Editora da USP publica a história completa da Hungria

Livro “Uma História da Hungria” será lançado nesta quinta-feira, às 14 horas, com transmissão pela internet

 22/06/2021 - Publicado há 3 anos
O rio Danúbio, que corta a Hungria – Foto: Wikipédia

 

O grande caçador Nemrod, um dos descendentes de Cam, filho de Noé, teve dois filhos gêmeos, Hunor e Magor, que também se tornaram valentes caçadores. Certa vez, na pista de uma “corça maravilhosa”, os dois chegaram às praias do mar de Azov, ao norte do Mar Negro, onde se depararam com um grupo de lindas donzelas. Hunor e Magor se casaram com duas delas e deram início às suas próprias nações, tornando-se os antepassados dos hunos, que migraram para a Ásia, e dos magiares, que permaneceram na Europa Central e formaram o povo húngaro.

Essa versão mítica da origem da Hungria – país com pouco mais de 10 milhões de habitantes encravado na Europa Central – é citada em Uma História da Hungria, do historiador húngaro László Kontler, publicado pela Editora da USP (Edusp). O livro será lançado nesta quinta-feira, dia 24, às 14 horas, em evento on-line que terá a presença do historiador László Kontler, da professora Anita Demkó, docente do curso de extensão Língua e Cultura Húngara da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH) da USP, e da editora Marilena Vizentin, produtora editorial da Edusp. O evento será em inglês, com tradução consecutiva.

Capa do livro publicado pela Editora da USP – Foto: Reprodução

O livro não se limita a contar a trajetória dos magiares, mas traça a história completa do povo húngaro, desde as primeiras ocupações do território onde hoje se encontra a Hungria – há 500 mil anos – até a redemocratização do país, após o colapso do comunismo no Leste Europeu, em 1989. Ao longo de 752 páginas, Kontler expõe em detalhes e com profundidade os principais momentos da história húngara, como a ocupação da região dos Cárpatos, em 895, sob a liderança do gyula (comandante militar) Árpád, fundador da Hungria.

Embora a Gesta Hungarorum – obra anônima escrita 300 anos depois das investidas conduzidas por Árpád – registre “vitórias esplêndidas” em batalhas sangrentas, a resistência à ocupação da região dos Cárpatos pelos magiares foi bem escassa, como escreve Kontler no livro. “A maior parte da bacia dos Cárpatos constituía uma espécie de fronteira entre os impérios franco e búlgaro, onde nenhuma dessas potências exercia um controle muito firme.”

Dados mais fidedignos se referem ao reinado de Estevão I, descendente de Árpád, que foi coroado no Natal do ano 1000 ou no Ano Novo de 1001 e fez da Hungria um império cristão. De acordo com Kontler, a atuação do rei Estevão representou uma missão civilizatória, que ele tratou de cumprir logo após sua coroação com a criação do arcebispado de Ezstergom. Fundaram-se monastérios em diferentes localidades. Um deles, instalado na região de Pannonhalma, legou os mais antigos registros escritos da cultura eclesiástica húngara, os Anais de Pannonhalma, do início do século 11. “O reino de santo Estêvão, que foi canonizado em 1083, não apenas se tornou forte e irreversivelmente ligado à Europa cristã, como foi também a mais respeitada e, provavelmente, a mais poderosa dentre as novas monarquias fundadas na segunda metade do século X”, escreve Kontler.

O rei Santo Estevão I, da Hungria, que conduziu um império cristão no século 11 – Foto: Wikimedia Commons

 

Nos capítulos seguintes, Kontler explora as várias fases da história da Hungria – o ascensão e a queda entre os séculos 14 e 16, os conflitos religiosos do século 17, as guerras de independência, a modernização do país e, no século 20, o domínio comunista.

Em 23 de outubro de 1989, uma revisão constitucional foi promulgada e, com isso, foi proclamada a República da Hungria. “O regime de socialismo estatal estava extinto, de fato e em seu princípio. Pouco depois, a estrela vermelha era retirada do alto do edifício do Parlamento”, encerra Kontler, que ainda dedica o Epílogo do livro à situação da Hungria nos anos 1990.

A obra traz ainda uma Apresentação à Edição Brasileira, em que o historiador agradece à Edusp pelo interesse em publicar seu livro. “Espero que os leitores brasileiros encontrem entretenimento e instrução na história de um pequeno país exótico de um continente distante.”

Uma História da Hungria, de László Kontler, tradução de Leila V. B. Gouvêa, Editora da USP (Edusp), 752 páginas, R$ 138,00.

O lançamento do livro será nesta quinta-feira, dia 24, às 14 horas, com transmissão através deste link. O evento é grátis e aberto ao público, sem necessidade de inscrição. 


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