Violência e impunidade são propulsores do desmatamento na Amazônia

Segundo especialista, apenas 14 de 300 assassinatos ocorridos em conflitos na floresta foram a julgamento

 12/02/2020 - Publicado há 4 anos
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O programa Ambiente É o Meio desta semana conversa com o pesquisador César Muñoz, da organização internacional de direitos humanos Human Rights Watch, sobre o relatório Máfia do Ipê: Como a violência e a impunidade impulsionam o desmatamento na Amazônia brasileira, publicado pela instituição em setembro do ano passado.  

Muñoz conta que o relatório é resultado de trabalho desenvolvido em dois anos de pesquisas e entrevistas realizadas no território amazônico e que a crise ambiental da  Amazônia neste momento “não é só uma questão de meio ambiente, mas sim uma crise de segurança pública e de justiça”. O pesquisador traz dados da Comissão Pastoral da Terra, relatando mais de 300 assassinatos na Amazônia. Segundo ele, todos causados por conflitos quanto ao desmatamento ilegal e embates por recursos naturais da floresta.

Desmatamento – Foto: Cecília Bastos/USP Imagens

Os crimes, assegura Muñoz, são cometidos por grupos criminosos que financiam o desmatamento na Amazônia por lucros pessoais. “Para realizar essas ações, eles usam violência e intimidação. Atacam quem estiver na frente, podem ser povos indígenas ou pequenos agricultores, agentes públicos e até mesmo a polícia”. 

A violência e a impunidade são os principais propulsores do desmatamento, segundo o pesquisador, “pois apenas 14 dos 300 assassinatos foram a julgamento até o momento e a chance de alguém ser punido por um assassinato desses é baixa, por isso continua acontecendo”. 

Ele revela que unidades de conservação vêm enfrentando abandono por parte do Governo Federal. Diz que elas estão “sob ameaça, o que não é novidade para ninguém”. E que as inseguranças aumentaram com o novo presidente e suas mensagens favoráveis ao desmatamento. 

Para o pesquisador, o cenário só irá mudar quando a mensagem for outra. Para parar o desmatamento na Amazônia, enfatiza o pesquisador, “é necessário uma atuação de segurança pública. Reforçar e fortalecer os órgão públicos que estão atuando lá”. 

Ouça no player acima a íntegra do programa Ambiente É o Meio  


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