As abelhas são um exemplo de inseto importante para a manutenção da agricultura com a polinização. Devido a alterações no meio ambiente pela ação humana e mudanças climáticas, principalmente as do tipo melífera, produtoras de mel, sofrem grande risco de desaparecer.
Isso se torna uma preocupação à humanidade, que poderá ter sua oferta de alimentos prejudicada. O professor Eduardo Almeida, do Departamento de Biologia da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto da USP, explica que foi observado nas últimas décadas o “desaparecimento das colônias, das colmeias de abelhas melíferas, em diversas partes do planeta”.
Por que estão desaparecendo?
Almeida destaca que podem existir diversos fatores para esse desaparecimento das abelhas, como o stress gerado nelas pela atividade humana de transporte das colmeias, uso de pesticidas e outros compostos químicos, as próprias mudanças das condições ambientais. “Pode ser que existam também, associados a essas condições todas, os agentes patogênicos, como vírus e outros tipos de patógenos.” Ele prossegue explicando que “todos esses fatores juntos aparentemente formam uma síndrome que vai levar a um enfraquecimento da saúde das abelhas”.
Caso isso continue e ocorra a extinção em massa desses animais, o professor alerta que, sem as abelhas ou outros agentes polinizadores, a reprodução das plantas ou a formação de frutos de qualidade, bem desenvolvidos, seriam diretamente afetadas. “O que acontece é que os frutos ou não vão ser produzidos em grande quantidade ou vão ser de uma qualidade inferior.”
Utilização de drones
Caso acontecesse uma extinção ou redução desses polinizadores, haveria alguma saída para não perder a produção agrícola? O professor Marcelo Becker, da Escola de Engenharia de São Carlos da USP, explica que os drones do tamanho de insetos, dentre as diversas funções, poderiam realizar a polinização.
Apesar de esses drones ainda não existirem, há diversos grupos de pesquisas que estão trabalhando na sua criação. “Principalmente nos Estados Unidos, podemos falar em Harvard, MIT, na Inglaterra, em outros países europeus que estão desenvolvendo há décadas miniaeronaves, robozinhos voadores, com tamanho bem reduzido, que são muito semelhantes a insetos.”
Mas, como destaca o professor, criar um drone tão complexo, baseado em toda movimentação da abelha, necessitaria de muito investimento e tempo, o que não resolveria a questão da polinização no caso da extinção desses animais. “Teríamos que investir muito em materiais especiais, materiais que são leves e, ao mesmo tempo, são muito resistentes”, além da complexidade de se simular cada pata da abelha.
A preservação é o melhor caminho
Ambos os professores concordam que, nesse caso, é melhor preservar as abelhas ao invés de esperar sua extinção e criar tecnologia como os drones, para substituí-las.
Para Becker, os robôs devem ajudar na preservação das abelhas. “Talvez não com robozinhos abelhas, mas com outros sistemas que possam nos auxiliar a entender o que está acontecendo, fiscalizar, observar o comportamento delas.”
Nesse sentido, como enfatiza Almeida, “a manutenção das populações naturais de abelhas vai ser uma solução mais eficiente e muito mais barata do que o desenvolvimento de robôs em miniatura capazes de promover essa polinização”. É necessário encontrar primeiro todas as formas de preservar e “dar condições para os polinizadores promoverem essa reprodução das plantas, tanto nos ambientes naturais quanto nas áreas de cultivo agrícola”.
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