Uma década de inovação no “Guia Alimentar para a População Brasileira”

Com base em um conceito ampliado de alimentação saudável, a nova edição transformou a forma como entendemos a nutrição, integrando aspectos culturais, sociais e ambientais e inspirando políticas públicas e práticas alimentares em vários países

 Publicado: 03/06/2024
Por

 

As recomendações passaram a considerar, além do impacto da dieta na saúde, os aspectos culturais, econômicos, sociais e ambientais da alimentação – Foto: Reprodução/Freepik
Logo da Rádio USP

Em 2024, o Guia Alimentar para a População Brasileira, desenvolvido em parceria com o Núcleo de Pesquisas Epidemiológicas em Nutrição e Saúde (Nupens), comemora uma década desde o lançamento de sua edição mais recente. Reconhecido como uma referência mundial, o guia desempenhou um papel crucial ao promover dietas saudáveis e sustentáveis e alertar sobre os perigos dos ultraprocessados.

Uma das inovações significativas da segunda edição do guia foi a adoção de um conceito ampliado de alimentação saudável. As recomendações passaram a considerar, além do impacto da dieta na saúde, os aspectos culturais, econômicos, sociais e ambientais da alimentação.

Para Kamila Gabe, doutora em Nutrição e pesquisadora do Nupens, essa mudança representou uma grande evolução em relação à edição de 2006, que se concentrava em um paradigma de alimentação saudável puramente biológico, reduzindo a alimentação à soma de nutrientes. Outra inovação importante foi a incorporação de recomendações baseadas exclusivamente no nível de processamento dos alimentos, incluindo a de evitar os ultraprocessados.

Conceito ampliado

Kamila Tiemann Gabe – Foto: Reprodução/FSP-USP

Atualmente, países como México, Chile e Uruguai adotam um conceito ampliado de alimentação saudável, valorizando alimentos tradicionais e desestimulando o consumo de ultraprocessados. “As mensagens do guia são baseadas em práticas alimentares que podem ser entendidas como uma rede de atividades cotidianas relacionadas ao ato de comer, tais como rotinas de compra e preparo de alimentos, horários e locais de consumo de refeições e compartilhamento de tarefas”, explica Kamila.

Esse tipo de abordagem busca ser mais próxima e realista no contexto de vida das pessoas, diferentemente das recomendações baseadas em quantidades e número de porções, como as da edição anterior do guia. Kamila ressalta que “nossa pesquisa mostrou que pessoas que seguem as práticas saudáveis e sustentáveis recomendadas pelo guia, como planejar refeições, comer à mesa e cozinhar em casa, de fato possuem um consumo alimentar mais saudável, com mais frutas, verduras, legumes, feijão e menos ultraprocessados”.

Assim, o guia não só serve como um referencial de educação alimentar e nutricional e promotor de autonomia nas escolhas alimentares mais saudáveis, mas também como um indutor de políticas públicas que facilitem a adoção dessas práticas, como regulação de preços dos alimentos, rotulagem nutricional adequada e maior acesso a alimentos saudáveis.


Jornal da USP no Ar 
Jornal da USP no Ar no ar veiculado pela Rede USP de Rádio, de segunda a sexta-feira: 1ª edição das 7h30 às 9h, com apresentação de Roxane Ré, e demais edições às 14h, 15h, 16h40 e às 18h. Em Ribeirão Preto, a edição regional vai ao ar das 12 às 12h30, com apresentação de Mel Vieira e Ferraz Junior. Você pode sintonizar a Rádio USP em São Paulo FM 93.7, em Ribeirão Preto FM 107.9, pela internet em www.jornal.usp.br ou pelo aplicativo do Jornal da USP no celular. 

*Sob supervisão de Cinderela Caldeira e Paulo Capuzzo


Política de uso 
A reprodução de matérias e fotografias é livre mediante a citação do Jornal da USP e do autor. No caso dos arquivos de áudio, deverão constar dos créditos a Rádio USP e, em sendo explicitados, os autores. Para uso de arquivos de vídeo, esses créditos deverão mencionar a TV USP e, caso estejam explicitados, os autores. Fotos devem ser creditadas como USP Imagens e o nome do fotógrafo.