Autores da USP aparecem nos principais prêmios literários do País

Conheça os vencedores e finalistas, ligados à Universidade, de três dos mais importantes prêmios nacionais de literatura: Jabuti, Abeu e Biblioteca Nacional

 07/12/2021 - Publicado há 3 anos     Atualizado: 18/06/2024 às 15:09
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Prêmios – Foto: Cecília Bastos – Reprodução – Fotomontagem/ Jornal da USP

 

Durante o mês de novembro foram divulgados os vencedores da edição de 2021 de três importantes prêmios literários do País: o Prêmio Jabuti, o Prêmio Abeu e o Prêmio Literário Biblioteca Nacional. Em todos eles, professores e pesquisadores da USP se fizeram presentes, como vencedores ou finalistas. 

Em sua 63ª edição, o Prêmio Jabuti foi idealizado em 1959 pela Câmara Brasileira do Livro (CBL). Considerado o mais tradicional prêmio literário do País, premia autores, ilustradores, livreiros, editoras e gráficas que, ano após ano, se destacaram no mercado editorial. 

Já o Prêmio Abeu, em sua 7ª edição, foi criado em 2015 pela Associação Brasileira das Editoras Universitárias (Abeu), com o propósito de destacar as melhores edições universitárias ligadas ao conhecimento científico e acadêmico. O prêmio também dá atenção especial ao projeto gráfico das obras. 

O Prêmio Literário Biblioteca Nacional é realizado desde 1994, e abrange autores, tradutores e designers gráficos brasileiros. Cada categoria do prêmio é nomeada em homenagem a alguma personalidade brasileira que teve destaque no campo literário correspondente — por exemplo, Prêmio Clarice Lispector, para conto, e Prêmio Machado de Assis, para romance.

63º Prêmio Jabuti

Guilherme Wisnik – Foto: Alexandre Gennari

Entre os vencedores do Jabuti de 2021 estão três títulos de autores vinculados à USP. Na categoria Artes, o 1º lugar foi para Atlas fotográfico da cidade de São Paulo e arredores (AYO), de Tuca Vieira, Henrique Siqueira e Guilherme Wisnik. Vieira é doutorando da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo (FAU) da USP, da qual Wisnik é professor. Em 2013 e 2016, Wisnik figurou entre os vencedores do Jabuti através da série Mutações, organizada por Adauto Novaes e com textos de vários autores. Mais recentemente, em 2018, foi finalista com Cildo – Estudos, Espaços, Tempo (Ubu).

O Atlas fotográfico da cidade de São Paulo e arredores envolve uma colaboração acadêmica, já que Vieira foi orientando de Wisnik em seu mestrado e é, atualmente, no doutorado. “Para mim é uma grande felicidade participar do livro, e que seja premiada uma obra com um vínculo tão forte com a USP”, afirma Wisnik, que também é colunista da Rádio USP. O autor principal, Tuca Vieira, buscou uma não síntese de São Paulo através deste projeto fotográfico que apresenta mais de 200 imagens, uma para cada página do Guia de Ruas da cidade. “Minha participação foi orientá-lo academicamente e, mais especificamente no livro, fazer uma conversa com ele e com Henrique Siqueira, diretor da Casa da Imagem da Prefeitura de São Paulo — onde uma exposição foi feita e por meio da qual o livro foi realizado —,  em que debatemos sobre como pode ser a imagem-síntese de São Paulo”, completa o professor.

Capa do livro: República das Milícias - Foto: Divulgação
Capa do livro A república das milícias – Foto: Divulgação
Bruno Paes Manso – Foto – nev.prp.usp.br

O livro A república das milícias: Dos esquadrões da morte à era Bolsonaro (Todavia), de Bruno Paes Manso, foi vencedor na categoria Biografia, Documentário e Reportagem. Jornalista com mestrado e doutorado pela Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH) e atual pesquisador do Núcleo de Estudos da Violência (NEV), ambos da USP, Paes Manso afirma que foi especial e emocionante receber o prêmio. O autor esteve entre os finalistas do Jabuti em duas ocasiões anteriores, com os livros O homem X: Uma reportagem sobre a alma do assassino de São Paulo, em 2006, e A guerra: a ascensão do PCC e o mundo do crime no Brasil, que escreveu com Camila Nunes Dias.

A república das milícias contempla uma junção de jornalismo e academia — ambas áreas de atuação de Paes Manso — para contar histórias. “O livro traz essa ideia de trabalhar com notícias quentes e histórias contemporâneas, e ao mesmo tempo usando, na medida do possível, ferramentas das ciências humanas e das ciências sociais para explicar os dias de hoje”, reflete o autor. A partir do envolvimento com a narrativa apresentada, os leitores são atraídos a refletir sobre o presente: “A eleição de Bolsonaro em 2019, o sério problema das milícias do Rio de Janeiro… A partir dessa fotografia, tentar compreender como chegamos até aqui”, diz Paes Manso.

Capa do livro Sobreviventes e guerreiras – Foto: Divulgação

Na categoria Ciências Humanas, foi vencedor o livro Sobreviventes e guerreiras: Uma breve história da mulher no Brasil de 1500 a 2000 (Planeta), de Mary Del Priore, historiadora e ex-professora da FFLCH. Em declaração ao portal da Faculdade, a autora afirmou que o prêmio veio “em boa hora, no Dia Internacional da Violência feita Contra as Mulheres”. Ela destaca que a obra vem sendo usada “por muitas ONGs e grupos de trabalho em comunidades carentes do Nordeste para falar de sexualidade e valorizar a autoestima de mulheres sem recursos”. 

O livro A razão africana: breve história do pensamento africano contemporâneo (Todavia) foi vencedor na categoria Ciências Sociais. Muryatan S. Barbosa, autor da obra, é professor de Relações Internacionais da Universidade Federal do ABC (UFABC), sendo bacharel, mestre e doutor pela FFLCH.

7º Prêmio Abeu

Entre os vencedores do Prêmio Abeu estão diversos títulos de autoria de professores da USP — com destaque para a Editora da Universidade de São Paulo (Edusp), que publica a maioria deles. Na categoria Linguística, Letras e Artes, foi ganhadora a obra Nicolas Poussin: Ideia da paisagem (Edusp), de Magnólia Costa, doutora em Filosofia pela FFLCH. O livro também foi premiado com o 2º lugar em Projeto Gráfico, na qual foi vencedor A casaca do Arlequim: Belo Horizonte, uma capital eclética do século XIX, livro de Heliana Angotti Salgueiro e projeto de Negrito Produção Editorial, também publicado pela Edusp, em parceria com a Editora da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).

Imagem do livro Nicolas Poussin – Foto: Divulgação

 

Outros professores premiados foram: 

Iniciação à eletroquímica (Edusp), de Tibor Rabóczkay, professor titular aposentado do Instituto de Química (IQ) – 3º lugar, Ciências Naturais e Matemáticas; 

Aliança para o Progresso e o governo João Goulart (1961-1964): Ajuda econômica norte-americana a estados brasileiros e a desestabilização da democracia do Brasil pós-guerra (Editora Unesp), de Felipe Pereira Loureiro, professor do Instituto de Relações Internacionais (IRI) – 2º lugar, Ciências Sociais;

Biofísica: Introdução a uma ciência interdisciplinar (Edusp), de Amando Siuiti Ito, professor titular aposentado da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto (FFCLRP-USP) – 3º lugar, Ciências da Vida;

Ensaio sobre música brasileira (Edusp), de Mário de Andrade, organizado por Flávia Camargo Toni, professora do Instituto de Estudos Brasileiros (IEB) – 2º lugar, Linguística, Letras e Artes;

Facticidade e validade: contribuições para uma teoria discursiva do direito e da democracia (Editora Unesp), tradução de Felipe Gonçalves Silva e Rúrion Melo, professor da FFLCH – 2º lugar, Tradução.

Prêmio Literário Biblioteca Nacional

Na premiação da Biblioteca Nacional, foram vencedoras as obras Tramas de meninos (Companhia das Letras), de João Anzanello Carrascoza, professor da Escola de Comunicações e Artes (ECA), na categoria Conto; e Feitiços [Charmes] (Iluminuras), de Paul Valéry, traduzida por Roberto Zular e Álvaro Faleiros, ambos docentes da FFLCH, na categoria Tradução. 

Capa do livro Tramas de meninos – Foto: Divulgação

Na categoria Ensaio Literário, levou o 3º lugar Romance de formação: caminhos e descaminhos do herói (Ateliê Editorial). A organização da obra é de Maria Cecilia Marks, que tem mestrado e doutorado pela FFLCH, e de Vinicius Mazzari, professor na mesma faculdade. Também ficou em 3º lugar, na categoria Literatura Juvenil, o livro Júlia: nos campos conflagrados do Senhor (Alameda), do professor titular aposentado da ECA Bernardo Kucinski.

Alunos e ex-alunos da Universidade também aparecem em outras categorias: Mães infames, filhos venturosos: Trabalho, pobreza, escravidão e emancipação no cotidiano de São Paulo (século XIX) (Alameda), de Marília B. A. Ariza, doutora em História Social pela FFLCH e atual pós-doutoranda na faculdade, ficou em 2º lugar na categoria Ensaio Social; Casa do Norte (Corsário-Satã), de Rodrigo Lobo Damasceno, doutor em Letras pela FFLCH, ficou em 3º lugar em Poesia; Depois de tudo tem uma vírgula (Patuá), de Elizabeth Cardoso, doutora em Teoria Literária pela FFLCH, conseguiu o 3º lugar da categoria Romance.

As listas completas de vencedores podem ser acessadas em: Prêmio Jabuti, Prêmio ABEU e Prêmio Literário Biblioteca Nacional.


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