Relatório da ONG Human Rights Watch (HRW) divulgado recentemente denuncia a ação de redes criminosas que impulsionam o desmatamento e as queimadas na Amazônia, com a participação de invasores de terra e fazendeiros que contam com a proteção de milícias armadas. O Jornal da USP no Ar conversou com o pesquisador Bruno Paes Manso, do Núcleo de Estudos da Violência (NEV) da USP, que traz um panorama sobre a violência na região.
Sob o título de Máfias do Ipê: como a violência e a impunidade alimentam o desmatamento na Amazônia brasileira, o relatório da ONG estabelece ligações entre o desmatamento ilegal e os incêndios florestais com atos de violência e intimidação contra os chamados defensores da floresta, que incluem ativistas, agricultores, comunidades indígenas e até policiais e agentes públicos. Segundo a Human Rights Watch, a impunidade e a falta de fiscalização se agravaram durante o governo Bolsonaro.
Para Paes Manso, o documento traz novas e importantes informações para a compreensão do modelo de negócio criminal que opera na região. “Tradicionalmente, a região amazônica tem problemas com pistolagem e conflitos de terra. Essa é uma problemática que existe há algumas décadas no interior do Brasil”, explica o pesquisador, e avança: “Mas os modelos de negócios estão se transformando”.
A fragilização do Estado, somado a pouca fiscalização, justifica o avanço do negócio do crime. Paes Manso expõe que o negócio de extração de Ipê é altamente rentável, “um troco pode alcança valores entre R$ 2 mil e R$ 6 mil”. Essa combinação de pouca fiscalização, Estado fragilizado e rentabilidade nos negócios favorece a consolidação do crime. “(Isso) proporciona modelos de negócios que, muitas vezes, estão ligados, inclusive a agentes do Estado”, denuncia o pesquisador, e acrescenta: “Que passam a utilizar ameaças de morte, ou até mesmo a própria farda, como vantagem comparativa no mercado criminal”.
Além da fragilização do Estado e da pouca fiscalização – o estado do Pará, por exemplo, conta com apenas oito fiscais e sua extensão equivale a países europeus – há, também, por parte de políticos que assumiram o comando do País, uma postura que agrava a situação. “Há discursos de tolerância e até inventivo desse tipo de ação criminosa”, comenta o pesquisador.
Por fim, Paes Manso esclarece que a política de segurança pública deve focar em coibir crimes violentos, além de mirar na estrutura financeira e na cadeia de negócios. O modelo de negócios criminal atual deve ser combatido com operações de inteligência.
Jornal da USP no Ar
Jornal da USP no Ar no ar veiculado pela Rede USP de Rádio, de segunda a sexta-feira: 1ª edição das 7h30 às 9h, com apresentação de Roxane Ré, e demais edições às 14h, 15h, 16h40 e às 18h. Em Ribeirão Preto, a edição regional vai ao ar das 12 às 12h30, com apresentação de Mel Vieira e Ferraz Junior. Você pode sintonizar a Rádio USP em São Paulo FM 93.7, em Ribeirão Preto FM 107.9, pela internet em www.jornal.usp.br ou pelo aplicativo do Jornal da USP no celular.
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