Uma equipe de pesquisadores da USP busca biomarcadores no organismo de pacientes que tiveram casos graves da covid-19, analisando o soro dessas pessoas em busca de alterações que forneçam mais dados sobre o avanço da doença. Em entrevista ao Jornal da USP no Ar, Maria Anita Mendes, pesquisadora do Departamento de Engenharia Química da Escola Politécnica (Poli), conta que esse trabalho se dá em parceria com profissionais do Instituto do Coração (InCor) da Faculdade de Medicina (FM) e dá detalhes sobre o projeto.
Os equipamentos utilizados para tentar identificar os marcadores são chamados de espectrômetros de massa e são relacionados a técnicas de separação de misturas. No caso de pacientes da covid-19, eles são usados para extrair moléculas de baixo peso molecular da amostra de soro. Depois disso, há uma comparação com uma base de dados preexistente para identificar o tipo de substância presente na amostra.”Essas moléculas, chamadas de metabólitos, mudam após situações de estresse ou doença, então procuramos agora alguma indicação que explique a rápida evolução dos sintomas de covid, algo que diferencie as fases leve e grave da doença, incluindo aqueles que chegaram a óbito”, conta a pesquisadora. A equipe possui amostras de mais de 300 pacientes do Hospital das Clínicas (HC) e o estudo pretende relacionar o desfecho daquele paciente (por exemplo, se ele morreu ou voltou para casa após o tratamento) à presença de marcadores.
Desde o início do estudo, alguns perfis metabológicos foram levantados pelos pesquisadores. A próxima fase da pesquisa é cruzar essas informações ao desfecho clínico do paciente por meio de análises estatísticas. Além disso, serão analisadas outras amostras dos mesmos pacientes em fases diferentes da doença.
O laboratório do Departamento de Engenharia Química, responsável pelo estudo, está entre os cinco melhores do País no método de espectrometria de massa, realizando análises ambientais e de micro-organismos. “Como é um grande laboratório, passamos a ser procurados por outras universidades e institutos de pesquisas para colaborar com a identificação de metabólitos e proteínas, e é possível aplicar esse método na química, bioquímica, agricultura, fisiologia de atletas, alimentação, entre várias outras. Nosso diferencial é que fazemos pesquisas, tentando resolver os problemas de forma científica e discutindo formas de melhorar após obtermos os resultados, não é só fazer a análise clínica”, conclui Maria Anita.
Para saber mais, ouça a entrevista na íntegra.
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