Um estudo inédito sobre nutrição no futebol feminino, desenvolvido em conjunto por pesquisadores dinamarqueses em Ciências do Esporte e da USP, indica que uma parcela considerável das atletas de alto nível não possui ingestão energética adequada. Em entrevista ao Jornal da USP no Ar 1ª edição, Maysa Souza, pesquisadora do Laboratório de Investigação Médica (LIM/18) do HC/FMUSP, discorre sobre o impacto da nutrição para o desempenho esportivo.
O avanço dos estudos acerca da alimentação e do desempenho esportivo é chamativo por conta do desequilíbrio encontrado no cenário atual. “O que nos chama muita atenção é que não só no futebol, mas em todos os esportes, de uma maneira geral, há uma preocupação grande com o consumo de suplementos nutricionais, como, por exemplo, a creatina whey protein. A grande maioria dos atletas acredita ainda que esses suplementos vão ser o primordial para a melhora do desempenho deles, só que, quando a gente avalia esses atletas, a gente percebe que eles estão preocupados com o ‘topinho’ da pirâmide e a base está totalmente em desequilíbrio, que seriam os alimentos com carboidratos, proteínas, gorduras”, avalia Maysa.
De acordo com as pesquisas, a alimentação geral não está de acordo com o gasto geral durante o treino e competições. A pesquisadora destaca: “Grande parcela desses atletas têm baixo consumo de carboidratos, o combustível principal para eles durante treinos e competições. A deficiência faz com que eles não atendam à demanda energética e ao gasto calórico e isso pode comprometer consideravelmente a performance deles. Além disso, a longo prazo causar prejuízos à saúde, uma vez que os carboidratos são combustíveis para o sistema imune, para os músculos”.
Importância da alimentação equilibrada
A orientação e a exposição da importância de uma alimentação equilibrada são vistas como partes fundamentais na priorização da performance e da saúde dos atletas. “Orientá-los que durante o treinamento é fundamental eles ingerirem suplementos à base de carboidratos, que são as bebidas energéticas, para suprir essa demanda alta calórica durante o treino. Essas seriam as orientações básicas que a gente daria para o atleta, se preocupar com a base, se ele está comendo arroz, feijão, pão e macarrão”, aponta Maysa, que ainda indica a importância de se preocupar com a base da alimentação e respeitar isso nas diferentes fases do treinamento. “Não adianta nada fazer uso de suplementos nutricionais se está com a base inadequada.”
O estudo, Nutritional optimization for female elite football players, publicado na revista Scandinavian Journal of Medicine and Science in Sport, evidencia o último apontamento da pesquisadora: “É fundamental a presença de nutricionistas no acompanhamento de atletas de qualquer modalidade esportiva”.
Para conferir a pesquisa na íntegra, acesse o link: https://onlinelibrary.wiley.com/doi/10.1111/sms.14102
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