A lesão hepática, também chamada de hepatite, pode ser causada por medicamentos naturais ou laboratoriais, como anabolizantes, remédios para emagrecimento, ervas e suplementos dietéticos. Quem fala mais sobre o assunto ao Jornal da USP no Ar 1° Edição é a doutora Débora Terrabuio, hepatologista e coordenadora clínica de transplante hepático do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP. Ela explica que qualquer remédio ou substância ingeridos pelo paciente sofrem metabolismo hepático e que, durante esse processo, podem ser gerados compostos danosos para o próprio fígado. “A gente tem que tomar muito cuidado, principalmente quando o remédio é ingerido sem orientação médica”, explica. De acordo com Débora, a orientação médica é essencial, porque é a partir dela que o médico estuda o organismo do paciente e o metabolismo da droga, de modo a diminuir os riscos de danos ao órgão. “Mais importante é tomar as medicações sempre com orientações médicas.”
Débora ressalta que a ingestão de algumas drogas traz mais riscos para a lesão hepática, ainda mais se associada a agravantes, como o tempo de uso do medicamento, as doses administradas, a interação com outros medicamentos, a ingestão de álcool, entre outros. “Algumas medicações que mais causam riscos para uma pessoa são os anti-inflamatórios, os antibióticos e medicamentos utilizados no tratamento de tuberculose”, explica. Débora ainda critica a disponibilização de anti-inflamatórios prejudiciais em farmácias para compra sem receita médica, diferentemente dos antibióticos, que recentemente foram restringidos à receita médica.
Estudos como o da Universidade Federal da Bahia e o da Universidade de Málaga sobre os efeitos de suplementos fitoterápicos e dietéticos na indução de lesão hepática na América Latina são essenciais para a conscientização das pessoas acerca dos efeitos de medicamentos, ervas e anabolizantes no organismo, diz Débora. “O chá verde, por exemplo, muito utilizado para acelerar o metabolismo ou aumentar a diurese, aparece no estudo como uma das ervas que implicam toxicidade por ingestão indiscriminada”, explica. Para além das ervas presentes no cotidiano das pessoas, o uso de anabolizantes, seja para desempenho físico ou orientação médica, também é outro fator que pode implicar problemas ao fígado. “As pessoas que usam fora dessas condições estão se expondo ao risco de desenvolver hipertensão, tumores no fígado e malefícios para a parte cardiológica”, destaca.
De acordo com Débora, o fígado é um órgão silencioso. “No começo, o paciente não apresenta nenhum sintoma, mas os problemas vão se desenvolvendo ao longo do tempo e aí começam a aparecer os sintomas. Muitas vezes é até confundido com uma virose, quando, na verdade, já é um estágio inicial de hepatite”, destaca. Entre os sintomas de problemas com o órgão estão o cansaço, mal-estar, enjoo, desconforto no lado direito do abdome. “A primeira medida é parar de ingerir a substância em questão e procurar orientação médica para diagnóstico e tratamento adequado da situação do paciente”, explica. Débora ainda indica que o acompanhamento médico é essencial para qualquer ingestão de substância, seja ela natural ou laboratorial.
Confira o estudo sobre os efeitos de suplementos fitoterápicos e dietéticos na indução de lesão hepática na América Latina aqui.
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