Exposição sobre Alfredo Bosi ganha nova montagem na Biblioteca Brasiliana

A nova mostra na sala multiuso da BBM propõe dar maior ênfase ao pensamento crítico do autor, destacando algumas de suas principais linhas de força

 Publicado: 07/03/2025 às 17:37
Por
Professor Alfredo Bosi sorrindo
Alfredo Bosi – Foto: Acervo da família

 

Entre os dias 12 de março e 7 de maio a Biblioteca Brasiliana Guita e José Mindlin (BBM) da USP recebe a exposição Alfredo Bosi: entre a crítica e a utopia, realizada em parceria com o Instituto de Estudos Avançados (IEA) da USP. A mostra tem curadoria de Viviana Bosi, professora do Departamento de Teoria Literária e Literatura Comparada da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH) e filha de Alfredo e Ecléa Bosi.

A abertura, no dia 12, quarta-feira, às 18h, será marcada pela realização de uma mesa-redonda na sala Villa-Lobos da BBM, com a participação dos professores Hélio de Seixas Guimarães e Yudith Rosenbaum, ambos do Departamento de Letras Clássicas e Vernáculas da FFLCH (o mesmo de Alfredo Bosi), e Fernando Paixão, do Instituto de Estudos Brasileiros (IEB), com mediação de Viviana Bosi. Além deles, estarão presentes o diretor da BBM, Alexandre Macchione Saes, e a diretora do IEA, Roseli de Deus Lopes, coordenadora da mostra. Após as falas, haverá uma visita ao espaço expositivo situado na sala multiuso da BBM.

Nova montagem

Após uma primeira temporada no Centro MariAntonia da USP, onde procurou apresentar ao público as múltiplas facetas do historiador da literatura e intérprete da cultura Alfredo Bosi, a nova exposição na sala multiuso da BBM propõe dar maior ênfase ao pensamento crítico do autor, destacando algumas de suas principais linhas de força. Para isso, o conceito da mostra foi reformulado, trazendo novos eixos temáticos que remetem à produção crítica de Alfredo Bosi, como Dialética da colonização e Literatura e resistência, além de eixos dedicados aos seus primeiros anos, à sua atuação política e social, e um eixo inédito voltado para sua correspondência com diversos escritores brasileiros significativos.

Com a nova disposição, o projeto prevê uma articulação maior entre itens do acervo ligados à atividade docente e a composição e repercussão das obras e do pensamento crítico do homenageado, merecendo destaque, nesse sentido, diversos itens inéditos em relação à mostra anterior, como programas de disciplinas ministradas por Bosi a partir dos anos 1960 e manuscritos com estudos e planejamentos de aulas.

Central na exposição, Dialética da colonização é dedicado à apresentação dos estudos históricos e críticos de Bosi da literatura produzida no Brasil durante o período colonial e ao longo do século 19, passando por temas como a escravidão e por autores caros a ele, como Padre Antônio Vieira e Joaquim Nabuco, ao lado de “diálogos” feitos com os chamados “intérpretes do Brasil”, como Gilberto Freyre e Sérgio Buarque de Hollanda. Entre os itens estão cadernos com estudos e planejamento de aulas, programas de disciplina, livros traduzidos, matérias de jornal, fotografias e cartazes de eventos.

“Em seus estudos, ele voltava-se sobretudo para a resistência contra as ideias de dominação que a literatura, de forma por vezes inconsciente, manifesta”, destaca Viviana no texto de apresentação da exposição. “Além de livros anotados e cadernos, estão expostos diversos materiais manuscritos e datilografados em que se pode conferir seus rascunhos de pesquisa e de reflexão.”

A curadora destaca outros materiais de interesse, como a correspondência com escritores e críticos, que também podem ser apreciados. Alfredo Bosi manteve interlocução com diversos autores importantes como Drummond, Murilo Mendes, Cecília Meireles, Raduan Nassar, Ferreira Gullar, Otto Maria Carpeaux, Antonio Candido, Osman Lins e outros, seja por meio de cartas, dedicatórias em livros e ainda quando da escrita de prefácios e da organização do livro O conto brasileiro contemporâneo.

“Por fim, aborda-se seu compromisso de longa duração com a revista Estudos Avançados, projeto interdisciplinar em que ele buscava divulgar os estudos realizados na Universidade de modo a socializar conhecimentos que pudessem ser úteis para todos nas mais diversas áreas do saber.”

Biografia

Alfredo Bosi nasceu em São Paulo no dia 26 de agosto de 1936 e faleceu em 7 de abril de 2021, na mesma cidade. É considerado um dos maiores críticos literários do Brasil. Foi professor titular de Literatura Brasileira na FFLCH, ensaísta e integrante da Academia Brasileira de Letras (ABL), tendo ocupado a cadeira de número 12 a partir de 2003 até seu falecimento. É também reconhecido por sua militância social, cultural, educacional e ambiental.

Sua carreira acadêmica desenvolveu-se integralmente na USP, onde ingressou na então Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras (FFCL) em 1955, graduando-se em Letras Neolatinas em 1958 e tornando-se docente um ano depois. Em 1964, obteve o título de doutor em Literatura Italiana, de livre-docente em 1970 e professor titular em literatura brasileira em 1985, condição na qual se aposentou em 2006.

Na USP, além de pesquisador e professor, Bosi foi diretor do IEA (1998-2001) e vice-diretor (1987-1997), onde também foi editor da revista Estudos Avançados (1989-2019).

Algumas honrarias recebidas em vida por Bosi:

  • Título de Comendador da Ordem de Rio Branco, outorgado pela Presidência da República (1996);

  • Ordem do Mérito Cultural, outorgada pelo Ministério da Cultura (2005);

  • Professor Honorário do Instituto de Estudos Avançados da USP (2006);

  • Professor Emérito da FFLCH-USP (2009).

Serviço

Exposição Alfredo Bosi: entre a crítica e a utopia

Abertura: 12/03, às 18h, com mesa-redonda
Visitas: de 12/03 a 07/05, de segunda a sexta-feira, das 8h30 às 18h30
Onde: Sala Multiuso da BBM. Rua da Biblioteca, 21, Cidade Universitária, São Paulo
Quanto: grátis e aberta ao público em geral, sem necessidade de agendamento prévio

* Com informações da Divisão de Comunicação do IEA


Política de uso 
A reprodução de matérias e fotografias é livre mediante a citação do Jornal da USP e do autor. No caso dos arquivos de áudio, deverão constar dos créditos a Rádio USP e, em sendo explicitados, os autores. Para uso de arquivos de vídeo, esses créditos deverão mencionar a TV USP e, caso estejam explicitados, os autores. Fotos devem ser creditadas como USP Imagens e o nome do fotógrafo.