter Knes Danhvo e Amy Zion (2012) - Foto: Jorge Maruta/USP Imagens](https://jornal.usp.br/wp-content/uploads/elementor/thumbs/Heinz-Peter-Knes-Danhvo-Amy-Zion-2012_-Acervo-SESC_-Foto-Jorge-Maruta-nvognl79w1pbfi0myfyxg7fxbsfyfnelgoabup4608.jpg)
![Joannes Blaeu (1663) - Foto: Jorge Maruta/USP Imagens](https://jornal.usp.br/wp-content/uploads/elementor/thumbs/Joannes-Blaeu-1663_-Foto-Jorge-Maruta-nvogno0sgjt6ebwjhz6t5oqb3y222qpsh28saizzhk.jpg)
!["Klaxon" - mensário de arte moderna (1922-23) - Foto: Jorge Maruta/USP Imagens](https://jornal.usp.br/wp-content/uploads/elementor/thumbs/Kraxon_-mensário-de-arte-moderna-1922-23_-Foto-Jorge-Maruta-nvognpwgu7vr1jtt7002ao98apssi4x95bjr92x754.jpg)
!["Le Gentil de La Barbinais" (1728) - Foto: Jorge Maruta/USP Imagens](https://jornal.usp.br/wp-content/uploads/elementor/thumbs/Le-Gentil-de-La-Barbinais-1728_-Foto-Jorge-Maruta-nvognspzepzm0dppqj7y05jm2vew588g5pi7owt0mg.jpg)
![Machado de Assis, "Poesias Completas" (1902) - Foto: Jorge Maruta/USP Imagens](https://jornal.usp.br/wp-content/uploads/elementor/thumbs/Machado-de-Assis_-Poesias-Completa-1902_-Foto-Jorge-Maruta-nvognulnse26nlmzfk17552j9n5mkmfwtyt6ngq8a0.jpg)
!["O Futuro", periódico literário (1862-63) - Foto: Jorge Maruta/USP Imagens](https://jornal.usp.br/wp-content/uploads/elementor/thumbs/O-Futuro_-Periodico-Litterário-RJ-1862-63_-Foto-Jorge-Maruta-nvognxf6cw61mfivz392umcx1srq7pr3ucrn3am1rc.jpg)
![O leitor, a biblioteca, o universo - Foto: Jorge Maruta/USP Imagens](https://jornal.usp.br/wp-content/uploads/elementor/thumbs/O-Leitor_A-Biblioteca_-O-Universo_-Foto-Jorge-Maruta-1-nvognzauqk8m9ng5o42bzlvu8kign3ykim2m1uj9ew.jpg)
![Rachel de Queiroz, "O Quinze" - Foto: Jorge Maruta/USP Imagens](https://jornal.usp.br/wp-content/uploads/elementor/thumbs/Rachel-de-Queiroz-O-Quinze_-Foto-Jorge-Maruta-1-nvogo24db2ch8hc27na7p3680q4ka79rj012hof2w8.jpg)
![](https://jornal.usp.br/wp-content/uploads/2018/09/20180905_tarefas-infinitas5.jpg)
Mas traz também preciosidades que os tempos tecnológicos atuais talvez não permitam mais a existência. É o caso das primeiras provas tipográficas do romance Vidas secas, de Graciliano Ramos. Mas o que a tecnologia a ver com isso? Tudo. Nos dias atuais, se o autor desistir de uma frase ou trecho de livro, se arrepender de ter escrito algo ou simplesmente quiser acrescentar um novo parágrafo, basta entrar no computador, deletar o que não queria e incluir um novo trecho, por exemplo. Muito prático, sem dúvida. Mas asséptico e, digamos, “desumanizado”. Na mostra, vemos as provas corrigidas e anotadas a mão por Graciliano, uma intervenção que chega ao seu paroxismo no próprio título da obra: originalmente, ela se chamava “O mundo coberto de penas”. Graciliano, com uma caneta de tinta preta, riscou todas as vezes em que esse título apareceu e escreveu por cima o “Vidas secas” que faria a sua fama.
Ter contato com esse tipo de interferência autoral, ou ver os originais manuscritos – com uma letra bem desenhada em tinta preta – de O quinze, de Rachel de Queirós, dá a sensação exata de que o livro em si foi além da página impressa, mas, sim, ficou impregnado de vida. E, no final das contas, talvez essa seja a tal tarefa infinita de um livro, conceito emprestado do filósofo alemão Edmund Husserl: ter vida, ser vida. Um livro se faz e se refaz. Sempre.
A exposição Tarefas infinitas fica em cartaz até 15 de setembro na Biblioteca Brasiliana Guita e José Mindlin (BBM) da USP (Rua da Biblioteca, s/n, Cidade Universitária, em São Paulo) e até 27 de outubro no Centro de Pesquisa e Formação (CPF) do Sesc (Rua Dr. Plínio Barreto, 285, 4º andar, Bela Vista, em São Paulo). Entrada grátis.