Desmatamento na Amazônia cresce quase 30% nos últimos 12 meses

Dados foram obtidos por imagens de satélite do Projeto de Monitoramento do Desmatamento na Amazônia Legal por Satélite (Prodes)

 18/11/2019 - Publicado há 5 anos

Dados divulgados no dia 18  de novembro pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) mostram que, no período de agosto de 2018 a julho de 2019, o desmatamento da Amazônia Legal foi estimado em 9.762 quilômetros quadrados (km²). A área de vegetação nativa desmatada aumentou 29,54% em relação ao período anterior – de agosto de 2017 a julho de 2018.

Os dados foram obtidos por imagens de satélite do Projeto de Monitoramento do Desmatamento na Amazônia Legal por Satélite (Prodes), que gera relatórios anuais. Durante o evento em que divulgou os números, na sede do Inpe, em São Bernardo do Campo (SP), o ministro Ricardo Salles atribuiu o número à escalada de atividades econômicas ilícitas na região. “Atividades econômicas ilegais precisam ser atacadas na sua origem. É necessário ter uma ação de comando e controle [contra essas atividades]”, disse.

Para pesquisadores, entretanto, outros fatores se somam para explicar o aumento. Em entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo, a pesquisadora Mercedes Bustamante, da Universidade de Brasília (UnB), afirma que “os dados recentes, infelizmente, mostraram claramente o efeito do relaxamento nos mecanismos de comando e controle e nenhum avanço em novos instrumentos que pudessem avançar além dos patamares anteriores de redução”. E que a gestão federal “destruiu importantes relações de confiança com várias partes interessadas”, que poderiam trabalhar em “soluções inovadoras”.

O economista Ricardo Abramovay, da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade (FEA) da USP acha que “a grande chance de mudar o jogo está numa aliança entre ativistas, populações tradicionais, empresários que já investem na economia da floresta em pé e governadores que percebem o imenso prejuízo para seus Estados da economia da destruição da natureza”, disse ao Estadão. “Enquanto a Mesa Redonda da Soja Responsável (organização internacional que reúne 7 mil produtores no Brasil, na Argentina, nos EUA, na China, em Moçambique, entre outros países) preconiza desmatamento zero (inclusive desmatamento legal zero), aqui a Aprosoja recebe apoio do governo (do secretário especial para Relacionamento Externo da Casa Civil) ao entrar no Conselho Administrativo de Defesa Econômica (o Cade) contra a moratória da soja. Ao mesmo tempo, o governo quer rever o zoneamento da cana-de-açúcar permitindo sua implantação no Pantanal e na Amazônia (o que é técnica e economicamente inviável)”.

“Isso se soma a um discurso em que protagonistas de atividades ilegais, como invasão de terras indígenas e de unidades de conservação (garimpeiros, grileiros e madeireiros ilegais) são recebidos por autoridades governamentais como se fossem empreendedores e não autores de delitos”, completa o pesquisador.

Com informações da Agência Brasil e do jornal O Estado de S. Paulo.


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