A situação de alguns reservatórios, principalmente no interior de São Paulo, está ficando crítica com os baixos níveis das represas. A cidade de Bauru, por exemplo, teve que adotar medidas de racionamento nesta semana, enquanto em Sorocaba foi implementado um sistema de rodízio de água. Para explicar sobre o risco dessa crise hídrica afetar a região metropolitana do Estado, o Jornal da USP no Ar conversou com Pedro Luiz Côrtes, professor da Escola de Comunicações e Artes (ECA) e do Programa de Pós-Graduação em Ciência Ambiental do Instituto de Energia e Ambiente (IEE) da USP.
Ele conta que, de 2019 para 2020, houve uma redução de 15,2% no nível agregado de todos os reservatórios que abastecem a região metropolitana da capital, “o que é como se nós estivéssemos usando apenas os reservatórios do Cantareira e do Alto Tietê, enquanto os demais sistemas não estivessem ativos. Pode parecer um número pequeno, mas é muito significativo”. Desde a década de 1950, episódios de secas em São Paulo são cíclicos e o prognóstico climático também não é favorável neste momento, pois existe a influência do fenômeno La Niña e as chuvas devem chegar apenas em outubro, sem capacidade para abastecer esses mananciais, de acordo com o professor.
Outra má notícia é que, no período após o fim do La Niña e a entrada na chamada “fase neutra”, foram registrados os principais momentos críticos do sistema Cantareira pelo reabastecimento insuficiente dos reservatórios. Côrtes conta que isso é mais uma das consequências das mudanças climáticas, pois as chuvas que abastecem os reservatórios de São Paulo vêm dos chamados rios voadores, que partem da Amazônia e atravessam o Centro-Oeste do País até chegar ao Sul. “O sistema Cantareira não se recuperou ainda da crise hídrica anterior, o que é um fenômeno preocupante. A gestão do sistema até foi adaptada para manter o máximo possível de água, mas, mesmo assim, não ultrapassa os 65% de seu volume, o que pode ser uma consequência da redução das chuvas vindas da Amazônia nos últimos dez anos”, ressalta.
Para evitar que uma nova crise se instale, o especialista recomenda parcimônia no consumo doméstico, privilegiando o uso econômico e racional da água, reutilizando-a quando possível. “É importante retomarmos as boas práticas para tentar manter o nível dos reservatórios e evitar uma nova crise hídrica em 2021”, conclui.
Saiba mais ouvindo a entrevista na íntegra.
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