Um sonho, uma esperança e a certeza de que a arte-educação transforma a realidade social. É com essa convicção que Ana Mae Barbosa continua firme e, desde meados da década de 1950, vem batalhando pelo ensino das artes como uma prioridade na educação. Aos 87 anos, a professora da Escola de Comunicações e Artes (ECA) da USP continua trilhando o seu caminho pioneiro e reconhecido em todo o País. Neste sábado, dia 2, às 16h30, Ana Mae vai receber o título de Doutora Honoris Causa da Universidad Nacional de Las Artes, de Buenos Aires, na Argentina. A homenagem será no Instituto de Artes da Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho, em São Paulo.
“A arte é muito importante para o desenvolvimento das crianças, dos jovens, porque estimula a percepção em todas as áreas do saber”, reafirma Ana Mae. “Não sei se a gente ensina arte. Ou se a gente contamina com arte.”
Certo é que os educadores reconhecem e homenageiam o pioneirismo da professora, que já recebeu várias homenagens. Em maio de 2022, foi agraciada com o título de Professora Emérita da ECA. E, no mês passado, recebeu da Academia Brasileira de Críticos de Arte o Prêmio Yêdamaria, destinado a instituições e estudiosos que implementam ações que atuam em prol da arte.
Ana Mae nasceu no Rio de Janeiro no dia 17 de julho de 1936, mas cresceu em Recife (PE), onde fez Direito na Universidade Federal de Pernambuco (UFP). Não seguiu a profissão. Mas aprendeu a defender uma das causas mais difíceis que existem, a da arte-educação. Como aluna de Paulo Freire, começou a sua luta pelo ensino através da arte.
Ana Mae chegou ao Departamento de Artes Plásticas da ECA em 1974, trazendo as pesquisas em arte-educação que desenvolveu no mestrado na Universidade de Yale, em Connecticut, nos Estados Unidos. Em 1978, fez o doutorado na Universidade de Boston e chegou ao Brasil como a primeira especialista a implantar a arte-educação. Na direção do Museu de Arte Contemporânea (MAC) da USP, de 1987 a 1993, Ana Mae abriu novos rumos para a instituição. Criou cursos teóricos de história da arte, de acervo e cursos interdisciplinares. Diante dessa experiência e também dos resultados do Projeto Nascente da USP, que ajudou a instituir em 1990, a professora acredita que as artes têm muito a contribuir com a relevância e a inovação das universidades. Há meio século, Ana Mae compartilha a sua luta e sabedoria com centenas de mestres, doutores, artistas e educadores que enfrentam os sonhos e desafios do seu legado pelo Brasil afora.