O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central vai elevar a taxa básica de juros da economia para 9,25% ao ano e, com isso, alterar as regras de rendimento da poupança, que já existiam e não são novas. Quando a taxa Selic ultrapassa os 8,5%, como está ocorrendo no momento, há uma mudança na fórmula de cálculo e o rendimento passa a ser de 0,5% ao mês, mais a taxa referencial, conhecida como TR. Apesar do aumento, Paulo Feldmann, professor de Economia da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade (FEA) da USP, afirma que a nova forma de cálculo não será benéfica para o poupador. “A TR é a chamada taxa de referência, ela é uma porcentagem da taxa de inflação, bem menor do que a inflação, o que significa que o poupador não terá sequer a compensação pela inflação real. A TR e mais 6% ao ano não superam a inflação.
Para a pessoa que aplica na caderneta de poupança, há um prejuízo, porque não conseguirá sequer suprir a inflação. A Selic é a taxa básica de referência da economia utilizada pelos bancos nas aplicações e nos empréstimos. No entanto, os bancos não concedem ao aplicador o verdadeiro valor da Selic, ele sempre recebe um pouco menos.
Para o professor Feldmann, o aumento no rendimento da poupança foi realizado para tentar conter o elevado número de saques por parte dos aplicadores. Ele explica que o governo está lidando com a alta inflacionária de forma errada, apesar de essa ser uma medida utilizada nos últimos 30 anos. “O governo aumenta as taxas de juros porque com isso ele diminui o ritmo da atividade econômica, provocando uma queda no consumo e nos investimentos. A taxa de juros alta acaba fazendo com que os investimentos diminuam e com que as pessoas e as empresas prefiram comprar títulos do governo ou fazer aplicações em renda fixa, canalizando recursos para o governo, que são retirados da economia e deixam de acontecer, gerando uma recessão.”
O professor afirma que esse é um diagnóstico errado, “não há um excesso de consumo, de demanda o que eventualmente poderia justificar um aumento da taxa Selic. A inflação brasileira está acontecendo por uma inflação de oferta e não de demanda. Ela é causada pelo fato de que alguns preços, fundamentais para a economia do País, aumentaram muito, como, por exemplo, o dólar, o que aumenta uma série de itens importantes e a gasolina, que afeta tudo, já que tudo precisa ser transportado. O governo está usando um mecanismo que não é válido quando se tem inflação de oferta, e as chances de uma redução são muito pequenas”.
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