Adolescentes são muitas vezes caracterizados por buscarem gratificação imediata, mas uma nova pesquisa apontou que sua sensibilidade à recompensa poderia ser parte de uma adaptação evolutiva para aprender melhor com o ambiente. Os resultados sugerem que esse tipo de comportamento não é necessariamente prejudicial, mas em vez disso pode ser uma característica crítica da adolescência e do cérebro em maturação. Quem comenta o experimento é o coordenador do Laboratório de Ciência da Cognição do Instituto de Biociências – IB / USP e pesquisador do Centro de Pesquisa, Inovação e Difusão em Neuromatemática (NeuroMat), André Helene.
Os cientistas descobriram ainda que o cérebro adolescente tem uma capacidade maior de aprender e de memorizar do que o cérebro dos adultos. A conclusão foi feita após a realização de uma tarefa de aprendizagem que mostrava a figura de uma borboleta e duas flores. Os participantes deviam deduzir em qual das flores a borboleta pousaria. Após a escolha, uma mensagem surgia na tela, indicando se o participante havia acertado ou errado. Além disso, à cada resposta, uma imagem aleatória surgia na tela – por exemplo um lápis ou uma melancia. Essas imagens foram usadas mais tarde em um teste que avaliou a relação entre a memória dos objetos e o aprendizado por reforço.
Participaram do estudo 41 adolescentes, com idade entre 13 e 17 anos, e 31 adultos, com idade entre 20 e 30 anos. Todos eles tiveram os cérebros escaneados por ressonância magnética durante a tarefa. As imagens indicam que a atividade coordenada entre duas regiões do cérebro – o estriado e o hipocampo – pode estar relacionada ao comportamento de busca por recompensa, muitas vezes menosprezado nos adolescentes. Leia o artigo, publicado na Revista Neuron (em inglês)