Hospital das Clínicas de Ribeirão Preto testa concentrado de leite humano em prematuros

Batizado de Lioneo, aditivo enriquece o leite materno para recém-nascidos de muito baixo peso concentrando nutrientes do próprio leite humano

 17/09/2019 - Publicado há 5 anos
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Alimento não leva aditivo comercial e pode ser usado como padrão mundial gratuito para esses bebês – Foto: Reprodução / TV USP
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A força da vida é testada em UTIs neonatais todos os dias com a luta pela sobrevivência de recém-nascidos de muito baixo peso. E eles são muitos no Brasil. Resultado de 10% a 11% dos partos, esses bebês nascem com menos de 37 semanas de gestação pelas mais diferentes causas.

Seja por hipertensão arterial e alterações endócrinas, como a diabete, ou por condições socioeconômicas desfavoráveis da mãe, o fato é que esses bebês vêm ao mundo pesando menos de 1.500 gramas (g) e necessitando de cuidados especiais para continuar o desenvolvimento fora do útero.

Para compensar a fragilidade da vida desses bebês, uma equipe de especialistas da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (FMRP) da USP desenvolveu um aditivo, batizado de Lioneo, que enriquece o leite materno, concentrando nutrientes do próprio leite humano, para o que consideram ser o “padrão ouro” na alimentação dos prematuros. 

Com o diferencial de ser feito somente de leite humano – os produtos em uso atualmente são baseados em leite de vaca -, o preparo do aditivo usa técnicas simples como a liofilização, que transforma líquido em pó, sem alterar as características do leite e preservando a concentração dos nutrientes essenciais que somente existem no leite materno. Esse pó é adicionado ao leite materno e oferecido aos recém-nascidos.

Testes pré-clínicos publicados em artigo da revista cientifica Plos One já aprovaram “toda parte bioquímica e microbiológica do Lioneo, além da estabilidade de estocagem do leite já reconstituído (ou seja, o pó já adicionado ao leite cru para posterior pasteurização), por até seis meses em freezer (temperatura -20º C)”, afirma o coordenador dos estudos, o professor José Simon Camelo Junior, da FMRP. E, agora, o aditivo encontra-se em fase de teste clínico, iniciada em maio deste ano no Hospital das Clínicas de Ribeirão Preto (HCRP), com “boas expectativas”, adianta o professor.

Os resultados finais devem levar pelo menos mais três anos para serem conhecidos e garantirem a segurança que o produto exige. Mas os pesquisadores já solicitaram a patente “para proteger a gratuidade”. Explica o professor que “a ideia não é a comercialização do produto, mas sim criar uma tecnologia nova, simples e potencialmente melhor para a nutrição de recém-nascidos prematuros de muito baixo peso que possa ser utilizada em diversas localidades do mundo nos próprios bancos de leite humano de referência”, conclui o professor.

Ouça a entrevista no player acima.


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