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Com o objetivo de usar tecnologias interativas e aplicativos para se comunicar com jovens de forma eficiente, a pesquisadora Lilian Mayumi Chinen Tamashiro, da Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto (EERP) da USP, desenvolveu um aplicativo voltado à conscientização desse público sobre o sexo seguro e a contracepção.
Chamado Prinventon, o aplicativo é um Serious Game, jogo eletrônico com objetivos educacionais, que se passa em uma cidade virtual onde os jovens podem explorar e interagir com personagens e locais, como escolas, postos de saúde e eventos. O game focou na abordagem do uso de métodos contraceptivos no reforço da prática sexual segura.
A pesquisadora conta que, para a criação do aplicativo, a pesquisa foi dividida em duas etapas de metodologia. A primeira, que foi o próprio desenvolvimento da tecnologia, contou com grupos focais (grupo pequeno de pessoas para fomentar ideias), que discutiu a respeito do tema, compartilhando experiências e histórias. A segunda parte, realizada com um protótipo, avaliou o conteúdo e usabilidade do aplicativo por especialistas e pelo público-alvo, os adolescentes. Oito jovens de 15 a 17 anos de uma escola pública da cidade de São Paulo participaram ativamente da pesquisa.
Segundo Lilian, o seu trabalho destaca os problemas do sexo sem proteção na adolescência, explorando o tema ao máximo para apontar possíveis consequências. Desta forma, tenta driblar as causas ou minimizá-las, através da conscientização e orientação desses jovens com informações sobre sexualidade, sistema reprodutor humano e métodos contraceptivos, sugerindo a melhor opção adaptada ao estilo de vida do usuário.
Dados sobre gravidez no Brasil incentivaram pesquisa
A pesquisadora conta que uma das principais motivações para a criação do aplicativo foi a grande relevância da adolescência na saúde pública. Dados estatísticos apontam para altos índices de gravidez na adolescência. De acordo com o IBGE de 2019, 35,4% dos adolescentes de 13 a 17 anos já tinham iniciado a vida sexual, e destes, 59,1% usaram preservativo na última relação. Além disso, cerca de 7,9% das adolescentes já tinham engravidado.
E as preocupações relacionadas ao sexo seguro estão presentes no mundo todo, aponta Lilian, lembrando que a Organização Mundial da Saúde (OMS) reforça cada vez mais a ideia de ampliação de intervenções de saúde por meios digitais, acessíveis por dispositivos móveis. Esse movimento da OMS, continua, busca uma revolução digital para fortalecer o sistema de saúde.
Quanto ao efetivo uso do Prinventon nesse movimento, a pesquisadora informa que ele ainda não está disponível no mercado e precisa de ajustes finais baseados nos feedbacks da primeira pesquisa desenvolvida. Os próximos passos já estão idealizados para uma nova pesquisa que dará andamento para o lançamento do game em futuro próximo.
A criação do aplicativo faz parte da tese de doutorado Desenvolvimento de tecnologia educacional digital sobre prática sexual segura e contracepção com adolescentes, apresentada por Lilian Mayumi Chinen Tamashiro à Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto (EERP) da USP, em janeiro de 2020, sob orientação da professora Luciana Mara Monti Fonseca.