Livro conta a história da Congregação Israelita Paulista

Organizada por professora da USP, obra será lançada no dia 5 de dezembro, às 19 horas, em São Paulo

 23/11/2018 - Publicado há 6 anos
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Desde a sua fundação, em 1936, a Congregação Israelita Paulista promove os valores da liberdade e da democracia, mostra o livro organizado pela professora Maria Luiza Tucci Carneiro, da USP – Foto: Divulgação

.Fundada em 1936 por judeus que fugiram da Alemanha nazista, a Congregação Israelita Paulista (CIP), em São Paulo, surgiu com o objetivo de ajudar aqueles judeus que ainda permaneciam na Alemanha a escapar da perseguição promovida pelo regime de Adolf Hitler. Com isso, ela salvou muitas vidas. Mas esse não é o único legado da instituição. Desde suas origens até hoje, ela possui uma trajetória marcada por significativas contribuições para a cultura e a educação na sociedade brasileira.

A história da CIP inspirou a professora Maria Luiza Tucci Carneiro, da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH) da USP, a organizar o livro Olhares de Liberdade: CIP – Espaço de Resistência e Memória, que será lançado no dia 5 de dezembro, quarta-feira, às 19 horas, na Congregação Israelita Paulista. Sem caráter comercial, o livro será distribuído gratuitamente durante o lançamento.

“O livro é um libelo a favor da liberdade, mostrando a importância de a sociedade viver em liberdade e os perigos do cerceamento do direito de ser e estar em um lugar”, destaca Maria Luiza. Para a professora, a liberdade é “inegociável”, pois se trata de um patrimônio coletivo, necessário para o bem comum.

No livro, é contada a história do Lar das Crianças Flieg, fundado pela Congregação Israelita Paulista em 1937 – Foto: Divulgação

.Reconhecimento

A liberdade sempre foi o principal propósito da CIP, explica Maria Luiza. “No início da Congregação, houve uma reflexão sobre a questão da liberdade e dos perigos do nazismo e do fascismo. Depois que o grupo se formou, foi tomada a decisão de reunir as famílias da comunidade judaica, abrigar e oferecer apoio aos que estavam chegando.”

Heinrich ou Henrique Rattner, judeu que chegou ao Brasil nos anos 30 fugindo do nazismo, foi professor da USP e um dos fundadores do Centro de Estudos Judaicos da USP – Foto: Divulgação

.“A CIP é vista como um espaço de resistência e memória porque ela acolheu inicialmente os judeus alemães, perseguidos pelo nazismo, e depois os judeus italianos, perseguidos pelo fascismo”, justifica Maria Luiza. “Daí surgiu um núcleo de resistência que deixou um legado importantíssimo na cultura brasileira.”

A professora cita como exemplo judeus que, refugiados no Brasil, passaram toda a vida no País e legaram um valioso patrimônio cultural, religioso e político. É o caso do urbanista Henrique Rattner (1923-2011) e do crítico de teatro Anatol Rosenfeld (1912-1973). Ambos foram fundadores do Centro de Estudos Judaicos da USP.

“O livro reconstitui a memória de intelectuais, artistas e fotógrafos que participaram desse grupo. Todos possuem uma ligação muito próxima com a sociedade brasileira e deixaram um legado cultural imensurável. A CIP havia se tornado um centro produtor de cultura e formador das novas gerações”, afirma Maria Luiza.

O crítico de teatro e professor da USP Anatol Rosenfeld  – Foto: Divulgação

O livro

O livro é dividido em três partes. A primeira traz três artigos, “Liberdades e limitações do livre-arbítrio humano nas fontes do pensamento judaico”, “Mitos e leis” e “A vivência plena da liberdade”, escritos pelos rabinos Ruben Sternschein, Michel Schlesinger e Fernanda Tomchinsky Galanternik, respectivamente.

Na segunda parte, a professora Maria Luiza escreve sobre “CIP, espaço de liberdade e acolhimento”. Já a terceira parte, “Artífices da liberdade”, reproduz histórias de vidas de judeus refugiados no Brasil, registradas por pesquisadores do Núcleo de Estudos Arqshoah do Laboratório de Estudos sobre Etnicidade, Racismo e Discriminação (Leer) do Departamento de História da FFLCH.

Como explica Maria Luiza, o objetivo central do livro é não deixar esquecer o passado e as ações dos fundadores da CIP, assim como daqueles que mantêm vivo o ideal da Congregação.

Parte 1 do livro Olhares de Liberdade – Foto: Divulgação
Parte 2 do livro Olhares de Liberdade – Foto: Divulgação
Parte 3 do livro Olhares de Liberdade – Foto: Divulgação

.A cerimônia

Na cerimônia de lançamento do livro, no dia 5, haverá um debate entre os três rabinos que escreveram a primeira parte do livro e a professora Maria Luiza Tucci Carneiro. Os rabinos irão falar da questão da liberdade, enquanto Maria Luiza vai conversar sobre a história da CIP desde 1936 até hoje e sobre o papel que ela representa, como uma instituição que não defende apenas os ideais da comunidade judaica, mas os de toda a sociedade.

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Vitrais da Congregação Israelita Paulista (CIP), em São Paulo – Foto: Divulgação
Capa do livro Olhares de Liberdade, organizado por Maria Luiza Tucci Carneiro – Foto: Divulgação

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Cartaz do lançamento do livro Olhares de Liberdade – Foto: Divulgação (Clique na imagem para ampliar)

Após o debate, haverá coquetel e uma sessão de autógrafos. “O livro é uma mensagem rica em direção à liberdade e um alerta a respeito dos perigos de um regime nazista, de um regime que pratica a censura”, conclui Maria Luiza.

O lançamento do livro Olhares de Liberdade: CIP – Espaço de Resistência e Memória acontece no dia 5 de dezembro, quarta-feira, às 19 horas, na Congregação Israelita Paulista (CIP), localizada na Rua Antônio Carlos, 653, bairro de Cerqueira César, em São Paulo.

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