Foto: Eduardo de Oliveira / RADIS Comunicação e Saúde via Flickr – CC
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Embora o Brasil em 2018 tenha alcançado o maior marco histórico em número de médicos, a alta densidade não garantiu melhor distribuição desses profissionais no País. Além de estarem concentrados em grandes centros e capitais brasileiras, estão mal distribuídos entre os setores públicos e privados de saúde. Os números impressionam: em 2020, o País terá ultrapassado a marca de meio milhão de médicos. A região Sudeste tem a maior taxa, de 2,81 médico por mil habitantes.
Os dados fazem parte da quarta edição da pesquisa Demografia Médica no Brasil 2018, feita pela Faculdade de Medicina da USP (FMUSP) com apoio do Conselho Federal de Medicina (CFM) e o Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo (Cremesp). Os resultados deste levantamento foram divulgados no dia 20 de março, em Brasília.
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Mário Scheffer, coordenador da pesquisa e professor do Departamento de Medicina Preventiva da FMUSP, afirma que mesmo com o maior número de profissionais as desigualdades permanecem tanto geográfica quanto no interior do próprio sistema de saúde. “Faltam médicos nos pequenos municípios, nas periferias das grandes cidades e em vários serviços do Sistema Único de Saúde (SUS) – na atenção primária, em prontos-socorros e em ambulatórios de especialidades.”
O estudo apontou que, enquanto em todo o Brasil existem 2,18 médicos por mil habitantes, em algumas capitais brasileiras – Vitória, no Espírito Santo, por exemplo – existem 12 médicos por mil habitantes. No outro extremo, no interior das regiões Norte e Nordeste, há menos de um médico por mil habitantes. O Sudeste é a região com maior densidade médica, cerca de 2,81, contra 1,16 no Norte e 1,41 no Nordeste.
A íntegra da Demografia Médica no Brasil 2018 pode ser acessada neste documento (PDF).
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Mais mulheres
O porcentual de mulheres na população total de médicos no Brasil acompanha a tendência mundial de feminização da Medicina, aponta o estudo. As mulheres já são maioria entre os recém-formados e entre os médicos com menos de 35 anos. Elas representam cerca de 57,4% no grupo até 29 anos e 53,7% na faixa entre 30 e 34 anos. Já entre os mais velhos, a participação dos homens continua sendo maior. Cerca de 54,8% entre 40 e 44 anos e 62,5% entre 60 e 64 anos. Permanecem as desigualdades de gênero na remuneração e na ocupação por especialidades. Os homens ganham mais e são maioria em 36 das 54 especialidades médicas.
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Quatro especialidades concentram quase 40% dos especialistas. Clínica médica, 11% do total; Pediatria, 10,3%; Cirurgia Geral reúne 8,9% e Ginecologia e Obstetrícia, 8% dos titulados. A distribuição por gênero traz tendências mais femininas e mais masculinas para algumas especialidades: em Urologia, 97,8% são homens e em Dermatologia, 77, 1% são mulheres.
A presença feminina é maior nas especialidades de Pediatria, Medicina da Família e Comunidade, Ginecologia e Obstetrícia e Clínica Médica; e os homens são maioria nas especialidades cirúrgicas, na Urologia, Ortopedia e Traumatologia, entre outras.
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Formação médica elitizada
Dos 289 cursos de Medicina autorizados no Brasil até final de 2017, a maioria (65%) foi absorvida por escolas privadas, com mensalidades que chegam a R$ 16 mil, privilegiando pessoas com melhor situação socioeconômica. Para Scheffer, “a abertura de novos cursos não foi acompanhada de maior democratização do acesso ao ensino médico. As políticas de inclusão, cotas e ações afirmativas tiveram até agora menor repercussão na Medicina se comparadas a outras cursos superiores”, afirma.
Outro dado importante foi que 57% das vagas de Medicina abertas foram em regiões do interior, fora das capitais, o que não resolveu a questão da má distribuição geográfica. Segundo o professor, “embora tenha ocorrido relativa interiorização, é baixa a influência das escolas do interior em fixar os médicos nessas regiões depois de formados”, afirma.
Por fim, outro dado preocupante e revelado pelo estudo foi que, embora o número de médicos cursando Residência Médica nunca tenha sido tão elevado no Brasil, 40% das vagas permaneceram ociosas. Segundo Scheffer, os motivos do não preenchimento são multifatoriais, incluem falta de financiamento de bolsas, de infraestrutura e de preceptores (orientadores) médicos.
Mais informações: mscheffer@usp.br ou pelo telefone (11) 3061-7081 com Mário Scheffer, professor da Faculdade de Medicina da USP e coordenador do estudo Demografia Médica no Brasil 2018
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