A baixa inflação registrada no primeiro trimestre de 2018 resultou em ganhos para os trabalhadores nas negociações de reajuste salarial. Segundo dados do Salariômetro, da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas, quase 90% dos acordos resultaram em aumentos acima da inflação. Hélio Zylberstajn, professor da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da USP e coordenador do Salariômetro, lembra que, apesar do cenário positivo pelo lado dos empregados, a realidade de 13 milhões de brasileiros atualmente ainda é o desemprego.
O professor esclarece que a inflação extremamente baixa – de 1,8% – é a medida pelo INPC (Índice Nacional de Preços ao Consumidor), que avalia apenas as famílias que ganham até 5 salários mínimos. A inflação medida pelo IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo), que comporta todas as famílias, é mais alta.
Zylberstajn lembra que os trabalhadores com menores salários são a “clientela preferencial” dos sindicatos e diz que o processo inflacionário dos últimos tempos propiciou aumentos salariais que não só repõem a inflação, como a superam. No ano passado, por exemplo, os reajustes foram maiores em termos absolutos, mas não representaram ganhos reais.
As projeções do economista são de continuidade dos níveis baixos da inflação até o final do ano. Ele diz que a situação atual é inusitada, levando em conta o histórico das negociações coletivas no Brasil. O otimismo, porém, não se mantém quando o assunto é o desemprego. Segundo Zylberstajn, para resolver essa questão, é preciso que o País passe por um processo de crescimento econômico vigoroso, o que não parece ser o cenário de um futuro próximo.
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