História da tipografia paulistana é contada em exposição na Biblioteca Brasiliana

Serão exibidos artefatos provenientes dos processos de impressão dos séculos 19 e 20, sendo alguns deles conservados pelo acervo da biblioteca, como a primeira edição do jornal “O Farol Paulistano”, de 1827

 02/08/2024 - Publicado há 7 meses     Atualizado: 05/08/2024 às 12:49
Por
Almanach da Provincia de São Paulo, Administrativo, Commercial e Industrial para 1888 – Acervo BBM/USP

A partir do dia 8 de agosto, o público poderá conferir, na Biblioteca Brasiliana Guita e José Mindlin (BBM), a exposição Tipografia Paulistana: os primeiros 100 anos de impressão na cidade de São Paulo.

A mostra foi produzida sob coordenação da professora Priscila Lena Farias -da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo (FAU) da USP- e da professora Jade Samara Piaia -da Faculdade de Arquitetura, Artes e Comunicação (Faac) da Universidade Estadual Paulista (Unesp)-, que realizou estágio de Pós-Doutorado com o projeto “O repertório tipográfico da Tipografia Hennies: contribuições para a memória gráfica paulistana”, na FAU, sob supervisão da professora Priscila.

A curadoria partiu do acervo da BBM e envolveu materiais abrigados em outras instituições, como Museu Paulista – Museu do Ipiranga e Museu Republicano de Itu –, Arquivo Geral da USP, Arquivo Público do Estado de São Paulo e Oficina Tipográfica São Paulo.

A intenção desse trabalho é apresentar a memória gráfica paulistana, voltada para estudantes, pesquisadores, historiadores, comunicadores, jornalistas e demais interessados na preservação da cultura material, no patrimônio tipográfico e na história da tipografia paulistana.

Nesse sentido, a exposição é uma ótima oportunidade para o público de todas as idades: aos mais jovens, nascidos na era digital, os artefatos e processos de impressão do séculos 19 e 20 causam surpresa; às gerações anteriores, a memória gráfica pode resgatar lembranças afetivas.

Segundo Jade Piaia e Priscila Farias, as obras que estarão presentes na mostra foram compostas e impressas em oficinas tipográficas instaladas na capital a partir de 1827, revelando detalhes das técnicas e do repertório tipográfico então disponível. A seleção privilegiou oficinas tipográficas importantes por seu pioneirismo ou por sua produção, destacando obras, empresas e profissionais já conhecidos e outros com potencial para fomentar novas pesquisas.

Cada um dos acervos, dos quais partiu a curadoria desse trabalho, abriga obras importantes para a história da tipografia paulistana. Acerca dos materiais preservados pela BBM, Jade e Priscila destacam a primeira edição do jornal O Farol Paulistano, que inaugura a impressão com tipos móveis em São Paulo, em 1827; um folheto impresso em 1848 pela Typographia de Viúva Sobral, empresa paulistana pioneira chefiada por uma mulher; e a sexta edição dos almanaques comerciais publicados por Jorge Seckler (Almanach da Provincia de São Paulo, para o ano de 1888), a mais longa série de almanaques deste tipo publicada na cidade.

Em relação aos demais acervos, as coordenadoras da exposição citam o almanaque comercial produzido, em 1868, pela Typographia Imparcial de Marques & Irmão, os impressores do Correio Paulistano, um Indicador impresso por Jorge Seckler em 1878; o Almanak de Piracicaba para 1900, impresso pela Typographia Hennies Irmãos (Museu Republicano de Itu); etiquetas para livros em branco da Duprat & Cia, que pertenceu a Raymundo Duprat, segundo prefeito da cidade de São Paulo (Arquivo Público do Estado de São Paulo); tipos móveis de metal e de madeira, e artefatos usados para composição e impressão tipográfica (Oficina Tipográfica São Paulo).

A linha do tempo que integra a exposição mostra a distribuição cronológica das mais de 370 oficinas tipográficas atuantes no período, com destaque para as mais longevas e as que têm obras expostas. Algumas poucas obras que extrapolam o recorte temporal foram integradas à exposição pela relevância no contexto, como algumas obras do impressor Elvino Pocai e exemplares do jornal O Clarim da Alvorada.

A iniciativa de curadoria e organização da exposição é fruto de uma parceria entre a Faculdade de Arquitetura e Urbanismo (FAU) da USP e a Faculdade de Arquitetura, Artes e Comunicação (Faac) da Unesp, que integrou ações de pesquisa e extensão em 2023 e 2024. As pesquisas desenvolvidas pelo grupo ao longo dos anos tiveram apoio do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp).

Mais informações podem ser encontradas no site da exposição e na plataforma Tipografia Paulistana.

Serviço

Tipografia Paulistana: os primeiros 100 anos de impressão na cidade de São Paulo

Abertura: 8 de agosto, quinta-feira, às 14h

Visitação: de 8 de agosto a 9 de outubro, de segunda a sexta-feira, das 8h30 às 18h30

Onde: Sala Multiuso, no subsolo da Biblioteca Brasiliana Guita e José Mindlin
Rua da Biblioteca, 21 – Cidade Universitária, São Paulo

Quanto: Gratuito e sem necessidade de agendamento prévio

*Estagiária sob supervisão de Eliete Viana


Política de uso 
A reprodução de matérias e fotografias é livre mediante a citação do Jornal da USP e do autor. No caso dos arquivos de áudio, deverão constar dos créditos a Rádio USP e, em sendo explicitados, os autores. Para uso de arquivos de vídeo, esses créditos deverão mencionar a TV USP e, caso estejam explicitados, os autores. Fotos devem ser creditadas como USP Imagens e o nome do fotógrafo.