Terapia fotodinâmica: a luz que pode ajudar no tratamento do câncer de pele

Substâncias fotossensíveis podem ser ativadas para liberar moléculas que matam células cancerosas

 27/05/2016 - Publicado há 9 anos     Atualizado: 03/06/2016 às 7:58
Biópsia de carcinoma de células escamosas, um dos tipos de câncer de pele não-melanoma - Foto: Wikimedia Commons
Biópsia de carcinoma de células escamosas, um dos tipos de câncer de pele não-melanoma – Foto: Wikimedia Commons

Uma pesquisa desenvolvida por pesquisadores do Instituto de Física de São Carlos (IFSC) da USP, em colaboração a Universidade da Carolina do Norte (UNCC), em Charlotte, EUA, propõe a associação de nanopartículas e de terapia fotodinâmica para o tratamento do câncer de pele não-melanoma, com a expectativa de diminuir os efeitos colaterais dos tratamentos convencionais.

Existem mais de cem tipos de câncer, ou seja, doenças provocadas pelo crescimento desordenado de células que invadem tecidos e órgãos corporais e que podem formar tumores (acúmulo de células cancerígenas em uma determinada região corpórea) ou neoplasias malignas (crescimento acelerado das células doentes). O câncer de pele não-melanoma é o mais comum no Brasil, representando 25% de todos os registros de tumores malignos diagnosticados no país. Apenas em 2016, o Instituto Nacional de Câncer (Inca) estima que haverá cerca de 175.760 casos deste tipo de câncer.

A cirurgia é a opção mais utilizada no câncer de pele não-melanoma, que pode ser tratado também com medicação tópica (aplicada no local) ou, em casos mais avançados, apenas com radioterapia ou a associação de cirurgia e radioterapia. Contudo, quanto mais avançada estiver a doença, menor é a chance de eficácia do tratamento.

Testes do Instituto de Física de São Carlos (IFSC) da USP demonstraram que a Terapia Fotodinâmica (TFD) poderá ser aplicada no tratamento de não-melanoma - Foto: Divulgação/IFSC
Equipamento – Foto: Divulgação/IFSC

Ao ser excitada por um laser ou LED, a Protoporfirina IX (PpIX), uma substância fotodinâmicamente ativa utilizada pelos pesquisadores, libera moléculas que podem causar a morte das células malignas.

Por este motivo, o professor Juan Vivero-Escoto, da universidade norte-americana, tem estudado nanopartículas, com a finalidade de utilizá-las juntamente com a substância fotossensibilizadora no tratamento de câncer de pele não-melanoma, através da terapia fotodinâmica. As nanopartículas são capazes de melhorar o sistema de entrega da Protoporfirina IX no organismo humano, para que as moléculas da substância excitada pela luz sejam ativadas apenas quando próximas ao alvo desejado.

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As propriedades das nanopartículas foram analisadas pelo cientista nos Estados Unidos e, mais recentemente, os pesquisadores do Grupo de Óptica do IFSC Vanderlei Bagnato, Natalia Inada e Ilaiáli Souza Leite têm estudado a eficácia das nanopartículas no combate de células cancerígenas em testes in vitro. Nestes experimentos, os cientistas conseguiram matar células tumorais sem causar danos às células saudáveis. Os experimentos in vivo com modelo animal de câncer de pele não-melanoma deverão ser iniciados no segundo semestre deste ano. A expectativa dos pesquisadores é que, após realizarem todos os experimentos in vitro e in vivo, possam obter aprovação para iniciarem os testes clínicos em 2018, no Hospital Amaral Carvalho, na cidade de Jaú (SP).

Parceria fortalecida

O interesse do grupo da UNCC em estabelecer uma parceria com o Grupo de Óptica do IFSC surgiu em razão dos pesquisadores norte-americanos não terem expertise na área de óptica, mais especificamente em terapia fotodinâmica: “conheci o Grupo durante um congresso em São Francisco [Estados Unidos], onde os pesquisadores do IFSC fizeram uma apresentação interessante que envolvia a técnica. Entrei em contato com eles e estabelecemos essa primeira parceria”, relembra o Juan Vivero-Escoto, em entrevista à Assessoria de Comunicação do IFSC.

No início de maio, Vivero-Escoto esteve em São Carlos, onde participou de uma série de reuniões a respeito dessa pesquisa que, segundo ele, é apenas o primeiro projeto da parceria.

Com informações da Assessoria de Comunicação do IFSC


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