“Estamos em um momento em que o mundo precisa reconhecer a diversidade, entender de onde ela vem e como ela funciona.”
Foi o que disse Suzana Herculano-Houzel, na cerimônia de posse on-line da Cátedra Otavio Frias Filho de Estudos em Comunicação, Democracia e Diversidade da USP, que ocorreu no dia 9 passado. A bióloga, neurocientista e pesquisadora é a nova titular da cátedra, assumindo a posição no lugar do sociólogo Muniz Sodré, que ocupava o cargo desde 2021. Na cerimônia de posse, a neurocientista fez a conferência Desde que Funcione: Por Uma Visão Mais Otimista da Vida Onde a Diversidade é a Norma.
Suzana, que será a titular da cátedra até 2024, possui reconhecimento internacional como cientista, sobretudo nos estudos sobre evolução, metabolismo e diversidade cerebral. Desde 2016, leciona como professora associada nos Departamentos de Psicologia e Ciências Biológicas da Universidade Vanderbilt, nos Estados Unidos. Também é colunista do jornal Folha de S. Paulo.
Na conferência, a neurocientista analisou diferentes acontecimentos científicos que ocorreram ao longo da história sob a ótica da diversidade, desde o Systema Naturae, datado de 1748, documentado por Carlos Lineu e tido como a primeira tentativa de descrever a diversidade da natureza, até as raízes das ideias do darwinismo.
Comunicação, democracia e diversidade
Lançada em 19 de fevereiro de 2021, a cátedra é resultado de uma parceria entre a USP e o jornal Folha de S. Paulo, que comemorava 100 anos de sua criação naquele ano. Sediada no Instituto de Estudos Avançados (IEA) da USP, foi idealizada pelos professores da Escola de Comunicações e Artes (ECA), Claudio Tognolli e André Chaves de Melo Silva, que também é o seu coordenador acadêmico.
O objetivo da cátedra, como centro de estudos, é estimular reflexões sobre conhecimentos multidisciplinares, tais como ciência, diversidade, política, democracia e comunicação. Com ênfase na abordagem sobre a diversidade, a cátedra estimula discussões sobre os direitos de minorias e estabelece um papel contra diferentes discriminações, sejam elas por raça, gênero ou classe. “Compreender esse amplo contexto de conquistas dos direitos das minorias, ao mesmo tempo em que crescem manifestações fundamentalistas nas relações sociais e comportamentais cotidianas, bem como o papel dos processos comunicacionais contemporâneos, incluindo a divulgação científica, é o objetivo da Cátedra Otavio Frias Filho”, ressaltou o professor André Silva na cerimônia de posse.
O nome é uma homenagem ao jornalista Otavio Frias de Oliveira Filho, que esteve à frente da Folha de S. Paulo durante 34 anos, até sua morte, em 2018. “Foi Otavio quem primeiro percebeu que Suzana Herculano-Houzel, que hoje celebramos como nossa segunda ocupante da cátedra, seria uma colunista talentosa e iluminadora do jornal. E ele estava certo”, contou Sérgio Dávila, diretor de Redação da Folha, na mesma cerimônia. “Suzana reúne uma rara trilogia de talentos: é uma pesquisadora científica de renome internacional, com trabalhos reconhecidos e publicados, é muito honesta e transparente em suas pesquisas e descobertas e consegue traduzir tudo isso em linguagem acessível ao leitor do jornal.”