Alta na inflação em fevereiro teve maior variação desde janeiro de 2017

Heron do Carmo afirma que a taxa de inflação foi de 5,20% em 12 meses, puxada pelo preço da gasolina. Cereais como arroz, feijão e lentilha sofreram variação de aproximadamente 54%

 24/03/2021 - Publicado há 3 anos
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Neste ano, desde fevereiro, os combustíveis apresentaram uma variação superior a 9%, resultando em um impacto na inflação do bimestre superior a 0,5% – Foto: Marcos Santos

Com a maior variação desde janeiro de 2017, a alta da inflação fica em 0,86% no mês de fevereiro. Em 12 meses, a taxa foi de 5,20%. A perspectiva para a inflação era favorável no início do ano, porém, além de um inverno rigoroso que afetou a produção e o preço do petróleo nos EUA e uma desvalorização cambial, houve o agravamento da pandemia do coronavírus.

Um dos principais especialistas em inflação no País, Heron do Carmo, da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade (FEA) da USP, explica ao Jornal da USP no Ar 1ª Edição que a inflação também é agravada pelas incertezas causadas na política, como a troca da presidência na Petrobras, que acarretou uma forte pressão sobre os combustíveis. Neste ano, desde fevereiro, os combustíveis apresentaram uma variação superior a 9%, resultando em um impacto na inflação do bimestre superior a 0,5%. “Então, nós tivemos uma inflação no bimestre, janeiro e fevereiro, de 1,11%, e algo como 0,5 pontos de porcentagem, resultando, justamente, do combustível. Ou seja, quase metade da inflação do bimestre é resultado de combustível”, afirma o professor.

O componente da alimentação foi outro grande responsável pelo aumento significativo da taxa de inflação no segundo semestre de 2020, a que, segundo Heron do Carmo, pode ser atribuído o efeito sobre o custo de vida das famílias mais pobres. Para essas famílias, a participação de alimentos é muito superior à participação em famílias de renda média que demandam muito mais serviços. Com relação aos combustíveis, a participação mais importante está para famílias de renda média, “então, se nós observarmos o comportamento da inflação no últimos 12 meses, para dar uma ideia do impacto que a alimentação teve sobre o padrão de vida das famílias mais pobres, tivemos alimentos como cereais – arroz, feijão, lentilha – com aumento de 53,48%, ou seja, para uma inflação no ano passado de 4,5%, nós temos uma variação de cereais de 54% aproximadamente”.

Heron do Carmo afirma que é fundamental que as autoridades, como do Judiciário e Executivo,  “não perturbem” por ações intempestivas o mercado. Segundo ele, poderíamos estar numa situação muito mais favorável do que estamos agora se, por exemplo, “a decisão de trocar o presidente da Petrobras fosse mais pensada, passasse por alguma negociação, fosse algo que não afetasse a previsibilidade com relação à ação da empresa”.


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