Filme produzido na USP é finalista em prêmio na Inglaterra

Curta sobre a diáspora negra é uma coprodução entre professores da USP e de Sussex e artista congolês

 03/10/2017 - Publicado há 7 anos     Atualizado: 05/10/2017 às 13:47
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Frame do trailer Tabuluja – Foto: Reprodução

O filme Tabuluja (Acordem!), produzido no Laboratório de Imagem e Som em Antropologia (Lisa) da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH) da USP, é finalista do The AHRC Research in Film Awards 2017, prêmio concedido pelo Conselho de Pesquisa em Artes e Humanidade (AHRC, na sigla em inglês) da Inglaterra. A produção é da professora Rose Satiko, do Departamento de Antropologia da FFLCH, em parceria com o professor Jasper Chalcraft, da Universidade de Sussex, e o artista da República Democrática do Congo Shambuyi Wetu, que atualmente vive em São Paulo.

Tabuluja (Acordem!) integra o projeto Fazer Musical e Patrimônio Cultural Africano em São Paulo, desenvolvido por Rose e Jasper, que estuda a maneira como artistas africanos imigrantes recentes de São Paulo se situam na cidade e retomam as suas práticas artísticas. Foi durante o projeto que eles conheceram o artista Shambuyi Wetu, que propôs aos pesquisadores uma colaboração na qual ele realizaria as suas performances artísticas enquanto os pesquisadores registrariam com vídeos e fotografias.

Artista Shambuyi Wetu realiza performance em que chama a atenção para as riquezas da África – Foto: Divulgação / Rose Satiko Hikiji

“Um dia Shambuyi foi ao Museu Afro Brasil, no Ibirapuera, em São Paulo, e disse que sentiu ali muito do sofrimento que foi a escravidão brasileira. Então ele decidiu fazer uma performance em resposta, que nós filmamos e inserimos no filme”, explica a professora Rose Satiko. A performance consistiu em andar em frente ao museu vestido de frutas, vegetais e peixes, com o intuito de mostrar que a África possui riquezas de recursos e tem muito mais a oferecer à humanidade.

No dia da Consciência Negra, em 2016, o artista também realizou uma performance em frente ao Museu Afro Brasil, que consistiu em se amarrar vendado a um tronco de árvore. As duas apresentações foram filmadas e inseridas no curta-metragem. Toda a narrativa visual do filme foi construída por Rose e Jasper, enquanto a narrativa sonora é de autoria do próprio Shambuyi.

No dia da Consciência Negra, o artista se amarrou numa árvore em frente ao Museu Afro Brasil – Foto:Divulgação / Rose Satiko Hikiji

The ARHC Research in Film Awards 2017  é a principal premiação dada a filmes de pesquisa. Por esse motivo os diretores decidiram inscrever o filme e se surpreenderam quando a produção ficou entre as finalistas. “Ficamos muito contentes, porque é um filme experimental, em coautoria com o próprio sujeito da pesquisa”, afirma Rose. A produção já está disponível na gina do Vimeo do laboratório. Outros curtas do projeto Afro-Sampas podem ser encontrados na página.

O prêmio é dividido em cinco categorias: Melhor Filme de Pesquisa do Ano, Prêmio de Doutorado ou Filme de Início de Carreira, Prêmio de Inovação, Prêmio Inspiração e Prêmio de Desenvolvimento Internacional: Mobilizando Vozes Globais. O filme do Lisa disputa nessa última categoria. O ganhador de cada uma delas leva ‎£ 2.000,00 (pouco mais de R$ 8 mil ).

Rose se sente otimista quanto às chances do filme brasileiro e já adianta que, se vencer, o dinheiro do prêmio será investido na continuidade do projeto. “Já considero a nomeação para as finais uma premiação e tanto, pois mostra que temos um grande potencial para a divulgação científica.” O anúncio dos vencedores será no dia 9 de novembro, em Londres.


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