Uma pesquisa realizada em domicílios de São Paulo, entre o final de abril e o início de maio, revela que 41,6% da população adulta da capital já desenvolveu anticorpos contra o coronavírus de forma espontânea. Com o início da vacinação, somam-se ao dado os pacientes com resposta imunológica ao vírus e, com isso, a taxa sobe para 51,1% . Em comparação com os dados de infecção da Prefeitura de São Paulo, a pesquisa aponta que são aproximadamente 2 milhões de pessoas com anticorpos a mais que o dado oficial.
O levantamento feito pela USP, Unifesp, Grupo Fleury e o Inteligência em Pesquisa e Consultoria (Ipec) conclui que aproximadamente 3,5 milhões de pessoas já se infectaram com a doença na capital e desenvolveram algum anticorpo contra o coronavírus. O dado recolhido é quase o triplo que o registrado pelos dados oficiais da Prefeitura da capital paulista, que apontam pouco mais de 1 milhão de pessoas já infectadas.
Em entrevista ao Jornal da USP no Ar 1° Edição, o infectologista e pesquisador associado do Laboratório de Virologia do Instituto de Medicina Tropical da Faculdade de Medicina da USP, Celso Granato, ressalta a importância da pesquisa por anticorpos em comparação com os dados da Prefeitura obtidos a partir de testes positivos dos pacientes. “A Prefeitura confirma um caso de covid-19 a partir do resultado positivo do PCR do paciente, mas não é todo mundo que consegue fazer o teste”, afirma. Ele também reforça que, tanto os dados da Prefeitura quanto da pesquisa estão corretos e se complementam, mas que o foco deve ser a quantificação de pacientes com anticorpos, independentemente do resultado dos exames.
O pesquisador ainda chama a atenção para a tendência da doença em infectar populações mais vulneráveis. “Dentro do universo de pessoas adultas, os mais infectados são aqueles com renda familiar menor, que moram mais distante do centro, têm menor grau de instrução formal e que se autodeclaram pretas ou pardas”, informa Granato. O professor complementa que essa parcela da população tem consciência da importância do distanciamento social e do uso de máscara, mas a realidade a força a sair para trabalhar, pegar transporte público e ter contato com outras pessoas durante esses trajetos.
A pesquisa começou em abril do ano passado e funciona bimestralmente, coletando sangue voluntário de moradores de bairros da capital paulista. Com o início da vacinação, o grupo de pesquisadores criou diferentes grupos de análise: os que adquiriram anticorpos a partir do contato natural com o vírus e os que tiveram resposta imunológica a partir da vacina. É a soma desses dados que resultou no índice que aponta que 51,1% da população contém anticorpos contra a covid-19 presentes no organismo. “É muito importante as pessoas se vacinarem e tomarem as duas doses”, finaliza o pesquisador.
Jornal da USP no Ar
Jornal da USP no Ar no ar veiculado pela Rede USP de Rádio, de segunda a sexta-feira: 1ª edição das 7h30 às 9h, com apresentação de Roxane Ré, e demais edições às 14h, 15h, 16h40 e às 18h. Em Ribeirão Preto, a edição regional vai ao ar das 12 às 12h30, com apresentação de Mel Vieira e Ferraz Junior. Você pode sintonizar a Rádio USP em São Paulo FM 93.7, em Ribeirão Preto FM 107.9, pela internet em www.jornal.usp.br ou pelo aplicativo do Jornal da USP no celular.