O programa Ambiente É o Meio desta semana conversa com o pesquisador César Muñoz, da organização internacional de direitos humanos Human Rights Watch, sobre o relatório Máfia do Ipê: Como a violência e a impunidade impulsionam o desmatamento na Amazônia brasileira, publicado pela instituição em setembro do ano passado.
Muñoz conta que o relatório é resultado de trabalho desenvolvido em dois anos de pesquisas e entrevistas realizadas no território amazônico e que a crise ambiental da Amazônia neste momento “não é só uma questão de meio ambiente, mas sim uma crise de segurança pública e de justiça”. O pesquisador traz dados da Comissão Pastoral da Terra, relatando mais de 300 assassinatos na Amazônia. Segundo ele, todos causados por conflitos quanto ao desmatamento ilegal e embates por recursos naturais da floresta.

Os crimes, assegura Muñoz, são cometidos por grupos criminosos que financiam o desmatamento na Amazônia por lucros pessoais. “Para realizar essas ações, eles usam violência e intimidação. Atacam quem estiver na frente, podem ser povos indígenas ou pequenos agricultores, agentes públicos e até mesmo a polícia”.
A violência e a impunidade são os principais propulsores do desmatamento, segundo o pesquisador, “pois apenas 14 dos 300 assassinatos foram a julgamento até o momento e a chance de alguém ser punido por um assassinato desses é baixa, por isso continua acontecendo”.
Ele revela que unidades de conservação vêm enfrentando abandono por parte do Governo Federal. Diz que elas estão “sob ameaça, o que não é novidade para ninguém”. E que as inseguranças aumentaram com o novo presidente e suas mensagens favoráveis ao desmatamento.
Para o pesquisador, o cenário só irá mudar quando a mensagem for outra. Para parar o desmatamento na Amazônia, enfatiza o pesquisador, “é necessário uma atuação de segurança pública. Reforçar e fortalecer os órgão públicos que estão atuando lá”.
Ouça no player acima a íntegra do programa Ambiente É o Meio